28.1.15

O homem enforcado

Apenas um post didático para fechar o dia.

De acordo com os mandamentos da análise técnica, o DAX fez hoje uma vela que os nossos amigos brasileiros chamam de homem enforcado, que é uma figura em forma de martelo que costuma sinalizar inversão de uma tendência de alta. A confirmação pode chegar amanhã com um fecho em queda. E numa possível correção estamos a olhar para os 10450 em primeira instância, mas parece-nos razoável admitir um movimento até aos 10000 pontos.

Ponto da situação

O PSI20 corrigiu como era inevitável que corrigisse e mantemos que pode encontrar suporte num dos pontos que indicamos no post anterior. 

Um desses pontos é a EMA9 que foi, curiosamente, o mínimo do dia de hoje (gente atenta, foi a jogo). Se tivermos uma correção de muito curto prazo por aqui deve chegar e vamos subir amanhã. Se a correção for mais expressiva vamos à zona dos 5060 pontos, onde os muitos que se guiam pelas médias móveis se vão sentir tentados a deitar uma mão e amparar a queda. Na possibilidade de uma quebra temos os 4900 como derradeiro limite antes de voltarmos à cepa torta. Quebrou: queimou!

Francamente, digo-vos desde já que não me acredito que a queda vá ficar por aqui. Dá a ideia de que o mercado está filado em que o Tsipras seja um fulano razoável e venha às boas com mais ou menos cedência. Mas o que estes 3 dias de governo grego nos estão a dizer (e o mercado ateniense não desmente) é que a parada está de facto muito alta e a Grécia do Syriza vai ser intransigente na defesa daquilo que é o programa do governo doa a quem doer e custe o que custar. Para se perceber melhor o que está em causa, em vez de ouvirmos analistas tenrinhos opinar sobre o certo e o errado como se fossem verdades absolutas, recomendo-vos que vejam esta curta entrevista do Joseph Stiglitz. A propósito, digam-me se a forma como a Grécia se colocou hoje ao lado do Putin nas sanções que a UE quer aumentar não é de craque! Francamente, estes dois dias de Tsipras já me chegam para perceber que, para o mal ou para o bem, mudar vamos de certeza. E os mercados não costumam gostar muito de grandes mudanças...

Evidentemente, temos o plano do BCE, mas essa notícia já lá vai longe e é provável que os que alocaram dinheiro aos mercados por antecipação moderem os ímpetos à espera de ver onde param as modas.

Uma palavra para a banca lusa que está a passar por um mau bocado. 

O BCP esparramou-se feio e o gráfico é elucidativo. Vemos suporte na base do canal no intervalo 5,4-5,8 cêntimos. Se nem a aproximação do PSI20 à resistência, nem o plano BCE o animou, quem somos nós para acreditar que o trengo acerte o passo agora? Arrenega!


O BPI nivela pela mesma bitola: fujam dele, mesmo que os resultados agradem. É que não nos vale de nada andar a contrariar quem mais pode: e esses estão vendedores! Diríamos que hoje houve quebra de suporte (embora não discutamos com quem disser que ainda se pode salvar). O fecho em mínimos e o volume crescente é que não nos deixam descansar e fazem-nos acreditar que a ida aos 70 cêntimos não parece descabida. A conferir mais tarde!


É incrível como estas coisas na bolsa são tão voláteis e tão depressa passamos de uma situação em que a quebra de resistência nos pode projetar para altos voos para um cenário em que já estamos a pensar na validade de suportes. É assim mesmo: talvez amanhã tudo mude outra vez e tenhamos uma aproximação à resistência. Se assim for, voltaremos a falar!

23.1.15

PSI20 na resistência

Semana encantadora nos mercados e, com o alto patrocínio do BCE, tivemos enfim aquilo a que fizemos referência aqui (mais de 10% de subida no que vai de ano e 14% desde os mínimos no que ao PSI20 diz respeito). 

No final, contra o nosso prognóstico, até a PT ajudou à festa e foi mesmo a medalha de ouro da semana (deixá-la fugir acabou por constituir o momento negro semanal, mas não faz mal: o mercado é generoso nas oportunidades que fornece).

O PSI20 acabou a semana a embater com estrondo contra a grande resistência dos 5350 (foi mesmo o máximo do dia) e acusou o toque. O estado de sobrecompra do índice e a anemia da banca (BCP e BPI a braços com problemas diferentes, mas ambos preocupantes) acabaram por tirar o gás e a coisa só não deu para torto porque o BCE foi tão mais ambicioso no programa que apresentou que nem deu hipóteses para sell on the news nos principais índices europeus (no final, toda a gente acabou a marimbar-se para os gregos). No semanal (gráfico 2) o PSI20 fecha justo na EMA de 21 períodos, sendo que, habitualmente, uma quebra ascendente dessa linha tem levado o índice a ficar acima dela, no mínimo, meio ano (ainda não quebrou, embora a linha tenha invertido para ascendente (verde), o que necessita de confirmação no final da próxima semana!). 

