29.4.17

Histórias de dinheiro

Quarta parte

O amigo Casimiro negociava com o amigo Antonino a opção de compra de um determinado número de alqueires de milho, numa dada data futura, por um preço pré-determinado. Por essa opção pagava ao agricultor um valor acordado, o chamado prémio, e ficava de posse da garantia de que na data de exercício podia comprar a mercadoria, mas também podia optar por não o fazer, caso em que não exerceria a opção. Desta forma, o amigo Casimiro tinha a garantia de que o preço máximo que pagaria pelo milho era o prémio mais o estipulado no contrato, mas jamais pagaria mais do que isso, estando livre para comprar milho que na altura da colheita estivesse mais barato, perdendo apenas o valor gasto na opção.



Para além disso, a opção mantinha-se um bem transacionável, pois ele podia negociá-la com outros atores do mercado, sendo que a esperança do amigo Casimiro era de que o preço do milho fosse subindo até à data de exercício do contrato, de modo a valorizar a opção que possuía. Dizia-se que o amigo Casimiro tinha assumido uma posição longa em milho, pois tinha apostado na subida de preço da mercadoria. Do ponto de vista do amigo Antonino, um contrato de opções bem feito era aquele que garantia que o prémio fosse suficiente para fazer face a uma possível desvalorização do milho, de modo a que, se a opção não fosse exercida, ele pudesse desfazer-se da mercadoria a outro comprador, a preço mais baixo, e ainda assim lucrar.

Ao mesmo tempo que negociava a opção de compra com o amigo Antonino, o amigo Casimiro, que tinha o mister de servir de intermediário, estabelecia outro contrato de opções, desta vez de venda, com o amigo Bartolomeu em que pagava um prémio para vender em uma determinada data futura uma dada quantidade de milho por um preço pré-estabelecido. Com este contrato, o amigo Casimiro assumia uma posição curta no milho, pois garantia a venda do produto pelo preço estabelecido mesmo que, à data de exercício do contrato, o milho estivesse a um preço mais baixo. Do ponto de visto do amigo Casimiro, havia vantagem em que o preço do milho descesse, pois isso iria valorizar a sua opção de o vender mais caro. Se o preço subisse, tudo o que tinha a fazer era não exercer a opção, perdendo o prémio entregue, mas garantindo que não fazia um negócio ruinoso. Para o amigo Bartolomeu a opção garantia a compra de milho por um valor que considerasse razoável na altura do contrato. Se o preço descesse entretanto, é evidente que não fazia uma boa compra, mas também não pagava mais do que estaria à espera de pagar. Se o preço subir, deixava de ter fornecedor, mas esperava que o valor embolsado do prémio compensasse o preço que pagaria a mais.



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