24.3.15

Outros gráficos e mais música

Com a bolsa a bombar certinho não estamos nada virados para nos pormos p'raqui com lições de moral, dicas ou larachas engraçadas. Só nos apetece pagode, ver uns gráficos para desenfastiar e ouvir música. Deixamos a borga para o fim porque, apesar de tudo, há que manter alinhados os níveis de responsabilidade e não deixar que o cheiro do pilim sem suor nos atrofie de vez os neurónios.

Do PSI como um todo já aqui ontem falamos e mais não temos para dizer.

Das ações de que gostamos postamos gráficos quase a seco (colocamos as linhas que nos parecem importantes).

Do BCP dizemos apenas que não vemos ainda aquela resistência preta grossa nos 0,095 vencida, mas que a quebra ontem da SMA200 (que agora passou a suporte) coloca o título numa fase diferente da recuperação é um dado evidente. Estamos já naquele ponto em que as quedas vão servir muito mais de oportunidade de entrada para aqueles que ficaram de fora a salivar, ao contrário do que se passava antes em que à mínima queda havia logo quem as largasse com medo de despenque. Queda como mote para vender deu lugar a queda como oportunidade de entrada: eis, em poucas palavras, a diferença entre o bear market e o bull market. No BCP cremos que falta uma puxada jeitosa acima do valor de fecho de hoje. Pode ser amanhã... ou noutro dia qualquer. Vejam o esquiço: 


A Sonae já quebrou a resistência e está há 3 dias acima dela sem que se registe rejeição, pelo que, não fora a situação de sobrecompra diríamos que estava pronta para receber guia de marcha para levantar vôo. Valores de referência acima destes só os temos de 2008, pelo que já estão desatualizados. Daí que as próximas resistências vão ser estabelecidas no movimento que se vai seguir. Se querem a nossa opinião, gostávamos de a ver descer até a zona dos 1,33 (EMA21) para depois partir mais confiante, mas não nos importamos nada se for para cima ato contínuo.


Altri e NOS são exemplos de como uma ação pode estar hipercomprada e mesmo assim continuar a subir. Deixamos os gráficos apenas por uma questão pedagógica: se nós as quiséssemos comprar e tivéssemos calma suficiente para aguardar por uma correção era na linha verde (EMA9) que púnhamos a ordem (na linha amarela, EMA21, caso tenham nervos de aço).



Desde a nossa última análise a EDPr ainda não conseguiu torrar o topo do canal que assinalamos na altura. Já veio cá abaixo confirmar e voltou lá para cima. Neste momento, necessita de um fecho acima dos 6,49 para justificar uma ida a jogo, mas se a virem ameaçar esse valor não fiquem a olhar para o lado, porque correm o risco de terem de a comprar bem mais acima (e esta tem a vantagem de não estar sobrecomprada).


Para acabar, a Jerónimo Martins que teve de vir ganhar balanço para deitar abaixo a parede dos 12 euros. Hoje testou a EMA9 a ver se chega. Se chegar, amanhã já vai surtir efeito. Se não, podemos ter oportunidade de compra na Lta, por volta dos 11,35€ ou quiçá na EMA21 de que a JMT também gosta muito.


E agora mandem os gráficos para o teto e oiçam Sigur Rós bem alto! De rebentar com tudo! Merecemos, carago!!!

23.3.15

Ponto da situação no PSI20

Quem anda nisto dos mercados sabe que a evolução tecnológica colocou ao nosso dispor duas engenhocas que em bull market constituem exemplos flagrantes do mau serviço que a ciência por vezes presta à humanidade. São elas o streamer e o smartphone. Em bear market não, e até nos podem safar de apertos, mas quando os toiros dominam o streamer e o smartphone têm um efeito sobre as carteiras que se não bate o poder destruidor da ignorância mais atrevida, pelo menos anda lá perto. 

O streamer, com os seus conjuntos de ofertas (COFs) sempre a variar e as cotações a oscilar à frente dos nossos olhos, em tempo real, como se fossem mabecos a devorar búfalos, ora para cima e no momento seguinte para baixo, deixam-nos doidões para vender (e pôr o lucro do lado de cá: como se isso fosse de facto acontecer!) e logo a seguir morremos se não compramos (não vá a carne acabar), e depois vender, e etc. 

E o smartphone que nos deixa sempre online, aptos a entrar a qualquer hora na dança do compra e vende que quase nunca corre bem! Sempre a tempo de sermos burros comó caralho!

E se então conjugarmos estes dois feitos da ciência moderna com a superabundante opinião alheia que é posta no ventilador das redes sociais literalmente à velocidade da luz, temos montada a tenda para que tenhamos perdas mesmo que o nosso índice de referência esteja em grande momento de forma.   