Gráfico 1 - Diário
Gráfico 2 - Semanal
Manda a sebenta que nos primeiros dias da próxima semana tenhamos consolidação do movimento, de modo a mais tarde podermos enfrentar a quebra da linha vermelha no gráfico diário e quiçá a EMA21 no semanal. Traçamos uma linha de tendência ascendente de curto prazo que, por ser muito inclinada acaba por perder validade, mas que nos pode dar um ponto de aterragem de uma correção suave (5240 a valores de hoje). Duvidamos que se fique por aí e julgamos mais credível um recuo até aos 5090 (EMA9) ou 4970 (EMA21). Uma quebra em fecho dos 4900 entorna o caldo. 

Se resolver subir, com derrube dos 5350-5400 vemos subida em marcha forçada até aos 5750. 

Entretanto, na próxima semana começa a época de resultados anuais e duvidamos que haja muitos interessados em se atravessarem antes de ser mostrado o apuro dos negócios.

Como também nós temos fim-de-semana de Violeta por cá, mais não poderemos fazer por vós nos próximos dias. Fiquem bem!

Atenção à Mota

Ontem postamos sobre cavalos e os mais desatentos até poderiam pensar que este é um blogue de cavalgaduras. Não é e, se nos derem a escolher, é garantido que aos solavancos de uma montada preferimos o speed de uma acelera. Cavalitos só para correr a pradaria num baita bull market (como faziam os caubóis de antigamente) e, mesmo assim, antes de mota. É que as motas também dão para sacar cavalos e o motor também os tem (é evidente que agora já estamos a exagerar nos trocadalhos; nota-se que a vida nos anda a correr bem!).

Adiante!

Mota temos uma no PSI20 e, por sinal, é das poucas que ainda não ativou o já famoso duplo fundo que anda a catapultar isto tudo para cima. A Mota não ativou mas a fechar nesta zona, ou daqui para cima, é hoje que o faz. Se ativa é coisa com projeção da ordem dos 50 cêntimos, ou seja, apontamos para a zona entre os 3,5 e os 3,6. Se as médias móveis cruzarem é mais um tónico que também não nos desagrada. Vale, pois, a pena verificar!


A Mota Engil é das empresas mais endividadas do PSI20 e tem pago caro por esse estado de coisas. Agora, perguntamos nós, como quem não quer a coisa: com a injeção de liquidez fresca na banca o que vai suceder aos empréstimos dos grandes clientes? Quem respondeu: vão ser melhorados, acertou! Agora é só esperar que o mercado ache o mesmo!

Claro que, com o PSI20 encostado à resistência-mor isto pode dar tudo para torto e o motor abafar. Se assim for, é questão de esperar por nova oportunidade! 

22.1.15

E agora...

Mergulhados em trabalho até à ponta das orelhas, mal temos tido tempo para admirar o  desempenho dos cavalinhos que botamos para correr nos mercados. Verdade que não tem sido necessário porque o senhor Draghi, em quem se pode confiar cegamente, cuidou deles com todo o carinho e alimentou-os à base de dinheiro fresco, de maneira que vão sorridentes e larocas a toda a brida, e é um gosto vê-los pular resistências como se fossem montadas de alta competição.


Todos aqueles que gostam dessa arte sangrenta que é a tourada sabem que, antes do touro saltar para a arena, sai o cavalo que dá umas voltas só para se exibir e colher os aplausos da multidão. Depois, quando o touro aparece, ao cavalo não resta outra solução que não seja a de correr a galope, de modo a não ser atirado rumo à estratosfera. Não sei se me entendem, mas eu gramava ver os meus pequeninos voar! E com o BCE a preparar-se para entregar aos mercados mais de 3000 euros para cada um de nós, mau será se não tivermos tourada à moda antiga nos próximos tempos.

Entretanto, o nosso amigo Natércio da Conceição, cético como de costume, vem perguntar-nos que efeito podemos esperar nos mercados de uma medida de produção massiva de dinheiro eletrónico como a que foi anunciada pelo BCE. E pede-nos que sejamos muito sucintos na nossa resposta porque muito francamente não está para aturar o nosso amor pela língua portuguesa. Postas as coisas nesses termos, só nos resta responder de forma gráfica. Abaixo colocamos o dito do S&P, onde marcamos a tracejado as datas em que foram anunciadas as 3 últimas doses de QE pela Fed. Analisai.


18.1.15

NOS

Uma das empresas com melhor aspeto técnico do PSI20 é a NOS. 

Se se confirmar que o índice tem unhas para uma aproximação aos 5350 pontos, não vemos por que não há de a ação tentar quebrar os máximos do ano passado nos 5,65.

Embora, por nós, nada tenhamos a opor a uma quebra ato contínuo, gostaríamos mais de a ver corrigir até à zona dos 5,30, para ganhar balanço que lhe permita entrar definitivamente em terreno que é virgem desde 2008.

Do ponto de vista fundamental, estamos em crer que o haraquíri da PT é mais do que suficiente para manter a ideia de que os resultados poderão florescer nos próximos tempos.


A nossa visão para o Dax

Apostamos num duplo fundo na zona dos 9400, com ativação na sessão de sexta-feira e projeção na zona dos 10450-10500.

