Depois destas duas, arriscamos mais uma aposta numa empresa que não nos parece nada má para tentar bater o mercado nos próximos tempos. Como já sabem, não somos contabilistas e não temos mandato para leitura de relatórios e contas, nem possuímos alvará para atribuir price targets, mas temos descaramento que chegue e dois ou três neurónios num canto qualquer, ferramentas com que nos achamos habilitados (uns dirão que mal!) a mandar broas neste blogue. A situação que hoje trazemos à vossa consignação carece de uma introdução que também não nos importamos nada de fazer!
Benjamin Franklin é principalmente conhecido por ser um dos pais fundadores dos EUA, motivo pelo qual é dele a cara que ornamenta a nota de 100 dólares. Também há quem o conheça por causa da célebre experiência do papagaio de papel num dia de trovoada, através da qual provou que o raio é um fenómeno elétrico, feito que certamente propôs, mas que quase de certeza não chegou a levar a efeito sob pena de eletrocussão.
A autobiografia de Franklin foi um dos livros mais ricos em termos de aprendizagem que tive oportunidade de ler este ano (tenho, de resto, uma vaga ideia de já o ter mencionado algures neste espaço). Escrito a partir de 1771 e dedicado ao filho, o livro vale não pela história, tantas vezes repetida, de como é possível ascender de um berço humilde aos píncaros da humanidade, nem pela memória na primeira pessoa de tantos acontecimentos históricos como os que este homem experimentou (infelizmente, Franklin, que nasceu em 1706, não foi além do relato até 1760, de maneira que não nos deixou o testemunho dos acontecimentos que rodearam a independência americana), mas sim pela honestidade e sapiência com que o célebre sábio nos transmite os seus ensinamentos. Trata-se, no fundo, de um manual de sobrevivência, de um livro sobre a arte de bem viver em prol da sociedade e do bem comum, um livro de memórias que se lê como um folheto de instruções para vivermos em sociedade, de forma inteligente e ponderada. Não se trata de um manual de virtudes, nem de conselhos práticos, mas sim de todo um roteiro que se desenha na forma como ele nos explica as decisões que vai tomando e o modo como manobra para atingir os objetivos a que se propõe, munindo-se de uma atitude ao mesmo tempo humilde mas firme, resoluta e determinada mas apaziguadora, e capaz de gerar progressos rápidos no meio de consensos alargados.
Para mim, no contexto que interessa a este espaço, a parte da intervenção pública de Franklin que mais me empolgou foi a descrição de como foi gizado o financiamento da guerra da independência americana e da conquista de território aos índios, com a ajuda dos franceses. Como é que um conjunto de assentamentos de colonos desunidos, sem exército nem marinha, a lidar com um clima adverso, numa terra muitas vezes inóspita e cheia de inimigos hostis, podia afrontar o maior império do mundo, possuidor de uma riqueza e de um prestígio enormes, com um exército bem equipado e uma marinha com navios em todos os mares do mundo? Onde arranjar a força de vontade, encontrar a coragem e, acima de tudo, buscar o financiamento?
Foi Franklin que desencantou a ideia mágica e foi ele o inventor de um processo que haveria de ser emulado vezes sem conta a partir dessa altura: o jogo! Benjamin Franklin inventou a lotaria como ferramenta de financiamento dos estados, apercebendo-se do gosto furioso das massas pelo jogo e do poder multiplicador da ilusão no lucro fácil. O jogo era uma poderosíssima máquina de transferência de recursos e, em última instância, foi o jogo o desequilibrador da balança a favor dos americanos e contra o imperialistas e arrogantes servidores de sua majestade. Em certo sentido, foi o jogo que fez a América grande, tal como Benjamin Franklin previra.
Acontece que o jogo, que jamais nos largou, está de volta em força neste início de século XXI, não só na perfeita loucura das raspadinhas da SCML de Santana Lopes, mas também, e muito, por obra e graça da internet. Quando foi regulamentado o jogo online e estipulada a carga fiscal sobre as empresas (evidentemente pesada), quase todas as que operavam em Portugal desbancaram e ameaçaram nunca mais voltar. Entretanto, lá meteram o rabinho entre as pernas e foram regressando, algumas com licenças para apostas de casino e outras para apostas desportivas, havendo neste momento um interesse no negócio que começa a ser demasiado evidente para se poder contestar os impostos pagos. Este ano, é possível que se tenham apercebido da vistosa subida de 300% da Estoril Sol, fruto do alargamento do seu ramo de atividade dos casinos físicos ao jogo online. Mas a Estoril Sol é uma empresa que poucos negociarão em bolsa e com um volume de negociação que é um deus nos acuda, pelo que é provável que os formidáveis 300% pouco tenham feito pela carteira dos investidores particulares.
O caso que agora trago à baila vem nesta linha de raciocínio e parece-nos que tem potencial para nos fazer felizes, uma vez que ainda está numa fase de lançamento em que subsistem naturais dúvidas, podendo, por isso, ser comprada apenas com o custo do potencial. Falo da Cofina, empresa da área da imprensa, dona do Correio da Manhã (jornal e TV), do Jornal de Negócios, da Sábado e de mais umas publicações avulso e que, em setembro deste ano, se lançou no negócio do jogo online, através da plataforma A nossa aposta de que detém 40% do capital.