Na bolsa há tempos em que é difícil negociar porque não há uma tendência definida. Vivemos esses tempos, por exemplo, de outubro do ano passado até meados de fevereiro, enquanto o PSI20 se manteve abaixo dos 5350 pontos. A quebra do dia 17 desse mês colocou-nos numa tendência altista que era desde logo evidente (como nós, sem falsas modéstias, recordamos ter assinalado diversas vezes neste espaço). De maneira que perdermo-nos na floresta de opiniões divergentes, em compras e vendas cansativas, em jogadas que na maior parte das vezes acabam mal, em tentar vender no máximo e comprar no mínimo (para afinal vender no mínimo e comprar no máximo) é querer complicar o que até é fácil. 

Se a tendência esta definida, deixem o mercado operar a sua magia!

O problema é que estes momentos entre resistências em que a tendência está definida, mas o bull market ainda não se consolidou, são relativamente breves e devem ser aproveitados desde o início, sob pena de irmos a jogo quando já é demasiado tarde e aqueles que aproveitaram já estão de saída para descansarem. Vejamos o PSI20:

O movimento tem sido irrepreensível do ponto de vista técnico e a subida colocou já as médias móveis na posição correta para que a tendência esteja definida, com o volume também a ser de molde a não deixar dúvidas a ninguém. Mas agora, com o índice sobrecomprado (RSI na parte inferior do gráfico) aproximamo-nos da caixa laranja que marcou o toque a finados no verão passado. Estamos em crer de que vai ser um osso duro de roer e muito nos admiraríamos se não houvesse uma pausa mais ou menos longa nas subidas por volta desta zona. Os 6100 pontos são a nossa primeira resistência evidente e logo a seguir temos os 6179 onde se situam 50% da recuperação da queda desde o máximo do ano passado (a retração de Fibonacci de 50%). Só depois vem o intervalo de 200 pontos acima dos 6350, derradeira fronteira bear/bull que culmina na muitíssimo relevante retração dos 61,8% de Fibonacci. Notem que, por norma apenas usamos médias móveis, suportes e resistências e linhas de tendência. A cena das retrações que aqui colocamos desta vez vem muito a propósito nestes casos em que um índice recupera parte de uma queda forte e prolongada. Daí o acrescento!

19.3.15

Horas extra

Entre tantos conhecedores de bolsa como os frequentadores desta casa sou bem capaz de ser o gajo que menos sabe da poda, mas diabos me carreguem se não vejo o PSI20 a quebrar a resistência que tínhamos assinalado aqui e aqui e a encaminhar-se, todo lampeiro, para a fronteira bear-bull, coisa de 300 milhas mais acima do valor a que cota atualmente! Confiram, p.f. (fecho de ontem):


Justifica-se, portanto, ouvir uma das músicas mais inspiradoras que conheço e só tenho pena de apenas ter conhecido Pavarotti tão tarde na minha vida! Torna-nos mais intensos e mais fortes: que ninguém durma, que ninguém durma! Nessun dorma! Ora oiçam (e vejam):


18.3.15

Gráficos avulso

Cinco gráficos avulso para chamar o sono.

Altri em máximo histórico (linha horizontal). Reação hoje à Lta de curto prazo e à EMA9. Do ponto de vista técnico não vemos motivos para vender, mas a puxada jeitosa do euro hoje é bem capaz de levar a mais-valias num título que tem sido propulsionado pelo euro barato. Nesse caso, vigiem a Lta e a linha amarela EMA21. 


A Jerónimo Martins não só fechou o gap deixado em julho como se apressou a encaminhar-se para uma pequena resistência que vemos pouco acima dos 12 euros. Achamos, contudo, que a verdadeira luta vai-se dar no ataque aos 13 que foi uma zona de intensos combates no ano passado e em 2012. Para baixo há uma Lta que não é quebrada em fecho desde o início de ano e que, para nós, nos serve perfeitamente de referência para eventuais guias de marcha.


A EDPr não repudiou a quebra dos 6,20 que havíamos assinalado como dica para entrar, mas agora tem ali aquele topo do canal como derradeira maçada antes de se poder abalançar a uma tomada de assalto de valores que já não são vistos desde 2010. Se quebrar, bom, se não podemos tê-la a marinar ou então a acusar o toque até cá baixo outra vez aos 6,20 (só para chatear).