Suporte de curto prazo na zona 9950-10050.

Com a ótima reação do S&P no fecho de semana, os futuros alemães bateram os 10300. 

Amanhã não há América e esperamos que durante a semana também não haja outro cisne negro ao estilo suiço. Se assim for, mandava a lógica que tivéssemos uma aproximação ao alvo na 2ª e na 3ª feira. Uma lateralização na 4ª. E uma correção na 5ª e na 6ª, a digerir os resultados da reunião do BCE (esperemos que com sell on the news e não com desilusão) e a antecipar a vitória do Tsipras na Grécia. O problema é que na bolsa (como na vida) a lógica é ditada pelos acontecimentos e não o contrário.

17.1.15

A perspectivar uma boa semana, nos índices, reunimos com um grupo de amigos para partilhar opiniões. Não jantamos frango, mas a conversa foi acerca de galinhas.... Não sabemos é se serão de ovos de ouro. Bons negócios

16.1.15

A minha história do dia de ontem

Grande semana nas bolsas europeias com um tímido máximo histórico no Dax, justamente ao cair do pano.

Mas para quem a semana correu mesmo bem foi para a esmagadora maioria dos suiços, que vão ficar varados com a descida de preços, nos países à volta, quando agora forem às compras com os seus francos atestados de viagra. Já agora os nossos compatriotas portugueses que estão na Suiça e são pagos em francos também devem andar todos contentes, a não ser que tenham tido a fraca ideia de terem trocado os francos por ações da bolsa de Zurique. Enfim, o jogo do costume, ainda que a jogada do banco central helvético tenha sido tão inesperada que provocou sorrisos rasgados e tristezas de falidos a uma taxa que é pouco habitual.

E agora conto-vos a minha história de ontem, porque vem a propósito, é engraçada e tem um caráter didático.

De manhã, estava todo filado na ida do Dax a máximos históricos e acabei por cometer a excentricidade de reforçar a posição longa no índice, ficando com uma exposição que, se fosse à noite, já não me deixaria dormir como eu gosto, quentinho, sossegadinho e de um sono só. Nessas condições, só um louco deixaria a roda rodar sem um stop loss e eu meti-o lá, a um valor que me parecia suficientemente confortável num dia que tinha tudo para ser de subida limpa - ficou pouco abaixo dos 9850. Digo-vos já que não costumo usar stops automáticos, porque dói-me de mais ser stopado sem ter uma palavra a dizer, mas quando os afazeres profissionais nos impedem de acompanhar a jogatana e o risco está ao nível do tudo ou nada, ficarmos ressabiados por sermos stopados de forma indecente deve ser encarado como enfeite no risco total.

E lá fui ganhar o pão para pôr na mesa.

Já no final da manhã há um amigo que me diz que o BCP já está a levar no lombo 4% por causa de uma tramóia qualquer que os suiços armaram. Má onda, pensei! Talvez o BCP não seja o Dax e o stop ainda não tenha entrado. Mas não! Vou ao smartphone e vejo que o caldo entornou feio e o índice alemão está nos 9820. Carai! Mais valia pegarmos numa marreta e irmos partir pedra, que nos cansávamos menos. Ainda por cima, o animal torrou-me o stop por pouco, num típico caso de asnus/casus.

Sem tempo para ver o que tinha aprontado aquela gente rica e cheia de coisas boas (mas sem mar), que tem uma bandeira que faz lembrar uma equipa de socorristas, lá me compus como pude e voltei aos meus afazeres profissionais.

Mais um intervalo e retomo o Dax para ver se o stop tinha valido a pena. Nada! Dax acima dos 9900, outra vez a caminho de máximo histórico. Malapata! Que fazer? 

Olhem, fui a jogo outra vez, um homem tem este vício no corpo e, ainda que saiba que a perda provoca dor, deixa-se inebriar pelo doce sabor de ganhar dinheiro sem trabalhar. E fui sem stops, atirei-me para a frente do bicho, numa de, ou isto faz o que eu acho que deve ser feito, ou escangalho-me todo. Mesmo à tuga: ou é para ganhar ou é para aleijar (lembro-me de ter lido na História trágico-marítima que os navegadores portugueses da carreira da Índia traziam o barco tão cheio de especiarias que só por milagre não naufragava: se chegassem cá ficavam ricos; se não... Era tudo ou nada!). E lá fui dar mais uma aula cheio da genica que só o medo nos consegue injetar.

Só vi em que deu a minha aventura ao final da tarde quando cheguei a casa. Surtiu efeito e cá vou eu embalado em ganhos engraçados com o Dax no coração!

Mas a história não acaba aqui. É que o Dax ontem não caiu pouco abaixo dos 9850, onde eu tinha o stop. De facto, caiu, numa questão de minutos, até aos 9580 pontos, uma perda de cerca de 250 pontos em relação ao preço médio da minha posição. Só ao fim do dia soube disso e foi quando verifiquei que, se não tivesse colocado o stop, tinha visto a minha posição fechada automaticamente quando o rapaz estava nos 9600. E então, sem fundos na corretora, já não teria tido possibilidade de recuperar, a não ser que reforçasse o capital! Daaaax!

