9.7.16

Ponto da situação

Duas semanas out of business é dureza, mas com o mercado como se pôs depois do Brexit todo o cuidado é pouco e a sensatez aconselha a que se opte mais por gozar o Sol, ver a bola e tentar manter a cabeça fria. Como dissemos da última vez, nunca nos seduziram momentos de tão alta volatilidade e em que toda a gente parece de repente saber o que vai acontecer, apesar de paradoxalmente prevalecer a incerteza. Os chamados momentos de bolsa-casino!

Façamos um ponto da situação.

Por um lado, há os três aspetos que estão a preocupar toda a gente no que ao curto prazo diz respeito:
  • A queda da libra vai criar pressão adicional nos números da economia da Alemanha (e do resto da zona euro), coisa que já se começa a notar, por exemplo, nas encomendas industriais, embora se possa considerar excessiva uma ligação causal direta. Afinal de contas, o que o Brexit fez de mais relevante foi criar mais um concorrente de peso ao euro e vai demorar algum tempo até percebermos se a batalha económica com o RU nos vai ficar mais barata que as benesses que o Cameron tinha negociado. Até ver, a queda previsível do GBP face ao dólar está a tornar as exportações inglesas para os países que compram em moeda americana mais baratas (que o diga, por exemplo, a ABF, dona da Primark), e como o EUR não caiu nada que se comparasse, é provável que o superavit alemão venha a sofrer;
  • A subida dos metais preciosos, ouro e prata (29% e 47%, respetivamente, no que vai de ano) é sinal de take cover por parte de muitos dos mais espertos do mercado e embora se possa argumentar com fatores de diversificação em tempos de tão elevada liquidez, também não é destituído de senso imaginar que muitos se estão a precaver para dias mais negros, optando por investimentos considerados de refúgio;
  • A notícia dos fundos de investimento imobiliário que suspenderam a negociação e congelaram resgates faz lembrar demasiado o verdadeiro início da crise do subprime para ser ignorada. Em 2007, foram movimentos do mesmo género em fundos americanos que deram o sinal para bater em retirada, numa altura em que o nervosismo já era por demais evidente, mas em que ainda estávamos longe da queda do Lehman Brothers.
Por outro lado, continuamos a ter números da economia americana muito aceitáveis e, acima de tudo, a persistência de baixíssimos níveis de inflação autoriza pensar que podem ser tomadas medidas adicionais de reforço da liquidez por parte dos bancos centrais.

Pesando tudo, e contra as expetativas de muita gente, o mercado não só não se espatifou como o S&P americano esta praticamente em máximo histórico.

Assim sendo, e porque há limites para quanto conseguimos conter a ganância, não foi possível mantermo-nos a banhos e tivemos que regressar à luta nesta sexta-feira. Ainda que estejamos longe de estar convencidos, fomos a jogo pelo lado longo, mesmo conscientes da possibilidade de o S&P marcar um triplo topo bastante comprometedor (cremos, contudo, que não vai acontecer e máximos mais altos se seguirão precisamente porque havia muita gente que estava na dúvida e que agora vai acabar por ficar convencida). 

No que ao PSI20 diz respeito ainda estamos vários furos abaixo de valores que nos deixem menos stressados, mas na sexta ensaiou-se um ataque à nossa primeira resistência. Ora vejam o gráfico, onde consta toda a informação que consideramos relevante:


E em que é que entramos nós, perguntam vocês? Pois bem amigos, em que haveria de ser se não no BCP? Concordo que é uma ação de bosta, que cai uns miseráveis 50% só este ano e que provavelmente cairá mais até dezembro, mas que aquela liquidez e o comportamento tantas vezes tão previsível fazem com que seja um regalo para quem gosta de emoções fortes disso que não haja dúvidas! E vejam lá a que pontos chegamos: fomo-nos a ele numa nesga de rede móvel em plenos passadiços do Paiva, enquanto apreciávamos a paisagem e recuperávamos o fôlego, só porque o vimos quebrar em alta o nosso valor de referência. E o patego cumpriu!


O plano que se segue é muito simples. Atenção à EMA21 (linha amarela) que já não é quebrada em alta e de forma consistente há imenso tempo, e depois aos 0,022. Para baixo, há margem para o aguentar até aos 0,0173! Depois, over and out


E amanhã temos franciú para o jantar, com um bordeaux a acompanhar e campanhe no fim! Como diz o outro, se perdermos... que se foda!

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