28.2.18

O apagão (parte 2)

Mas um dia acabaram as velas, bem, a verdade é que não acabaram apenas as nossas velas, mas todas as velas do mundo, e como já não se fabricavam velas porque a máquina que as fabricava não tinha luz para funcionar, acabamos por ter de amolar com a escuridão. Para ser franco, a história das velas até nem teve grande importância porque mesmo que o estoque não se tivesse esgotado, a verdade é que não nos iam servir para nada, a não ser talvez para atirarmos uns aos outros como se fossem petardos ou coisas assim, porque se nos acabaram os fósforos.

Aliás, não foram só os fósforos que acabaram e não se puderam fazer mais porque não veio a luz, mas onde nós verdadeiramente nos tramamos a sério foi quando demos cabo da última chispa de lume, o que, vejam bem, é uma infelicidade bastante grande porque, em primeiro lugar, ninguém no seu perfeito juízo imagina que a humanidade inteira possa ser tão passada dos carretos que se chegue ao ponto de deixar esgotar o lume, e, em segundo lugar, parece que para fazer lume não é preciso ter luz, pelo menos é o que dizem os entendidos, embora eu não acredite mesmo nada, mas a verdade é que uma coisa veio a dar na outra e, desde aí, entramos num buraco que parece não ter fundo e tem um aspeto tão negro que só nos apetece fugir. Mas para onde?

to be continued...  

27.2.18

O apagão (parte 1)

Um dia falhou a luz e nunca mais veio.

Claro que continuamos a ter o Sol para nos iluminar e aquecer, (também era excessivo que agora o Sol se nos finasse!), mas a verdade é que ninguém está preparado para viver como faziam dantes os cabeludos das cavernas, pasmados com o brilho do Sol. Em certo sentido, foi quase como se nós fôssemos prisioneiros de catacumbas que voltassem de repente cá para fora. Lógico que íamos achar o fornecimento de luz pelo Sol bestial e bastante aceitável, e tenho a certeza absoluta de que o justo seria que não tivéssemos nada a reclamar, muito pelo contrário, tínhamos tudo a agradecer por aquele brilho todo, mas nós não éramos abestuntas nem bandidos, de maneira de que quando a luz, a elétrica, bem entendido, se foi e já não veio, era natural que nos sentíssemos deslavados e traídos. E é aí que tu te dás conta da falta que o Sol faz de noite, quando ele vai sabe-se lá para onde, e nós ficamos para cá numa escuridão que nem vos passa pela cabeça.

Claro que ao princípio até nem nos arranjamos mal porque havia por aí umas velas que davam uma luzinha muito decente e, embora ficássemos um bocadinho ridículos à luz da velinha a tremeluzir, ninguém se queixava, a não ser quando nos pelávamos todos ou alguém deitava fogo a uma casa e tínhamos de ir a correr, a acarretar baldes de água ou pás de areia, e aquilo tinha dias em que chegava a ser uma galhofa pegada e quase nem sentíamos a falta dos nossos computadores e das redes sociais.

to be continued...  

25.2.18

Atualização

Semana cheia a que hoje se inicia, com os mercados a terem que lidar com as eleições de domingo em Itália, que poderão ditar a subida ao poder de forças anti UE (ainda que, neste momento, tal não seja provável), ao mesmo tempo que nos EUA continua tudo na expetativa de ver o que acontecer quando as yield a 10 anos ultrapassarem a barreira dos 3% (2,87 no fecho de 6ª feira). Há quem defenda que vem aí o inferno, mas nós, felizmente, somos um povo que já estamos vacinados contra gente que julga ter contactos privilegiados com o diabo, pelo que, se calhar, desta vez vamos ficar na retranca.

23.2.18

O quadrado

O artista que passou da representação do real para a necessidade de interpelar é o alvo principal de "O quadrado", talvez o melhor filme que vi da colheita do ano passado.


22.2.18

O mercado vai cortar o cabelo e botar H&S no BCP?

Cabeça e ombros (H&S como o champô) é uma famosa figura técnica que não augura nada de bom e parece-me que é por aí que o mercado vai querer levar o BCP nos próximos dias (o meu amigo Fernando Pereira, que sabe muito de bolsa, mas anda fugido desta casa e encontra-se em paradeiro incerto, já há duas semanas me soprou ao ouvido que era esse o plano e eu, que sei reconhecer um bom conselho quando mo dão, passei a pasta a quem tem amigos menos atentos).