14.1.15

Vamos subir? A PT não deixa!

Graças ao volteface na JMT o PSI20 foi beijar a primeira resistência que tínhamos marcado no gráfico, ficando claro que, por ele, a decisão está tomada: o caminho fazia-se já rumo aos 5350, deixando para trás a hipótese de se mergulhar até ao suporte 1000 pontos abaixo. Julgamos que, em condições normais, esta mini-barreira nos 4900 não seria obstáculo à altura de um índice que tem, quer queiramos quer não, diversas ações a implorar por subidas.




O problema do PSI20 é que esta subida peca por tardia e apanha os americanos claramente em dificuldades. Aquele lower high que apontamos aqui há dias foi sintoma de que algo de profundamente errado se estava a passar com o S&P e um fecho hoje abaixo dos 1994 pontos coloca o índice americano a caminho dos 1815: parece muita queda para que o nosso pequenote aguente a bucha, dizemos nós.


Mas pode ser que o S&P ressalte e volte para cima, ou que o programa do BCE puxe pelas ações europeias, mesmo com os americanos anémicos.

O problema é que nós não nos podemos esquecer de que o PSI20 tem uma doença grave chamada Portugal Telecom que, ou muito nos enganamos, ou se vai transformar num outro cancro como foi o BES. 

Não sabemos se os nossos amigos ouviram a notícia de que a Oi tem 2000 milhões de euros enterrados na PT? 

Também não sabemos se leram que um alto quadro da Oi afirmou que o adiamento de 10 dias da AG da PT é administrável por parte dos brasileiros? 

Que a Oi aguenta 10 dias sem vender a PT Portugal! 

WtF! Aguenta 10 dias?! 

Meus caros, a Oi está para lá de fodida! A Oi está à beira de fechar portas e a única salvação que tem é vender a PT Portugal! Não se trata de uma opção, nem de um negócio! Trata-se de sobrevivência! E se têm dúvidas, vejam isto! A Oi caiu 50% num mês! Se isto não é uma empresa falida, está-se a esforçar por parecer! E a PT meteu-se neste barco e agora está falida também, porque está atada com 2000 milhões de cordas bem grossas! Puta que pariu! Desculpai!

12.1.15

Notas soltas

Curiosa a divergência de hoje entre os americanos e os europeus. Estaremos a começar a ter transferência de recursos do lado de lá para o de cá? Estará tudo filado no QE do BCE?

Entretanto, tivemos a Grécia quase 4% up. Provavelmente, o povo está a pensar que não vai haver Governo ou que é possível a formação de um governo com maioria ao centro, mesmo que o Syriza ganhe!

Por outro lado, o fiasco na PT está a torrar mais 15% na cotação da Oi. A PT está a valer 643M€ e a posição que detem na Oi vale 475M€. Há 168M€ de diferença que correspondem à esperança de receber pataco do BES mau somado à esperança de que a fusão se desfaça. Parece demasiada esperança e pouca sustança, mas os mercados saberão melhor!

11.1.15

CTT

E agora, se quiserem ganhar dinheiro!



Os CTT passaram o ano de 2014 dentro de um intervalo de 1 euro entre os 6,8 e os 7,8. A quebra em baixa da base em outubro (quando se falou da possível entrada no belo negócio da PT), ao contrário do que seria o pensamento inicial, foi o tónico que faltava para subir com força suficiente para estoirar com o topo e dar sinal para nós entrarmos. Foi tarde, mas enfim, dos 8 aos 8,4 já vão 5% para o saco e chatices zero. É isto a bolsa. 
 

Entretanto, acabou a semana não só a marcar máximo histórico mas também a cabecear contra o topo de um canal de curto prazo que pusemos no gráfico e, embora esteja em situação de sobrecompra, não excluímos uma quebra. Uma vinda cá abaixo à zona dos 7,8-8,0 era ainda mais saudável, pois aliviava indicadores e colocava no título novos carteiros que, numa empresa que tem dado poucas razões para susto, não estariam à partida vendedores ao primeiro achaque. Como gostamos de manter a visão simples limitamo-nos a copiar o retângulo anterior para cima e fomos ter ao número redondo de 9 euros, onde poderá estar o alvo de primeira instância da subida. 

Do ponto de vista fundamental, não sei se já repararam no crescimento exponencial que se está a dar no comércio eletrónico no nosso país, com a multiplicação de empresas de compras coletivas desde o segundo semestre do ano passado. E quem está melhor colocado para entregar as encomendas, se não a empresa nacional de correios? É o nosso palpite e não somos contabilistas, mas não cremos ser de excluir, a breve prazo, lucros de mais de 100 milhões nos CTT, pelo que a valer 1200 milhões (cotação atual) a empresa é um achado. 