Na banca está tudo à espera de sexta-feira e do que se vai passar com as ofertas pelo NB. O BCP estava a descontar uma série de coisas boas, mas durante esta semana começou a alombar para o caso de os interessados no NB se apresentarem murchos e sem pilim. Em termos técnicos, encontra-se encravado entre as médias móveis curtas e estamos em crer que só se vai decidir quando começar a boataria a respeito dos valores que vão aparecer em cima da mesa. A situação é interessante porque para baixo só vai se as ofertas forem escanzeladas, sendo até possível um sell-off à maneira na segunda-feira, porque a verdade é que o BCP vai arcar com 20% da diferença entre os 4,4 mil milhões do fundo de resolução e o valor da venda (num caso limite, podemos ter especulação de que o BCP vai necessitar de um AC). Não cremos, contudo, que seja esse o desiderato, uma vez que o número de pretendentes à compra do banco que era do salgado não autoriza compras em saldo. A não ser que, por ainda estarmos numa fase não vinculativa, venham de lá jogadores de poker... Passado este stress do NB e se as ofertas forem sensatas, podemos ter o BCP a entrar num novo ciclo de subidas a bom ritmo que o levem definitivamente para a fronteira bear-bull (zona acima da linha vermelha e abaixo da resistência horizontal nos 0,095).

17.3.15

O trem azul

Já toda a gente sabe que a terça e/ou a quarta-feira (é conforme!) são os dias para se ir às compras, de maneira que que já ninguém deixa de festejar os ganhos em bolsa só porque isto não sobe todos os dias. 


Para desanuviar, peguem o trem azul com o António Carlos Jobim.



15.3.15

Notas para a semana

Tenho a certeza de que já se aperceberam como as manhãs calmas e até de uma certa descida têm dado lugar a tardes de arromba nos mercados do lado de cá do Atlântico e como essa inversão vespertina da tendência vem acompanhada de quedas nos índices americanos e na cotação do euro face ao dólar. Mal a América acorda começa a ponte aérea de transporte de cacau do lado de lá para o de cá, no que às ações diz respeito, e de troca de euros por dólares no que toca à liquidez, aos depósitos e aos títulos de dívida.

Não nos parece que haja para já motivos para crer que os americanos vão cair muito mais e inverter o sentimento de longo prazo (a ida do Nasdaq aos 5000 pontos, ao fim de 15 anos, levou à correspondente correção, mas ficávamos surpreendidos se não fôssemos novamente para máximos em breve), mas a verdade é que, tradicionalmente, mesmo com dados económicos favoráveis e bons resultados empresarias, as ações não lidam bem com subidas dos juros e há risco de má performance relativa. Se juntarmos a isso o QE europeu, julgamos que ninguém precisa de mais nada para compreender por que motivo temos visto o S&P a arriar ao mesmo tempo que o DAX sobe como se não houvesse amanhã. Aliás, para nós é essa novidade de a Europa se estar a tornar independente dos EUA em termos de mercados financeiros que mais nos tem surpreendido nos tempos que correm. Em muitos anos que levamos neste mister é a primeira vez que assistimos a semelhante coisa!

Cá pela terra temos o PSI20 a comportar-se da forma esperada. A semana foi interessante como se previa e assistimos a um primeiro sinal de bull market com a quebra da SMA200 (claro que há quem pense que lá por que já estamos acima dos 20% de valorização no ano estaremos automaticamente a salvo dos ursos; nada mais falso: até ver, podemos perfeitamente estar apenas numa correção de curto prazo às descidas violentas do ano passado). Essa quebra foi ainda mais interessante por se ter seguido a uma correção forte (na terça-feira) que nos fez testar a Lta (terceiro toque) e aliviou indicadores de forma muito saudável. Agora, precisamos de uma quebra da zona 5780-5800 para termos 300 pontos de subida até abril! Que assim seja!


Nos 3 últimos dias da semana tivemos subidas com volume crescente e notou-se um frenesim meio louco entre os investidores a fazer tudo por tudo por cavalgar os títulos que mais subiam e deitar a mão àqueles que iam quebrando resistências, vendendo os que já se encontram numa fase mais adiantada da recuperação. A propósito, diga-se que por muito que nos custe, é fundamental que aceitemos com resignação que não é possível estar em todas as que estão a subir num dado momento. Num mercado que sobe de forma marcada temos que usar de parcimónia nos movimentos e limitarmo-nos a ajustes ponderados, evitando entrar na loucura de vendas e compras agressivas que nos dão cabo da cabeça e da carteira. É uma lei do universo o facto de haver sempre energia dissipada, e os mercados não são propriamente conhecidos por facilitarem a vida a quem complica!

A EDPr quebrou como previsto e a Mota também. No caso da primeira o cenário parece menos obstruído, tal como referimos aqui na semana passada. 