Altri

Ontem fizemos uma entrada na Altri a apostar numa repetição da cena de outubro, quando reagiu em modo explosivo ao funcionamento certeiro do suporte.


É certo que a história raramente se repete e também é verdade que desta vez está em causa um suporte amarelo e não a linha vermelha, mas achamos que, estando nós a falar da Altri, empresa famosa por ter arrancadas furiosas, o rácio ganho/risco poderia ser compensador. 

Bem vistas as coisas, pensando mais a frio, percebemos que teria sido preferível aguardar a quebra daquela Ltd, tanto mais que, estando o mercado tão tem-te não caias, não faltará quem veja nela um bom argumento para vender! 

Que fazer agora?! 

Aguardar serenamente os próximos acontecimentos: se responder afirmativamente, vai ser engraçado de ver; se der para baixo, não será a primeira vez e espero que também não seja a última que fazemos asneira da grossa!

20.2.18

Imobiliário ou bolsa? Ganhar dinheiro!

Post convidado - Por Artur Mariano

Não tenhamos dúvidas. O objectivo para quem investe na bolsa ou para quem investe em imobiliário é o mesmo: Ganhar dinheiro!
A bolsa de valores e o sector imobiliário são dois dos melhores investimentos a longo prazo que alguém possa ter. Muitos investidores investem inclusive nos dois.
Ambos têm prós e contras, mas veja por exemplo logo esta vertente: Investir em bolsa é bom porque investimos em empresas que já existem e investir em imobiliário, é igualmente bom, porque, para todos os efeitos, as pessoas precisarão sempre de uma casa para morar.
Têm algo em comum também: funcionam em comunhão com a lei da oferta e da procura.
Veja o caso do imobiliário: Quanto maior for a procura de determinados imóveis (seja para comprar ou arrendar), e menor for a oferta, os preços sobem!
Agora a bolsa: Quando uma empresa tem lucros altos, mais procura há das suas acções. Logo, se a procura for alta, a cotação das acções sobe!
Ambos têm obviamente desvantagens: Para investir em imobiliário, é necessário tempo (para procurar imóveis e para os gerir) e requer, em relação à bolsa, mais dinheiro em carteira. Imóveis são bem mais caros que acções, e temos de ter em conta as despesas de manutenção e os impostos que não são tão baixos quanto isso. 

Vai encontrar tudo o que precisa saber no meu novo livro "Investir em imobiliário: do 0 ao milhão":


Para investir na bolsa, temos de convir que o risco é muito mais elevado quando comparado com o outro investimento, e ainda ter também em conta, as comissões elevadíssimas cobradas sobre as mais-valias pelos bancos ou pelas correctoras.
Como de certo compreenderá, para mim a escolha está mais que feita: Imobiliário, até porque é a minha paixão.
O correcto seria diversificar os seus investimentos, mas e se tiver de optar só por um?
Tenho pouco dinheiro disponível, ou estou algo restrito a financiamento: Bolsa.
Tenho um bocado mais de dinheiro disponível, ou tenho acesso mais ou menos facilitado a crédito: Imobiliário.
Deve em ambas as situações, ser acima de tudo honesto consigo próprio e ter a noção que não se enriquece do dia para a noite. Ambos os investimentos requerem tempo e dedicação. Requerem conhecimento e muita ponderação. E como em tudo na vida, um pouco de sorte. Seja porque “apostou as suas fichas” nas acções de uma empresa, e valorizaram imenso, ou porque comprou o imóvel certo, na hora certa, e que a procura para esse tipo de casa, subiu mais que o esperado, e o mercado tem pouco para oferecer.
De todas as formas, quem o impede de usar as duas modalidades de investimento? Porque não investe na bolsa, de forma a conseguir o capital necessário para comprar o seu primeiro imóvel? Ou, parte do que ganhar com imobiliário, rentabilizar numas quantas acções?
Não esqueça: Se algo têm em comum o investimento em imobiliário e em bolsa é o seu objectivo, que no final de contas, é o que o move na direcção da vida de investidor: Ganhar dinheiro!
Bons investimentos e, já agora, excelentes ganhos!

Na compra do livro, os leitores N€B podem usar o cupão "neg-em-bolsa" para terem um desconto de 5%.

18.2.18

GALP

Já que estamos com a mão na massa, analisamos brevemente a GALP, empresa que apresenta resultados na próxima terça-feira (previsões), e que passou um mau bocado desde finais de janeiro fruto de ter ativado um duplo topo cuja projeção, se não estou em erro, poderá ter sido já atingida. 