Uma última nota para o murmúrio abafado que vai brotando da boca dos menos experientes e que se ouve perfeitamente daqui. Estais inquietos e a coçar o cu por estarmos a comprar ações de uma empresa que só têm subido em vez de apanharmos pechinchas bem mais baratas. Pois bem, aprendam que é para isso que nós aqui estamos. Na bolsa, a regra geral é seguir a tendência, pelo que devemos sempre comprar o que está a subir, desde que essa subida tenha subjacente motivos que possamos compreender. Evidentemente, se a tendência do mercado, como um todo, inverter vamos ter que retirar dinheiro destes cavalos para passar para outros que se apresentem mais frescos para galopar na subida. Na bolsa não há caro nem barato; há subida e há descida. Ah! E há tendência!

AG da PT

Pelos vistos amanhã vamos ter mesmo AG da PTSGPS para decidir a venda da PTPortugal à Altice.

Ao princípio, falou-se de fusão PT/Oi e eu lembro-me de ver o Ricardo Salgado todo pinoca com a possibilidade de o negócio fazer a cotação da PT subir e bem! Isto passou-se quando a CGD vendeu a posição que tinha na PT acima dos 3,5 euros e o do BES manifestou estranheza por o banco do estado se estar a desfazer de tão grande acepipe. A verdade é que nem o Salgado sabia verdadeiramente do que estava a falar, nem os da Caixa venderam porque se aperceberam que o negócio era fraco. A verdade, verdade é que isto anda tudo em piloto automático e mais coisa menos coisa nas mãos da sorte.

Claro que nós quando vimos a PT transformada em piedrita rolante percebemos que o negócio era tão fedorento como têm sido todos os negócios vindos do Brasil (uma vez, já há muito tempo, perdemos 15% num dia por causa da jogada brasileira da Jerónimo Martins e a coisa serviu-nos de escarmenta. Arre!). Entrar na PT só com a OPA da Isabel e da forma que já tivemos oportunidade de explicar.


Agora que estamos prestes a consumar a tramóia percebe-se bem a verdadeira obra que foi criada pela genial dupla Granadeiro/Bava. Em suma, a negociata é assim:

A PT vende a operação portuguesa e com o dinheiro paga a totalidade da sua dívida, sobrando trocos. A Oi realiza um aumento de capital para entregar uma participação à PT. De uma assentada, a PT passa de empresa líder em Portugal para reles subordinada, com uma posição de 26,5%, de uma empresa de 3ª categoria desse mercado eternamente promissor que é o Brasil! De caminho, os ases da gestão que elaboraram tão sábia manobra ainda arranjam tempo e cacau para acudir ao BES. Hilariante. O cómico do negócio é que não se percebe a quem é que a jogada convém, porque mesmo os brasileiros ganharam um acionista a quem entregaram ações novas e que acabará tão desmoralizado que nem valor acrescentado poderá trazer. Não andaremos longe da realidade se afirmarmos que deve ter sido o pior negócio de toda a gloriosa história do capitalismo mundial! Mais uma vez, o nosso país a contribuir para a ilustre lista dos melhores do mundo.

Mais PSI

No PSI20 mantemo-nos atolados na caca do urso, mas ainda agora começamos o ano e não nos vale de nada pormo-nos com histerias. Contrariamente ao que chegou a ser aventado como provável, o bicho aguentou o impacto da quebra dos 4700 e não se esbardalhou logo até ao suporte seguinte bem mais lá para baixo. Talvez a perspetiva de um derradeiro duplo fundo tenha sortido efeito, ou então, mais do que aspetos técnicos, prevaleceu a hesitação da maioria entre um cenário de tragédia grega e o quadro de bom humor pintado pelo presidente do BCE. Seja como for, balançamos numa alegre volatilidade entre o medo e a ganância, sempre a descer e ainda sem sinais de inversão.

A propósito de BCE, na semana que hoje começa vai-se conhecer o veredicto do tribunal europeu sobre  a viabilidade de um programa de compra de dívida pública, pelo que se poderá ficar a perceber um pouco melhor com que tipo de medidas poderemos vir a contar.

Voltando à vaca fria, agora que estamos abaixo dos 4700 o que mais gramávamos era que fóssemos rapidamente até aos 4400-4450 (com licença de quem está dentro: a devida vénia!), para que se esgotasse de uma vez esta atração hipnótica com que toda a gente está por esse patamar. Não sei se a maioria nos acompanharia, mas garantimo-vos desde já que se o PSI arriar até esse suporte quem faz o gosto ao dedo e se põe a comprar, como se o peixe fresco fosse esgotar, é este que daqui vos manda postas. Eis o esquiço:


A zona dos 4450 é praticamente mínimo histórico e num primeiro assalto vai amparar a queda, nem que venha um asteróide do tamanho da Lua em rota de colisão com a Terra. Compra às cegas. Se lá encostar, o PSI vai ressaltar como se batesse numa mola até aos 4700 no mínimo (5300 a correr bem), porque vão aparecer cientistas a dizer que, apesar de o asteróide ser grande, há sempre a probabilidade de aparecer um asteróide ainda maior que embata contra ele e o desvie do nosso planeta. Depois do ressalto, o índice voltará para baixo quando se perceber que o cometa ainda maior apareceu, mas também está em rota de colisão connosco. Nessa altura, lamentamos, mas nem um suporte tão potente aguentará uma segunda investida. Ficção científica? Sim, mas só a parte dos asteróides!



