Grande semana nas bolsas europeias com um tímido máximo histórico no Dax, justamente ao cair do pano.
Mas para quem a semana correu mesmo bem foi para a esmagadora maioria dos suiços, que vão ficar varados com a descida de preços, nos países à volta, quando agora forem às compras com os seus francos atestados de viagra. Já agora os nossos compatriotas portugueses que estão na Suiça e são pagos em francos também devem andar todos contentes, a não ser que tenham tido a fraca ideia de terem trocado os francos por ações da bolsa de Zurique. Enfim, o jogo do costume, ainda que a jogada do banco central helvético tenha sido tão inesperada que provocou sorrisos rasgados e tristezas de falidos a uma taxa que é pouco habitual.
E agora conto-vos a minha história de ontem, porque vem a propósito, é engraçada e tem um caráter didático.
De manhã, estava todo filado na ida do Dax a máximos históricos e acabei por cometer a excentricidade de reforçar a posição longa no índice, ficando com uma exposição que, se fosse à noite, já não me deixaria dormir como eu gosto, quentinho, sossegadinho e de um sono só. Nessas condições, só um louco deixaria a roda rodar sem um stop loss e eu meti-o lá, a um valor que me parecia suficientemente confortável num dia que tinha tudo para ser de subida limpa - ficou pouco abaixo dos 9850. Digo-vos já que não costumo usar stops automáticos, porque dói-me de mais ser stopado sem ter uma palavra a dizer, mas quando os afazeres profissionais nos impedem de acompanhar a jogatana e o risco está ao nível do tudo ou nada, ficarmos ressabiados por sermos stopados de forma indecente deve ser encarado como enfeite no risco total.
E lá fui ganhar o pão para pôr na mesa.
Já no final da manhã há um amigo que me diz que o BCP já está a levar no lombo 4% por causa de uma tramóia qualquer que os suiços armaram. Má onda, pensei! Talvez o BCP não seja o Dax e o stop ainda não tenha entrado. Mas não! Vou ao smartphone e vejo que o caldo entornou feio e o índice alemão está nos 9820. Carai! Mais valia pegarmos numa marreta e irmos partir pedra, que nos cansávamos menos. Ainda por cima, o animal torrou-me o stop por pouco, num típico caso de asnus/casus.
Sem tempo para ver o que tinha aprontado aquela gente rica e cheia de coisas boas (mas sem mar), que tem uma bandeira que faz lembrar uma equipa de socorristas, lá me compus como pude e voltei aos meus afazeres profissionais.
Mais um intervalo e retomo o Dax para ver se o stop tinha valido a pena. Nada! Dax acima dos 9900, outra vez a caminho de máximo histórico. Malapata! Que fazer?
Olhem, fui a jogo outra vez, um homem tem este vício no corpo e, ainda que saiba que a perda provoca dor, deixa-se inebriar pelo doce sabor de ganhar dinheiro sem trabalhar. E fui sem stops, atirei-me para a frente do bicho, numa de, ou isto faz o que eu acho que deve ser feito, ou escangalho-me todo. Mesmo à tuga: ou é para ganhar ou é para aleijar (lembro-me de ter lido na História trágico-marítima que os navegadores portugueses da carreira da Índia traziam o barco tão cheio de especiarias que só por milagre não naufragava: se chegassem cá ficavam ricos; se não... Era tudo ou nada!). E lá fui dar mais uma aula cheio da genica que só o medo nos consegue injetar.
Só vi em que deu a minha aventura ao final da tarde quando cheguei a casa. Surtiu efeito e cá vou eu embalado em ganhos engraçados com o Dax no coração!
Mas a história não acaba aqui. É que o Dax ontem não caiu pouco abaixo dos 9850, onde eu tinha o stop. De facto, caiu, numa questão de minutos, até aos 9580 pontos, uma perda de cerca de 250 pontos em relação ao preço médio da minha posição. Só ao fim do dia soube disso e foi quando verifiquei que, se não tivesse colocado o stop, tinha visto a minha posição fechada automaticamente quando o rapaz estava nos 9600. E então, sem fundos na corretora, já não teria tido possibilidade de recuperar, a não ser que reforçasse o capital! Daaaax!
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