Na banca o ás de trunfo foi o banquito pequenote, o BANIF, que, como costuma suceder com o lixinho brilhou com subidas simétricas das descidas que experimentou no passado. A zona entre os 8 e os 9 décimos de cêntimo parece bastante mais congestionada do que o décimo anterior, de maneira que não antecipamos que seja uma subida tão limpa daqui em diante. De qualquer das formas, a quebra da SMA200 pode dar algum suporte na zona dos 0,0076, enquanto que as especulações em torno de fusões e aquisições na banca vão servindo de tónico a um banco que tem que encontrar comprador para a posição do estado (comprada acima do cêntimo de euro). 


Nos outros bancos, vamos ter também uma semana agitada, à medida que se aproxima o dia 20, data em que vamos ficar a conhecer as propostas não vinculativas para a compra do Novo Banco. Mas desses já aqui falamos na semana passada.

Uma chamada de atenção para a Sonae porque está a enfrentar a derradeira resistência, nos 1,40€, antes de entrar numa zona em que pode definitivamente levantar vôo. Fica o gráfico:


Brutal! O único senão é estar sobrecomprada (não é a única), mas nós deitamos-lhe a mão se a virmos corrigir à zona 1,28-1,32. É que podemos tê-la a lamber 30 cêntimos sem que tenhamos tempo de pensar em que havemos de gastar o lucro! A propósito, ao ler o artigo sobre a Farfetch, que vem publicado na revista do Expresso, foi da Sonae que mais nos lembramos, por ser a empresa portuguesa que mais se tem aproximado de ser um player global! Talvez lhe falte trabalhar mais a componente que está a dar dinheiro a sério: os negócios na internet. Mas o resto já lá está!

Da NOS (fechou a semana em máximos da muitos anos) já falamos e achamos que ficou tão jeitosa que não lhe vão faltar pretendentes, tanto mais que agora já se percebeu porque andou a cair com volumes tão altos no início da semana. Era o Joaquim Oliveira que estava à rasca para sair. E já saiu... 

Mas é nas telecomunicações que continua um dos calcanhares de aquiles do PSI20 (são dois, como tem que ser; o outro é a Galp que anda a pagar com línguas de palmo ter enfiado rios de dinheiro a tentar ir buscar petróleo quase ao centro da Terra! Uma loucura que deu muito dinheiro a ganhar a uma data de gente, mas não aos acionistas). As notícias de que a Oi gostava de dar com os pés à PT e trocá-la por uma empresa russa, ainda que tenham sido desmentidas rapidamente, dizem-nos que o fundo ainda está longe de ter sido feito e vêm quedas a caminho que vão, por certo, levar a PT para mínimos históricos. Claro que nós não estamos preocupados com a PT em si (está para lá de fodida há bastante tempo atrás) e estamos certos que nenhum de vós, sensatos e racionais como são, estará investido nesse monte de lixo tendo tanta coisa boa em que investir, mas preocupa-nos o facto de os 7,5% de peso no índice poderem servir de lastro à recuperação do PSI20 (notem que a queda semanal de 9% da Galp, que vale 12%, tirou 60 pontos ao indice que podia, se não fosse isso, fechar a semana acima dos 5800), ao mesmo tempo que fazem reviver na mente dos investidores estrangeiros as cenas medievais (economicamente falando) que tivemos que aturar no ano passado! 

Não temos falado das papeleiras, Altri e Portucel, mas é evidente que não as podemos ignorar. Agora, porém, já não nos apetece escrever mais (nem a vocês ler). Fica para a próxima!
Bons negócios para todos!

8.3.15

E mais algumas...

Fez há poucos dias 8 anos que os acionistas da PT rejeitaram a oferta da Sonae para comprar a empresa de telecomunicações por um valor 15 vezes maior do que a cotação atual. Claro que entretanto a PT distribui aos acionistas uma grande parte do seu valor sob a forma de dividendos, mas o que é um facto é que, sabemo-lo agora, essa distribuição foi fatal como era suposto que fosse e contribuiu para a morte daquela que era à época, muito provavelmente, a mais inovadora empresa portuguesa. 

Serve este intróito para falar não da PT, mas dos CTT, que esta semana cairam um bom bocado porque vieram com a má nova de que iam distribuir muito menos do que 90% dos lucros que se tinham proposto distribuir. Disse-se que o mercado não gostou da desfaçatez, mas a verdade é que os que não gostaram foram aqueles que só estão no mercado para caçar dividendos como quem mama nas tetas de uma turina, sempre preparado para bazar mal lhe pareça que há outra com mais leite. É que, se avaliarmos pelo que se passou na PT, e juntarmos a isso o facto de os CTT se estarem a preparar para entrar no negócio bancário, o corte de compromisso sobre os dividendos faz sentido até mais não e a má notícia seria se se mantivesse a política de distribuir todo o lucro. Dessa perspetiva, estaremos em crer que a recente correção pode ser uma boa oportunidade de entrada, tanto mais que veio bater na nossa primeira linha de suporte e aceitou-a de bom grado. Se o virem descer, deitem-lhe a mão no segundo suporte, sendo que a quebra da zona dos 8,90 são a dica dos mamões de que estão tão fodidos com a situação que o melhor será nós juntarmo-nos a eles.