O caminho feito depois da hecatombe

Tal como prevíramos, a semana no PSI20 foi volátil que chegue, com velas enormes todos os dias, cheias de rabinhos vistosos para um cima e para baixo, mas acabou por se saldar numa recuperação bastante interessante, ainda que sem ser decisiva e esclarecedora. 

16.2.18

Quatro dimensões (parte final)


Se leram esta história até aqui, dou por adquirido que estejam mesmo interessados nisto e que sejam suficientemente curiosos para saber como será o mundo daqui por trinta milhões de anos, pelo que não me vou fazer de rogado nem nada que se pareça e sirvo-vos esta informação em segunda mão, deixando registado desde já que é a melhor que irão ter no vosso tempo de vida. 

15.2.18

Quatro dimensões (parte 4)

A notícia da estranha morte futura do Tavares contada por ele próprio abalou-nos a todos um par de horas ou coisa que o valha, mas os desejos de saber mais sobre o futuro eram tão grandes que rapidamente toda a gente passou uma esponja sobre o assunto e decidimos seguir em frente.

Demais a mais, ao nosso amigo soltou-se-lhe o medo, quer dizer se te hão de fazer o funeral de qualquer das formas para que estás tu a matutar e hesitas? É aproveitar a vida enquanto podemos e eu e os outros não podíamos estar mais de acordo. 

14.2.18

São Valentim

A minha música do dia é esta:


BCP

Hoje reentramos no BCP à espera que os resultados e o aparente bom funcionamento da Lta o levasse a máximos do ano. Enquanto assistimos à despedida do FCP da LC vamos escrever sobre o assunto que nos diz respeito (acabamos o texto, com o Porto a queimar o penta, o que pode ser irónico - e agora vamos publicar antes que aumente).

Quatro dimensões (parte 3)

A verdade é que eu pessoalmente nunca tinha pensado nisso, mas aquilo fez-me cem por cento de sentido e, bem vistas as coisas, é algo que ninguém no seu perfeito juízo deseja. Imaginemos que te metes na máquina do tempo e acabas feito pó dentro de um vaso, como é que voltas atrás? Era cómico imaginar o pó, tipo, a meter-se na maquineta. Bem vistas as coisas, é algo sem pés nem cabeça.

Claro que, pesados muito bem os prós e os contras, o Tavares seria um cagarola de todo o tamanho se não fosse experimentando lentamente ir indo para o futuro a ver no que dava e todos na turma, incluindo a professora de Português, o incentivamos a avançar e ele acabou por nos fazer a vontade. 

13.2.18

Quatro dimensões (parte 2)

De certa forma, o que mais me agradava no dispositivo do Tavares era a total liberdade de nos podermos mover a quatro dimensões, como se esse pequeno extra fosse o tónico que incrementava a qualidade de vida a níveis celestiais. 

E eu punha-me a refletir sobre toda esta problemática enquanto ouvíamos o Tavares contar-nos como lhe vieram umas ganas enormes de ver o futuro. 

12.2.18

Quatro dimensões (parte 1)

O meu amigo Tavares inventou um sistema e agora consegue viajar no tempo.


Há dias na escola deixou-nos a todos varados com as aventuras estupendas que viveu com um dos seus 32 pentavôs que se dava tu cá tu lá com o Camilo Castelo Branco. 

Por jeitos, o avô oitocentista do Tavares era gozado à brava pelo Camilo por ter vindo do Brasil tão carregado de ouro, que lhe deu para inchar ao ponto de ninguém o merecer. Mas nunca deu por ela e como mal sabia ler tomava as graçolas por elogios e nem lhe passou pela cabeça que se tinha tornado modelo de romance. 

Apresentação

Olá amigos! Daqui a Alex! Para falar de bolsa não vai ser possível contar comigo, mas o meu contrato milionário só me obriga a escrever umas historietas para encher o blogue, pôr umas músicas animadas e falar de cinema e coisas assim. 

¡Vale!