Nos tempos que correm o core business da Cofina não é obviamente dos mais apelativos, e ninguém se vai meter por ali por causa dos jornais e das revistas (ainda que o CM seja o jornal e a TV de onde pinga mais sangue, suor e restantes fluídos corporais), mas esta história do jogo já é de molde a aguçar o apetite, principalmente depois de sabermos o que o Franklin fez pela América quando apostou nessa arte! Um dos aspetos de que gosto na Cofina é o facto de ter por detrás gente que já deu provas engraçadas: o presidente, por exemplo, é um tal de Paulo Fernandes que multiplicou dinheiro na Altri. Vejam a minha (tortuosa?!) maneira de ver a chefia de marketing da Cofina a manobrar: os sites noticiosos estão cheios de publicidade aos casinos da Estoril Sol, publicidade ao jogo online gratuita para a empresa da Cofina. Tenho para comigo que o gambler não é fiei a uma marca, mas tem sempre uma panca qualquer com o sítio onde ganha de vez em quando e foge de onde perde. O gambler acaba por passar um pouco por todo o lado onde se joga à procura da doca onde ficar amarrado. Por isso, os milhões de publicidade da Estoril Sol vão fazer crescer o negócio de todos e tornam supérfluo à Nossa aposta fazer publicidade além da que faz nos canais que são da casa. Eu chamo a isso um pequeno ato de boa gestão de quem está por dentro da jogada (só um exemplo).
A Cofina é ela própria um bocado de jogo da bolsa, mas é jogo que parte de um raciocínio lógico e não deixa tudo nas mãos da sorte. Trata-se no fundo de meter fichas nas mesmas casas onde apostou Benjamin Franklin quando conquistou a independência para a América. O lucro pode ser muito interessante e, se perdermos, não fazemos pior do que se fôssemos ao casino. Tudo a favor, portanto.
Nos tempos que correm o core business da Cofina não é obviamente dos mais apelativos, e ninguém se vai meter por ali por causa dos jornais e das revistas (ainda que o CM seja o jornal e a TV de onde pinga mais sangue, suor e restantes fluídos corporais), mas esta história do jogo já é de molde a aguçar o apetite, principalmente depois de sabermos o que o Franklin fez pela América quando apostou nessa arte! Um dos aspetos de que gosto na Cofina é o facto de ter por detrás gente que já deu provas engraçadas: o presidente, por exemplo, é um tal de Paulo Fernandes que multiplicou dinheiro na Altri. Vejam a minha (tortuosa?!) maneira de ver a chefia de marketing da Cofina a manobrar: os sites noticiosos estão cheios de publicidade aos casinos da Estoril Sol, publicidade ao jogo online gratuita para a empresa da Cofina. Tenho para comigo que o gambler não é fiei a uma marca, mas tem sempre uma panca qualquer com o sítio onde ganha de vez em quando e foge de onde perde. O gambler acaba por passar um pouco por todo o lado onde se joga à procura da doca onde ficar amarrado. Por isso, os milhões de publicidade da Estoril Sol vão fazer crescer o negócio de todos e tornam supérfluo à Nossa aposta fazer publicidade além da que faz nos canais que são da casa. Eu chamo a isso um pequeno ato de boa gestão de quem está por dentro da jogada (só um exemplo).
A Cofina é ela própria um bocado de jogo da bolsa, mas é jogo que parte de um raciocínio lógico e não deixa tudo nas mãos da sorte. Trata-se no fundo de meter fichas nas mesmas casas onde apostou Benjamin Franklin quando conquistou a independência para a América. O lucro pode ser muito interessante e, se perdermos, não fazemos pior do que se fôssemos ao casino. Tudo a favor, portanto.
O objetivo principal é a dica de trade mas tenho que dar os parabéns pela prosa. Fantástica :)
ResponderEliminarObrigado amigo! É sempre bom receber elogios!
ResponderEliminarEstou dentro e alerta para a saída da informação relativa às apostas desportivas. Pondero reforçar se tiver força para passar os 50 cêntimos nesta pernada. O volume tem aumentado mas se passa os 50 aumentará muito mais.
ResponderEliminarEu não sei até que ponto a Nossa Aposta vai realmente dar frutos. Vou dar a minha opinião vale o que vale, até porque sou apostador recreativo desde 2011. Sabe-se que quando o jogo ficou legal cá que as casas foram-se embora por causa da enorme carga fiscal. Entretanto e aos poucos foram-se dando licenças para operar. Neste momento temos cá 5 casas: Betclic, Esc Online, Casino Portugal, Bet.pt e Nova Aposta fora o Placard (online) e o habitual que se encontra nos cafés e papelarias. Como disse aposto desde 2011 e o boom das apostas já se sucedeu há muito. Isto de ficar cá legal fez muita malta sair fora. Basta ver que o fórum ApostaGanha que é o maior fórum sobre Apostas em Portugal já foi muito mais interactivo e apostou muito mais para o mercado brasileiro porque lá ainda não existe lei (pelo menos que eu tenha conhecimento). Resumindo aonde eu quero chegar é que acho que isto do jogo online perdeu quota de mercado. Os que jogam online eram os apostadores mais informados e os mais jovens com acesso e facilidade no acesso as tecnologias. Dai o placard ter sido um grande sucesso porque desculpem a linguagem foi uma novidade do caraças para os mais velhos e que os que não pescam nada disto, mas que apostam através do placard normal porque para eles jogar online não pescam. Compreendo a análise da acção, mas pelo que vejo muita gente tem fé na Cofina por causa do jogo online. Sim pode dar frutos, mas aonde quero chegar é que tambem pode ser um fiasco de todo o tamanho. Aliás acho que 6 casas neste momento online já é muito para a quota que temos neste momento, fora tambem a lei fiscal que fizeram é tudo menos favorável para as casas. Por alguma razão só a Betclic que tem algum nome internacional é que decidiu voltar o resto simplesmente cagou
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