A que se segue foi uma chamada de atenção do nosso amigo João Duarte. A EDP renováveis é aquela empresa que foi uma excelente oferta pública de venda, mas apenas para o António Mexia e a sua equipa, que a colocaram em bolsa ao preço de 8 euros em 2008, arrecadando um prémio pornográfico por terem sido capazes de enfiar a uma data de entusiastas das energias verdes (e caras) uma empresa que, uns meses mais tarde, já estava a metade do preço.

Agora a EDPr lá vai paulatinamente subindo e parece estar com desejos de finalmente dar dinheiro aos crentes que a mantiveram em carteira desde essa fabulosa OPV. Vejam lá o gráfico e digam-me se não é de lhe deitar a mão se a tipa quebrar os 6,20€?


O meu target estará nessa altura nos 7, com uma possível hesitadela nos 6,40, topo daquele canal que lá pusemos. A propósito e para apimentar a coisa, não digam a ninguém (é segredo nosso) mas há quem diga que os chineses de 3 gorges estão há anos doidos para lhe deitar a mão por inteiro e retirá-la de bolsa (daqui a pouco não há bolsa portuguesa, mas que se lixe)! E é uma lei do universo que quando queremos muito uma coisa e o preço dessa coisa começa a subir, acabamos por dar em doidos e fazer um disparate muito grande! E os chineses têm muitas virtudes boas, sendo uma delas a capacidade de fazerem disparates muito caros! Vamos lá mexer com o mercado!

E sobre os bancos? 

Sobre os bancos nada de novo, a não ser o facto de se ter tornado evidente que o preço da OPA vai ter que ser revisto em alta, dado que aos valores da proposta que está em cima da mesa nada feito. 

Entretanto, o Expresso noticia que a CMVM investiga se a história da fusão com o BCP não passa de jogada da D. Isabel para subir o preço (nós desde o início dizemos que se não é, mais do que parece). De qualquer das formas, se houver avanços em relação a uma fusão, parece que o BCP está tão disponível que se deita e rebola. Sendo assim, parece que a fusão é, de facto, uma ótima notícia para o Millenium (pudera!), pelo menos enquanto não chegarmos às condições finais da negociata. Portanto, notícias de que a fusão avança levam o BCP para cima, e uma quebra consistente dos 0,091 é a nossa dica de que a fusão tem mesmo pernas para andar e os tubarões já são sabedores da decisão!

Quanto ao BPI está numa posição bem melhor. Com a fusão ganha porque o BCP já se pôs todo pinoca com o rabinho a dar a dar, o que significa que está disposto a fazer cedências. Se não houver fusão ainda tem a OPA cujo preço vai ter que ir para perto dos 2 euros. E os espanhóis, que são uns sabichões mas às vezes relaxam, já disseram que o jogo ainda agora começou, ainda que seja um jogo lento, como são todos os jogos de xadrez (quem não tem paciência, deve abster-se). Acabar uma coisa e outra é possibilidade que, neste momento, não cabe na cabeça do maior pessimista, pelo que, como as coisas estão à data de hoje nós continuamos a votar no BPI.

E outra vez o PSI20 na resistência

Com o PSI20 numa fase tão interessante é negligente da nossa parte que não lhe façamos uma nova análise, embora nada de essencial tenha mudado em relação ao que dissemos faz hoje uma semana. O rapaz corrigiu como previsto (e com isso relaxou a esticadela dos indicadores) e depois voltou para cima de acordo com as regras, vindo fechar outra vez justo na SMA200. Em essência, continua tudo na mesma, e diríamos que estamos naquele ponto em que os sensatos vendem (ou não compram) e só voltam a ele quando o virem acima dos 5800, tanto mais que 1000 pontos de subida desde o mínimo do ano já pesam um bom bocado. Por outro lado, somos virgens nisto de QEs e há uma expetativa muito grande para saber para onde vai o guito novo que o BCE vai começar a produzir a partir de amanhã (embora esteja estipulado que deverá ser canalizado para a economia real, todos sabemos que as canalizações têm múltiplas saídas e a maior parte delas desagua, mais cedo ou mais tarde, no negócio de que trata este blogue). O gráfico dispensa mais palavras.