Entretanto, com os 4450 tão perto (5% de despenque) pode ser que comecem a aparecer os mais impacientes na entrada e haja suporte adicional ao índice e, quiçá, ressalto antes de tempo!

Disciplina

Teoricamente, negociar em bolsa é fácil até dizer chega e não há nenhum de nós, por mais artolas que seja, que se possa assumir como incapaz de extrair cacau dos mercados. Na prática, porém, acabamos por deixar dinheiro espalhado por tudo quanto é canto e deixamos fugir oportunidades de triunfar como se o guito não nos fizesse falta absolutamente nenhuma! E tudo isso acontece porque, por natureza, somos animais indisciplinados como o diabo. Literalmente falando. Trata-se, pois, de um problema de disciplina, que não se resolve à força de cavalo marinho (como estavam em crer os nossos pais e avós), mas trabalhando a atitude mental. É por isso que precisamos de estudar o mundo para melhor conhecermos a nossa mente: é que uma coisa é olhar para os gráficos e identificar oportunidades e outra muito diferente é agir em conformidade, com frieza e, lá está, disciplina.

Um caso para ilustrar.

O nosso índice favorito para negociar é o S&P. Para além de ser um índice muito abrangente e diversificado, é o mais negociado do mundo e, por isso, é bastante certeiro do ponto de vista técnico. 

Aqui há dias, negociava o S&P a descair desde máximos históricos, postamos uma análise em que dissemos que uma quebra do suporte dos 2040 levaria o índice à base do nosso canal. Entrada curta na quebra dos 2040. Na base do canal, a probabilidade de ressalto é boa. Venda curta e entrada longa. Quebra a base do canal: fecho longo com corte de perdas e entrada curta. Reage para cima deixa correr os lucros estando atento a um possível lower high. Lower high: fecho longo e espera.


Teoricamente, portanto, é só faturar. Na prática... foda-se!

Agora, também é fácil. Na 2ª feira cai e quebra outra vez os 2040. Curto. Falha e retoma os 2040 no dia seguinte: fecha-se. Base do canal. Fecho curto. Quebra: curto. Ressalto: longo. Amanhã sobe e fecha acima do fecho de 5ª feira. Longo, com possível ida a máximos. Cenário mais provável teórico: o primeiro. Lower high confirmado amanhã e S&P a ficar com mau aspeto. Na prática: espírito aberto.

Agora, é só negociar. Bons negócios!

8.1.15

Somos todos Charlie

Por muito que nos apeteça falar hoje de bolsa, e não falta assunto para tratar, não podemos deixar passar em claro, nós que somos dos que usamos incondicionalmente o direito à opinião por que tanto lutaram os nossos ascendentes, os terríveis acontecimentos de ontem em Paris.

Na Europa do início do século XVII, não faltava quem pagasse com a vida quando a expressão de uma opinião sobre determinado assunto se desviava dos cânones estabelecidos pela maioria ou pela hierarquia dos todo-poderosos.

Durante imenso tempo foi matéria de fé a convicção inabalável de que a Terra se encontrava no centro do Universo. Não só todas as evidências observacionais levavam a essa conclusão lógica, como resultava absolutamente herético conceber um Deus que pudesse colocar a sua mais preciosa criação, nós, noutro local que não o centro absoluto. Desdizer a centralidade da Terra, era, para além de consumada loucura, ato de rebelião contra a fé e a sapiência divina e qualquer palavra dita nesse sentido costumava custar horrores e por vezes a morte.

E foi preciso um homem, Galileu Galilei, munido do seu telescópio caseiro, descobrir luas em Júpiter*, faz hoje 405 anos, para que o Homem se libertasse da tirania dos que se acham donos da verdade e pudesse pôr em prática aquilo que os assassinos de ontem querem de novo abafar. 

E não é por acaso que as descobertas de Galileu marcam também a inauguração da Ciência moderna. É que só quando é livre de se expressar é que o Homem atinge a plenitude das suas capacidades intelectuais e consegue tornar humano o que os escravos da palavra consideram divino. Se os assassinos intolerantes vencerem, Galileu sairá derrotado e voltaremos todos para a idade das trevas e da selvajaria. Que não haja concessões, nem medos, porque o que está em causa é aquilo que conquistamos de mais precioso.

Hoje, tal como ontem, e sempre também NÓS SOMOS CHARLIE!




*As luas de Júpiter rodam em torno de Júpiter e não em redor da Terra, pelo que, do ponto de vista das luas, a Terra não está no centro.

4.1.15

PSI20

Há um ano atrás não faltavam analistas a considerar a Ibéria como uma zona a privilegiar na alocação de investimentos para o ano de 2014 e havia mesmo quem considerasse Portugal como o destino predileto e uma das possíveis boas surpresas em termos de rentabilidade. Não admira, por isso, que a média dos preços-alvo das casas de investimento para as ações nacionais, a atingir no final do ano, trouxesse implícita uma valorização de cerca de 20%. Os argumentos dos espertos eram razoáveis e simples de entender: depois de 3 anos de ajustamento ao toque de caixa marcado pela troika, o país parecia dar boas indicações de que estava finalmente no caminho de um crescimento sustentável. Para além de um recuo do desemprego, de algum crescimento económico e de uma trajetória favorável da balança comercial com o exterior, existiam fortes indícios de que o essencial do acordado no programa de resgate financeiro seria cumprido de maneira a que o país pudesse estar livre da alçada dos credores internacionais no prazo previsto. Com ou sem programa cautelar era algo que estava para saber, mas a descida sustentada do prémio de risco e das yields das obrigações da república no mercado secundário deixavam antever que a missão essencial seria cumprida.

