30.4.14

Americanos

Reparem como estas coisas dos mercados são curiosas e estão longe de ser lineares, tornando-se muito interessante acompanhar as motivações da generalidade dos investidores.


Hoje foi publicada uma primeira leitura do PIB trimestral nos EUA, um número de alguma importância pois é sabido como o crescimento da economia é, em larga medida, um crescimento das empresas. Pois bem, previa-se uma subida de 1,2% e acabou por se verificar um avanço de apenas 0,1%, isto é, uma estagnação.



Ora, tão ensombrada notícia deveria, à primeira vista, levar os índices bolsistas americanos para baixo e avermelhar bastante a sessão. Acontece que não só não foi isso que aconteceu, como inclusive os índices fecharam a subir e perto de máximos históricos.

How come, perguntam vocês?

Easy, my friends: os investidores perceberam que com a economia tão mal (não estamos sozinhos, portanto), o banco central americano (a FED) vai ter de continuar a ajudar, basicamente imprimindo dólares que em parte serão canalizados para a Bolsa, prolongando este tão festivo BULL market. Como diria sir Sherlock, elementar!

Venezuela

O caso da Venezuela é estupendo em termos de ensinamentos económicos. De facto, para o investidor atento, é uma sorte poder dispor neste momento de uma situação tão mediática em que se testa in vivo todo um manancial de opções que, à primeira vista, parecem fantásticas e ficamos fulos por os nossos não as porem em prática também. Diria que nós, que desde este nosso lado do riacho podemos assistir com interesse às manobras de perito do condutor de autocarros Maduro, somos uns privilegiados porque vamos à ação de formação e não temos de pagar com línguas de palmo quando a experiência escafeder sem conserto.



29.4.14

Uma espada de Dâmocles?

De acordo com a lenda, Dionísio de Siracusa cedeu temporariamente o seu lugar à frente dos destinos da sua cidade a Dâmocles, mas pendeu sobre o trono uma espada. Dâmocles já não disfrutou como pretendia a sensação de poder absoluto e de luxo sem limites à disposição. Mas devia, já que as espadas de Dâmocles raramente caem, como aconteceu a Luís XVI, arrancando-lhe a cabeça, ou ao nosso D. Carlos.
Sobre os mercados pairam também espadas de Dâmocles. Quando caem, e a última vez foi aquando da falência do Lehman Brothers, o resultado é catastrófico para os mercados. Nos últimos anos a Reserva Federal Americana e o BCE têm feito tudo para afastar para bem longe essas espadas, e o resultado dos seus esforços foram os astronómicos ganhos de 2013. A recuperação económica generalizada no Ocidente antevia um ano de 2014 igualmente luminoso, mas eis que chegou Putin e colocou tudo em causa.
Neste momento ninguém acredita que alguém seja o suficientemente estúpido para que, em pleno século XXI, dê o passo em falso que desencadeie uma crise tão grave no centro da Europa que faça cair mais uma vez uma espada de Dâmocles. Mas ela já lá está.

Há que estar atento e… bons negócios.

Twitter

O Twitter acaba de apresentar resultados em Wall Street. 

Os números saíram melhor do que antecipado pelo mercado, com as receitas a ascenderem a 250 milhões de dólares. 

Mas os investidores não estão a gostar dos números, principalmente porque o total de utilizadores recorrentes da rede social do passarito apenas subiu 6% no trimestre para 255 milhões. 

Em consequência, quem tem ações do Twitter já está a contar com 10% a menos na carteira amanhã, porque é esse o rombo que a cotação está a ter no after hours. É melhor, portanto, ir ver a novela... a não ser que se seja adepto do Real Madrid (sempre compensa).

É uma boa lição esta que convém reter. Na bolsa interessam pouco os resultados que se vai obtendo. O que mais conta é a expetativa de crescimento desses mesmos resultados. Ao apresentar um tão baixo crescimento no número de utilizadores, o Twitter está a informar o pessoal de que os resultados não vão crescer de uma forma que valha a pena manter as ações. Assim sendo, há que agir em conformidade! Sai debaixo!

Segundo o Marketwatch do Wall Street Journal o risco de uma correção de 20% no mercado americano atingiu em abril o valor mais elevado desde outubro do ano passado. Dizem os analistas que entre maio e outubro próximos há uma probabilidade de 1/3 de haver uma queda maior do que 10% e menor do que 20%.