Estamos em crer que a semana vai ser deveras interessante, não só por causa do já mencionado início das compras do BCE, mas também porque começa a notar-se uma certa deslocação de massa dos índices americanos para os europeus que, arriscamos, vai fazer-se sentir a breve prazo de forma muito pronunciada no nosso índice que tem a sua recuperação muito atrasada, apesar das subidas das últimas semanas. Se tivéssemos que apostar (e a verdade é que não temos feito outra coisa), diríamos que o índice estará pronto para, mais dia menos dia, quebrar esta resistência e chegar-se ao ponto em que vai ter que repousar mais algum tempo. Falamos da zona entre os 6100 e os 6400 (caixa laranja no gráfico acima). O nosso plano arrojado é que daqui até abril (quando se vai começar a falar outra vez da Grécia ou de eleições noutros países, incluindo no nosso) nos cheguemos a esse patamar, para termos quebra apenas mais lá para a frente no ano. Se vai ser assim ou não é algo que, como sempre, estamos prepararados para pagar para ver!


Subida de taxas de juro nos EUA

Pensam os mercados que pensa a Fed que com os EUA quase em pleno emprego, como mostram os números publicados na passada sexta-feira, vai começar a faltar mão de obra para fazer face às necessidades da economia, e o remédio dos patrões vai ser aumentar o salário dos calaceiras para que não deixem a fábrica na mão e fujam para a concorrência. Com mais dinheiro na carteira vem o regabofe, o tratante relaxa, deixa de produzir como deve ser e a fábrica torna-se mais ineficiente. Ato contínuo começam a escassear os bens de consumo nos mercados. Mais dinheiro e menos bens disponíveis costumam levar a uma subida da inflação e os salários começam a ser comidos pelo custo de vida, sendo que o povão panica e deixa de comprar, o que leva a uma subida do desemprego, depois à miséria e à recessão. 
 
Pensam os mercados que a arma de um banco central como a Fed para lutar contra a perspetiva de uma subida generalizada dos salários é a subida das taxas de juro, que desencentive o investimento e a criação de mais empregos. Por causa disso, o dólar sobe ainda mais (atingiu sexta-feira um máximo de 2003 contra o euro e acreditamos que não deve haver um de vós que não tenha dólares na carteira) do que estava a fazer até aqui: é que quem tem dólares pode depositá-los nos states e receber juros mais altos do que na Europa. É claro que a subida do dólar por si só vai começar a criar problemas à indústria exportadora americana (é que nem todas as empresas têm o appeal da Apple) e com isso penalizar o mercado de trabalho. Mas os mercados não querem saber de nuances e fazem finca pé na ideia de que uma subida das taxas de juro vai levar a uma redução dos resultados líquidos das empresas por via de um maior custo da dívida e por causa de um corte nas despesas das famílias. Enfim, como os mercados pensam que os dividendos vão cair quando os juros sobem, tiram dinheiro da mesa e as bolsas caem. Quando as bolsas caem, numa economia como a americada em que uma grande parte da população tem dinheiro na bolsa, é evidente que vai haver sarilhos na economia real, pelo que, no final, isto é na realidade uma pescadinha de rabo na boca e é por isso que se diz que os índices bolsistas antecipam a economia real em pelo menos meio ano (o contrário é válido quando as bolsas sobem). 

A queda dos índices americanos no final da semana foi a maior dos últimos tempos, mas mesmo assim continuamos a apenas 2% de máximos históricos. Claro que podemos ver isso como um sinal de que novas quedas se seguirão e, de facto, olhando para o gráfico, ficamos com a ideia de que uma ida pelo menos aos 2040 pontos no S&P é uma possibilidade a não descartar. Aliás, mais do que uma possibilidade, parece-nos que seria uma oportunidade muito interessante de entrarmos longo, já que a proximidade de máximos e a volatilidade causada pelas especulações em torno do timing da Fed desaconselham um ferro curto.


Claro que a Europa está numa fase completamente distinta do ciclo económico, com o desemprego ainda em níveis muito elevados e as taxas de juros sem perspetivas de subida no curto prazo. Para além disso, o início do QE do BCE esta semana, quando o da Fed já acabou há bastante tempo fazem crer que meter dinheiro nas bolsas europeias pode vir a tornar-se mais interessante do que nas americanas, sendo o lado de lá do Atlântico previligiado para os depósitos e os títulos de dívida. Se nos vamos aguentar a subir com os americanos em queda é questão a que esperamos não ter que responder, porque as odes não estão a nosso favor. Para já, ainda somos daquele que continuam a crer que, apesar do podermos assistir à tal subida da volatilidade, não está em causa o bull market americano!