Há um ano, o PSI20 arrancou nos 6560 pontos, depois de uma subida de 16% no ano anterior, a taxa de juro implícita nas obrigações a 10 anos estava nos 6,5% (com um prémio superior a 6 pontos percentuais relativo às obrigações alemãs), o preço dos CDS para cobrir o risco da dívida nacional colocava-nos no 7º lugar entre os países mais arriscados do mundo e já havia notícias de problemas graves no BES e de inevitáveis aumentos de capital em outros bancos por conta dos testes de stress. Entretanto, o euro valia 1,3770 dólares, o petróleo era importado quase ao dobro do preço a que o compramos hoje e qualquer plano do BCE para intervir nos mercados de uma forma mais arrojada era encarado como uma possibilidade longínqua e de último recurso. O desemprego estava acima dos 15%, havia nuvens negras sobre o orçamento de estado, e risco real de queda do Governo.

Uma cantiga para digerir melhor o que aí vem (Once I wanted to be the greatest, e então veio a enxurrada da realidade and melt me down; agora descanso for the later parade):


Agora, o PSI20 arranca nos 4850 pontos, 26% mais barato que no início de 2013 e, embora cerca de 11 pontos percentuais dessa queda correspondam ao desaparecimento do BES, há empresas 70% mais baratas que há um ano atrás, e apenas as três firmas ligadas ao papel (incluímos a Semapa) e as 3 que laboram na produção e distribuição de eletricidade estão mais caras. A queda anual do PSI20 só foi batida pela dos russos, que foram alvo de sanções económicas e vítimas da queda da principal fonte de receita do país, mas foi maior que a da ainda destroçada Grécia, da radicalizada Hungria ou da dividida e falida Ucrânia. 

Entretanto, a troika foi-se sem cautelar e os juros desceram para mínimos históricos, o desemprego baixou e nota-se que a criação de empresas segue a bom ritmo, as exportações continuam pujantes, o consumo dá sinais de retoma sem beliscar as taxas de poupança, o turismo bate recordes (Lisboa ombreia com Madrid em número de dormidas e o Porto transformou-se no destino da moda), a banca parece mais saneada e começa a ficar claro que a solução encontrada para o BES foi a menos má entre o cardápio disponível, o crescimento económico tem razões para se reforçar com as quedas simultâneas do euro e do petróleo, finalmente parece haver mais gente a contribuir para o financiamento do país, fruto de ajustes no controlo fiscal e uma maior consciencialização dos portugueses para a importância de todos participarem, há a sensação de que o combate à corrupção se tornou mais sério e é possível que, estritamente dentro do mandato do BCE, tenhamos um QE europeu que despeje euros nos mercados.

Incrivelmente, porém, as mesmas vozes que há um ano atrás gritavam compre-se, agora recomendam cautela e aconselham os investidores a optarem por procurar investimentos menos arriscados que as ações nacionais. Cada um de nós intuitivamente crê que é melhor analisar outros mercados e procurar alternativas, em vez de investir no malfadado PSI20, cheio de empresas endividadas e mal geridas. Psicologicamente estamos tolhidos pela descrença e afundados no pessimismo criado por um ano historicamente difícil. 

Agora, qualquer facto novo é sempre analisado pelo lado mais sombrio e estamos sintonizados no efeito negativo. A mesma chusma de analistas da treta de há um ano atrás volta a inundar-nos os ouvidos das mesmas ideias feitas que nunca resultaram e que só fazem perder dinheiro aos que os seguem (os tais 90 e tal por cento que torram dinheiro nos mercados), chegando ao ponto de o ridículo se tornar hilariante. Exemplo disso é a análise que dita que a queda do preço do petróleo pode não ser tão boa quanto isso porque prejudica as exportações para Angola. Foda-se! Então queremos que o petróleo suba para exportarmos mais para os angolanos? É bom ter o petróleo a 150 dólares, mesmo pagando o gasóleo a 2 euros, porque vamos exportar mais para os nossos amigos de Luanda? É esse o raciocínio? Ou é uma coisa mais suave, do tipo a descida do preço do petróleo é boa mas tem defeitos?! Foda-se outra vez! Há quem diga que até o paraíso celeste tem defeitos, quanto mais a descida do petróleo! Só falta dizer que a queda do euro, com o petróleo a cair também tem bicho! Mas é este precisamente o tipo de raciocínio típico de um bear market. Coisas do tipo: ah, a empresa está com um PER de 5 e desceu 70% num ano, mas eu não lhe toco porque está cara pa caralho e os analistas aplicam-lhe um price target de metade. O BCP, para darmos um exemplo, a 14 estava barato e os da Blackrock fizeram uma aplicação de génio (estávamos todos bull), mas a 7 está caro, seis meses depois, pura e simplemente porque ficamos bear. A mente humana é foda! Já há quem diga que vai aos 3 cêntimos e, se assim for, continuará a descer até ficar com valores negativos! São os efeitos da deflação que o BCE tem que combater!