Como veremos ao longo do tempo, este tipo de análises são feitas por gente cujo modo de vida é fazer este tipo de análises. É assim que põe pão em cima da mesa e alimentam os filhos. Como acontece com cada um de nós, às vezes calha e até parecemos bruxos; outras vezes, mais valia estar calado. 

O bom investidor regista o que vão dizendo os analistas e os opinion makers, vai ao twitter e ao facebook para ver de que lado sopra o vento, lê uns jornais e analisa uns gráficos para compor o ramalhete, e no fim... decide sozinho!
ANÁLISE DO MERCADO

A Rússia assegurou aos EUA que não invadirá a Ucrânia, o que está a levar o mercado para cima neste início de sessão. É um motivo tão válido como qualquer outro. Na realidade, ninguém é burro ao ponto de achar que as garantias da Rússia vão melhorar a economia mundial e os lucros das empresas, da mesma forma que a questão ucraniana não é grave por se temer que a Rússia arrisque uma invasão. Na verdade, as bolsas sobem porque se criam espetativas... de que possa subir. E o maior gerador de espetativas até nem são as notícias que vão saindo, mas sim uma ferramenta de que havemos de falar (muito) chamada análise técnica. Tecnicamente, no final da sessão americana de ontem, apareceram motivos para comprar. E o povo compra.

28.4.14

Saída do resgate

Lá mais para o final da semana que agora começa vai ser notícia a decisão do governo português sobre a forma de saída do programa de ajustamento financeiro. Tanto quanto nos tem sido dito, há duas alternativas em cima da mesa: saída sem qualquer tipo de background e entrega pura e simples aos leilões nos mercados (a chamada saída limpa), ou saída com um fundo de suporte que ampare o tranco caso ninguém nos queira emprestar o cacau de que necessitamos (vulgo programa cautelar).


Em termos de mercados, que é aquilo que mais nos move neste nosso cantinho, não é nítido qual é a opção que mais histeria pode provocar, de maneira que, como de costume, logo se verá.

Uma forma tão boa como qualquer outra de começarmos a fazer o nosso trabalho de casa acerca deste assunto, talvez seja analisar o gráfico da evolução do índice irlandês desde que os cenouras enveredaram pela saída limpa, em 14 novembro do ano passado:



Gráfico do índice irlandês ISEQ20 desde 14 de novembro (data do anúncio da intenção do governo de enfrentar os mercados sem programa cautelar).

ANÁLISE DO MERCADO

Neste momento, o mercado está fortemente condicionado pelo evoluir da situação na Ucrânia.

Do ponto de vista económico, até temos tido na Europa (e, consequentemente, no nosso cantinho luso) notícias bastante aceitáveis com a confiança dos consumidores e as encomendas das fábricas a saírem sucessivamente acima do esperado. Só os índices de preços têm estado abaixo do previsto, o já famoso sinal de deflação (o que, diga-se, em termos de curto prazo, até nem será mau para os mercados, como teremos oportunidade de verificar em próximos posts).

Os resultados das empresas americanas (as que verdadeiramente contam para este campeonato) têm saído no geral acima do previsto, mas as estimativas eram tão baixas que tem dado queda (o Facebook, por exemplo, apresentou 600 e tal milhões de lucro no trimestre e despencou desde esse dia fatídico uns sempre tristonhos 6%).

Mas o que verdadeiramente está a indispor os investidores é a situação ucraniana, que tem potencial para, de facto, trazer uma dose excessiva de incerteza ao mercado. Na realidade, pode baralhar tudo! E ninguém gosta de andar baralhado, muito menos quando isso nos custa graveto! Vamos ter de voltar a este assunto mais tarde, pois não vos queremos cansar logo de manhã, à segunda-feira.

Boa semana para todos!

27.4.14

Negociar em Bolsa foi criado por três jovens amigos, Renato Ribeiro, Fernando Pereira e David Ferreira com o objetivo de reunir mais amigos a falar exclusivamente sobre Bolsa e investimentos bolsistas. Podem encontrar-nos também, num registo ligeiramente diferente em facebook.com/negociarembolsa

Apesar de terem formação de base diferente, os três amigos dinamizadores deste espaço, professores de profissão, são apaixonados de longa data pelo fascinante mundo dos mercados financeiros, tendo acumulado ao longo dos anos experiência suficiente para saberem que a partilha de informação e a troca de opiniões é condição prévia para se alcançar o sucesso nos negócios.