Música para festejar os ganhos em bolsa

Mais logo falamos de pilim mas agora é sol, sol e namoro.


5.3.15

Público

O Público de hoje (edição especial de aniversário) é todo ele sobre um assunto que me é especialmente caro: as ciências exatas (a Física, a Química, a Astronomia) e a linguagem em que elas se expressam, a Matemática. O diretor do dia é o físico João Magueijo e a edição em papel é gratuita, sendo obrigatória para todos aqueles que querem aprender a negociar em bolsa. Sim, aprender a negociar em bolsa tem tudo que ver com ciência porque uma coisa como a outra não admitem estados de alma nem achismos. Uma como a outra só toleram a vida como ela é: ampla, completa, racional e emocional na justíssima medida, vivida com sofreguidão e com sede de saber, sem deixar de fora nada e aprendendo todos os dias. O Universo da Física e da Astronomia está-se tanto marimbando para nós como os mercados financeiros, mas nós fazemos parte deles... e esse é o nosso trunfo!

2.3.15

NASDAQ 5000

Lembro-me perfeitamente daqueles quatro meses loucos do final do ano 1999 e início de 2000 em que o NASDAQ subiu 90% na cavalgada final da bolha das dotcom
 

Apesar de múltiplos avisos dos mais ajuizados, na mente das massas tinha-se infiltrado a ideia de  que a economia mudara completamente e que nunca mais as coisas seriam como dantes. A internet e as empresas das tecnologias tinham acabado com a velha noção de valor e as cotações incorporavam ganhos futuros verdadeiramente alucinantes.  Nas palavras de Alan Greenspan, viveram-se os famosos dias de exuberância irracional, e nem o medo do bug 2Yk foi capaz de acalmar a fúria gananciosa dos investidores.

Lembro-me de todos os dias ouvir o jornal de bolsa na rádio relatar mais uma subida espetacular do índice tecnológico americano e de, apesar da minha inexperiência nos mercados, sentir um nervoso miudinho, uma apreensão de pré-catástrofe como se fossemos nos carro demasiado depressa e estivéssemos na eminência de nos despistarmos. Mesmo assim, era um crime estar fora e perder valorizações de 4 e 5 por cento ao dia.

Por cá, brilhavam títulos como a PT Multimédia (vão ver o gráfico da NOS e apreciem o que aconteceu nesta altura), a Telecel, a Reditus ou a Pararede (que viria a dar origem à Glintt) e, nos mesmos 4 meses, o PSI20 seguiu embalado e subiu 50% até marcar o seu máximo histórico acima dos 15000 pontos.


Então, a 11 de março começou a derrocada e a confiança evaporou. O Nasdaq perderia 70% do seu valor nos 12 meses que se seguiram (o PSI20 desceria 31% e continuaria a cair nos meses seguintes). Para mim, começou aí o verdadeiro curso de bolsa e só voltaria aos ganhos em 2003!

Lembrei-me disto hoje porque, quase 15 anos depois, o NASDAQ voltou a fechar acima dos 5000 pontos.

1.3.15

Três títulos

Já que estamos com a mão na massa deixamos um ponto da situação a três dos títulos que negociamos habitualmente.

No BCP atingimos num ápice o topo do canal que tínhamos desenhado aqui e agora o monstrinho está com dificuldade em decidir-se. Se quebra para cima arrisca-se a ir à SMA200 nos 0,091, zona em que se decide se vai para bull mode. Se vem para baixo era uma delícia apanhá-lo na zona dos 7,5 cêntimos porque estaria em belíssima posição para nos encher os bolsos de tão necessário pataco. 


Esta semana a Jerónimo Martins não só quebrou a resistência que a andava a chatear há muito tempo como deixou para trás a SMA200 e, nesse mesmo dia, foi logo encostar-se à barreira seguinte nos 10,56. Como é natural, arreou, mas no último dia da semana encheu-se de coragem e voltou a atacar acabando justo em cima do muro. Se conseguir quebrar (os resultados que vai apresentar na próxima quarta-feira podem ser o tónico decisivo) tem caminho aberto para ir fechar o gap nos 11,70€. Lembrem-se, contudo, que das últimas vezes que a JMT apresentou resultados foi um ver se te avias para as saídas de emergência e muito boa gente torrou graveto sem jeito à conta da brincadeira. Agora, os números preliminares pareceram ser prometedores, mas os preliminares nunca são de fiar, pois não?... 