Notem que nós não estamos a dizer que o PSI20 vai subir, até porque o medo entranhou-se na mente da massa dos investidores e não há nada mais difícil de eliminar da nossa mente que o medo. É algo que nos foi imprimido nos genes por milénios de convivência com predadores nas savanas. O que queremos dizer é que ninguém ganha dinheiro na bolsa a ouvir o que a maioria tem para dizer, pura e simplesmente porque a maioria anda a ouvir-se a si própria e fala em circuito fechado. O importante é que tenhamos a consciência de que é em períodos de transição bear/bull market que fazemos grandes negócios e arriscamos arranjar a nossa vida. E esses períodos de transição nunca vão ser anunciados pelos analistas nem comentados entre a multidão. Se estivermos à espera disso, o mais provável é que entremos no mercado quando a maior parte dos que ganharam dinheiro já estejam de saída!

Honestamente, embora já se vejam muitas vozes de desprezo saudável pelo PSI20, imensos sinais de descrença na nossa bolsa e andem no ar as tradicionais visões pessimistas sobre tudo, ainda não temos a certeza de já termos atingido esse tal ponto de inversão. Tememos que o mercado necessite de uma vinda cá abaixo à zona dos 4400 pontos para capitular em definitivo, e que seja necessário um período de pousio para que se possa assistir a um regresso às subidas:


Evidentemente, persistem os desafios e nem precisávamos de ouvir a mensagem de ano novo do nosso presidente para saber que, no geral, continuamos pouco acima da caca e só nos vale este magnífico céu azul:


No curto prazo, contudo, cremos que poderá haver espaço para subir. Por um lado, podemos ter a tradicional entrada de fundos de início de ano (e os fundos, depois da debandada do ano passado, vão ter certamente trabalho para refazer uma carteira lusa que se veja). Também parece ter havido, nos últimos tempos, uma maior dificuldade dos ursos em fazer cair as cotações, tendo sistematicamente encontrado compradores que ampararam o tranco e evitaram a debacle até ao tal suporte à volta dos 4450 pontos. A avaliar pelo comportamento dos juros da dívida, parece haver indicações de que o efeito BCE se prepara para ofuscar as eleições gregas, estando por ora afastado um cenário de contágio de uma situação de incumprimento (como poderia acontecer há 2 anos atrás). Em última instância, uma vitória do Tsipras pode até trazer vantagens para o nosso país, se os nossos souberem e quiserem aproveitar as cedências camufladas aos gregos que com mais ou menos azedume se terá que fazer. Como dizia Bismarck, a política é a arte do possível, e nós acrescentamos que o possível é sempre ditado pelas circunstâncias (e não o contrário). O gráfico também não descarta uma subida:


Colocamos uma Ltd de muito curto prazo, com dois toques desde o início de dezembro, e que foi quebrada na sessão de sexta-feira. Para já é só um projeto de sinal positivo que terá de ser confirmado já amanhã em fecho. Também metemos o MACD que deu um ténue sinal de compra, que ainda não inviabilizou e que pode reforçar na próxima semana. Como para baixo também é caminho, diríamos que a quebra do mínimo relativo nos 4700 é a morte do artista e põe-nos outra vez em fuga forçada com as calças na mão. Mantemos as linhas principais que já nos vinham a acompanhar desde o ano passado, e cuja quebra nos ajudou a entregar a carga a outros no caminho descendente. A linha tracejada a vermelho é o primeiro alvo difícil no caminho para cima, necessitando de uma subida de 10% que pode ser propulsionada pela tal entrada afoita de fundos, se houver cansaço por parte dos ursos depois do combate a que se entregaram ao longo da segunda metade do ano passado (aqui vamos precisar também de uma ajuda dos índices europeus, que cumprem com o papel que lhes destinamos se forem para máximos). Entre a linha vermelha e a linha tracejada preta temos o terreno em que os pessimistas vão começar a ter dúvidas e os cínicos continuarão a fazer referência às perspetivas negativas, embora se estejam a encher de mercadoria. Para nos mantermos nesta zona vai ser necessário bons números dos resultados e da dívidas das empresas e que não surjam surpresas negativas do lado do crescimento económico nem cisnes negros, como sucedeu no ano passado. Logicamente, ninguém está à espera que se trepe a galope e de uma tirada só: isto vai ser empreitada para pacientes com muitos recuos ou não estivesse tudo tolhido pelo caguefe! Só depois, lá mais para cima, teremos o famoso retângulo laranja, acima do qual os ursos pessimistas hibernam e regressamos a um sempre bem-vindo bull market. Para isso, precisamos de uma subida de 32%! Teremos oportunidade de voltar a falar antes que aconteça! Bons negócios!