Fazemos votos para que todos aqueles que pretendem investir e querem ganhar dinheiro na Bolsa se juntem a nós, para que da partilha desinteressada de conhecimentos e informações possam surgir melhores decisões que a todos ajudem.

Da nossa parte, contem com as análises e informações que formos produzindo e reunindo para o nosso próprio consumo, mas jamais esperem dicas ou aconselhamento. Na tomada de decisões de investimento, como de resto deve acontecer em tudo na vida, cada um deve pensar sempre por si e decidir em consciência, pesando devidamente os prós e os contras. É que, no final, os lucros serão sempre de quem investiu; os prejuízos… também!

Bons negócios!
Motivos para Negociar em Bolsa:

N.º 1 - Acabar com os dias chatos e monótonos.

N.º 2 - Ter uma razão válida para estar permanentemente bem informado.

N.º 3 - Adquirir hábitos de poupança, em vez de estourar o guito todo em tralha inútil.

N.º 4 - Poder ganhar muito dinheiro com pouco trabalho físico (ainda que com doses generosas de esforço mental e pipas de stress).

N.º 5 - Manter afinado o pequeno psicólogo de massas que há dentro de cada um de nós.

N.º 6 - Colocar sob tensão permanente o nosso decisómetro mental e perceber que isso nos faz bem ao ego.

N.º 7 - Poder gastar dinheiro em pequenas excentricidades do dia-à-dia, sem ficar com a consciência pesada, porque esse mesmo dinheiro pode ser perdido ou ganho na bolsa em segundos.

N.º 8 - Ter um assunto de conversa inovador, que nada fica a dever à típica discussão sobre futebol em termos de emoção e de profissão de fé.

N.º 9 - Ser dono de participações nas maiores empresas do mundo e poder apostar no crescimento de negócios que achamos que têm futuro.

N.º 10 - Poder apostar nas nossas próprias opiniões acerca do rumo que a economia pode tomar.

N.º 11 - Criar a possibilidade de, contra todas as hipóteses ditadas pela genética e pelo talento inato, podermos vir a ter um ordenado de estrela da bola.

N.º 12 - Diversificar os nossos interesses e estimular a componente intelectual da nossa vida.

Nº 13 - Ter um negócio de compra e venda que não implica contratar empregados, alugar instalações, lidar com fornecedores, enfrentar calotes, alombar com cheques sem coberto, amaciar clientes, aturar contabilistas, passar faturas, preencher guias de remessa, gerir frotas, controlar histerias (a não ser a nossa), picar o ponto, despedir incompetentes, enganar pacóvios, engonhar, galar ou assobiar para o lado. Na realidade, podemos perfeitamente, ainda que não se recomende, montar estaminé na nossa própria cama e ficar todo o dia a negociar enquanto vamos passando pelas brasas.

26.4.14

Vamos acompanhar de perto o PSI20, os índices americanos e também o DAX, numa perspetiva de partilha de informação e de diferentes visões do mercado.

Nenhuma das nossas análises ou informações deverá ser encarada como dica ou conselho de investimento.

Como veremos, nos mercados cada um deve pensar pela sua cabeça e decidir, no momento, da forma que melhor lhe parecer. Não existem génios que tudo sabem, nem informação privilegiada (pelo menos ao nosso nível). E o que agora é ótimo, daqui por cinco minutos virou péssimo!


Por esse motivo, aquilo que compete a cada investidor é estar sempre a aprender e, se quiser, partilhar contribuindo, dessa forma, para o ganho de experiência que nos permita a todos corrigir a tempo os erros que inevitavelmente vamos cometer. Nós estamos dispostos a partilhar e é isso que faremos com gosto.

Sejam bem-vindos a esta casa!
Pretendemos com esta página partilhar a nossa visão sobre o mercado bolsista em toda a sua dimensão. Estamos ainda a desenvolver o conceito, para que seja dinâmico e atractivo. Em breve irá funcionar na sua plenitude.