A NOS pisou esta semana terreno que estava por desbravar há mais de 7 anos, pelo que se encontra tão bull que é um crime se não a tivermos debaixo de olho (há várias como ela e o que aqui dissermos é válido, por exemplo, para os CTT). Uma descida aos 5,8 serve para ratificar a EMA9 e se a virem nos 5,7 deitem-lhe uma mão que a moça merece (e promete).


Atmosphere

Quando, inocente chavalo, ouvi esta música pela primeira vez fiquei tão banzado como no dia em que descobri que se podia ganhar dinheiro sem dar ao coiro jogando na bolsa. Hoje, a atmosfera de Ian Curtis continua a ser sinónimo de epifania e de libertação: no bullshit! Vem mesmo a propósito para fazer parte da nossa conhecida (e florescente) rubrica música para festejar os ganhos em bolsa.


PSI20 na resistência

Com a bolsa a subir vem-nos a preguiça e já não nos apanham por cá como dantes a mandar postas de pescada sobre os mercados, a não ser quando seja absolutamente claro para nós que aquilo que vamos dizer é capaz de ter interesse. O que nos quilha é esta chuva de caquinha (alguém sabe onde para o Sol e o céu azul?) que não nos deixa ir para a boa vida gozar o pilim e nos obriga, à falta de melhor entretenimento, a olhar para os gráficos a ver se há ajustes que devam ser feitos.

No médio-longo prazo mantemos aquilo que dissemos aqui e aqui (recordemos que o BCE começa a sua meritória obra no decorrer do mês que ora se inicia).

No curtíssimo prazo, porém, diríamos que o nosso valoroso PSI20, que em dois meses deu uma cornada de 19% na ursalhada que lhe deu caça durante tanto tempo, está próximo da segunda barreira no seu caminho de obstáculos até ao bull market e talvez precise de uns dias de descanso. Confiram:


A linha preta a tracejado é uma resistência horizontal antiga na zona dos 5780 pontos. A linha vermelha é a média móvel de 200 dias (SMA200) e encontra-se nos 5720. Em conjunto, as duas linhas tornam a zona entre elas uma poderosa resistência à progressão de um índice que, demais a mais, tem os indicadores esticadotes (o RSI está em zona de clara sobrecompra). 

Recorde-se que a quebra em alta da SMA200 costuma ser encarada como um primeiro sinal de bull market, tal como a quebra em baixa é a dica para bater em retirada. A esse propósito, e a título meramente pedagógico, deixamo-vos isto, para que relembrem o que dissemos quando o índice se descaiu e viemos para baixo, em junho passado (atenção: não recomendado aos leitores mais impressionáveis, por conter piadas de mau gosto sobre o falecido BES). O que interessa é que não se quebra uma SMA200 por dá cá aquela palha e muito menos num movimento feito de um fôlego só, ainda que desta vez tenhamos a bazuca do marocas a dar um incentivo adicional! Ou será que quebra? Vejam o que aconteceu em 2012:


Uma limpeza! É certo que na altura houve um incentivo adicional, do lado técnico, que passou pelo cruzamento das médias móveis de mais curto prazo, num sinal forte de que havia luz verde para soltar os touros. Desta vez, as médias mais curtas vão precisar de mais umas semanas para cruzarem a mais longa e se colocarem na posição correta e mesmo por aí há margem para um respirar antes de nos abalançarmos a mais altos voos.

Tudo pesado, inclinamo-nos a prognosticar uma correção no índice nos próximos dias, provavelmente, coisa de pouca monta e que não belisque a tendência engraçada que se veio instalar. Como é que vai ser? - perguntam vocês. Olhemos para o que se passou, nesta mesma zona, em 2013 (aquando do irrevogável episódio):


Não duvidamos de que a história jamais se repete exatamente da mesma forma, até porque as circunstâncias nunca são as mesmas, mas à falta de melhor entretemo-nos a fazer este tipo de análise e, no fim, até podemos correr o risco de acertar! 

Em julho de 2013 o índice estava pelos valores a que manobra agora (entretanto já subiu 37%, depois desceu 41% para voltar a subir 24% - dinheiro para todos, portanto), e esteve a namorar a SMA200 durante 6 sessões, sem conseguir quebrar. Sobrecomprado, acabou por arriar 3 dias até bater na EMA21 e receber vitaminas para proceder à quebra todo lampeiro.

Agora, parece-nos razoável uma descida à EMA9 nos 5550, mas onde gostávamos de comprar e botar a carne toda no assador era na zona da EMA21 junto àquela Ltacp nos 5430 pontos. É verdade que estaríamos a falar de uma descida de 4% que assustaria, por certo, os mãos leves, mas colocaria o índice na rampa de lançamento para estoirar com a SMA200 e partir em busca da definitiva fronteira bull/bear na zona 6100-6400 pontos.