Fica só uma amostra do meu nível (que é muito alto):

11.2.18

PSI20

Gostava muito de vos dizer de fonte segura o que vai acontecer na semana que agora começa, acima de tudo porque isso significaria que alguém superior a nós me tinha feito profeta (heresia?), mas, para além de prognosticar que iremos ter mais uma rodada dos furiosamente deprimentes desfiles carnavalescos lusos (excesso de farrapo e bugigangas, mamocas tristinhas com o frio agreste, demasiado enfeite, demasiados papelotes, litros de celulite, muita chicha a denunciar o desmazelo natural de ainda estarmos longe do veraneio, enfim, uma foleirice que só deprime em vez de desanuviar); mas volto à vaca fria, pois irei humildemente juntar-me aos que reconhecem nada poder opinar sobre o rumo do nosso biscate nas próximas sessões. Está tudo na mão dos dados de jogar, o mesmo é dizer-se dos algoritmos e da IA, a quem entregamos os destinos deste mundo: que bem fez Elon Musk em enviar desde já um descapotável da Tesla para Marte: já não nos faltará tudo quando fugirmos para lá!

10.2.18

5.2.18

K.O. logo no primeiro dia da semana

Que passou-se? 

Eu não posso vir aqui cada passo fazer o relato, mas com o touro em estado de coma que remédio tenho se não fazer horas extra. O Cramer está a dizer na CNBC que se deu um flash crash no DOW, que afocinhou 1600 pontos de um grampo só (no final acabou com a maior queda em pontos de toda a história). Eu não sei se foi flash, mas crash pareceu-me. E o S&P ficou muito desfigurado:


Temos sempre a esperança de que não seja nada, até porque neste caso é fácil adivinhar que tendo sido janeiro um mês de subidas a pique, é evidente que o povo mais melindroso não esteve com meias medidas e desaguou para as saídas aos encontrões, tentando salvar uma nesga dos lucros, e a situação pode ter-se descontrolado um bocado. Os juros americanos até desceram, mas hoje ouvi gente a falar de preocupações com a inflação ou coisa que o valha. Treta, parece-me. Se é correção num bull market hoje o S&P já se aproximou dos 8% o que ainda não é um valor estrambólico, e o aumento do volume pode querer indicar panic sell e comportamento de gnu. Aliás, o VIX, que pode servir para medir o medo em Wall Street, subiu uns gloriosos 115% (há que tempos não se via isto!).  

Entretanto, o DAX segurou-se no nosso valor chave, o que nos levou a abrir umas posições tímidas durante a sessão lusa, mas os futuros esbardalharam-se à grande e até já atingiram a projeção do duplo topo que referimos no sábado (apontando, neste momento, para uma queda de 4% amanhã na abertura - vão ter que pôr gelo durante a noite). Não sei se há notícias do governo alemão que justifiquem isto, mas não me admiraria nada que fosse só para não ficar atrás dos americanos:


Quanto ao PSI20, fechou em mau estado, como seria de esperar, mas temo bem que amanhã (de manhã, pelo menos) achemos que até nem fechou mal de todo! 


Olhai, se estais longos ide beber uns canecos que isto não há de ser nada!

4.2.18

A próxima semana

A coisa pôs-se brava e ninguém parece disposto a deitar uma mão, mas, notem bem, não somos só nós, que andamos no mundo semi-racional das ações, que não temos a tarefa fácil: olhem para os amigos que mudaram diretamente dos depósitos a prazo para um sortidinho no ambiente infra-racional das criptomoedas e vejam que para eles o cenário neste momento já deve estar em ponto de rebuçado para divórcio! 

3.2.18

O sell off como nós o vimos

Quem acompanha o blogue e segue a carteira que vamos disponibilizando no painel lateral pôde verificar que passamos a semana toda a liquidar posições em empresas de que nos enchemos de dizer bem e acerca das quais muito francamente não mudamos nem um milímetro de opinião. Mas é esta a nossa maneira de estar nos mercados pelo menos desde que, tenros chavalos, levamos em cima com o tremendo bear market do ano 2000 e transformamos uma carteira cheia de panache num destroço catastrófico, que nos obrigou a trabalhos forçados e horas extra, só porque enfiamos na cabeça que o sell off de março desse ano não passaria de mais uma reles correção técnica. O facto de só voltarmos a ter um bocado de paz de espírito ao fim de um ano e meio de pancada tresloucada quando vendemos Pararede com uma desvalorização de 80% deixou-nos escarmenta para a vida e prometemos a nós próprios nunca mais passar por semelhante refrega, nem que em causa estivesse a vida eterna com direito a bar aberto! There is no love in the markets, my friends

O nosso estilo (parte 2)

Ninguém conhece o futuro, nem sequer os astrólogos. Talvez a única coisa que possamos dar por adquirido é a morte, ainda que mesmo essa Agostinho da Silva pusesse em dúvida, evidentemente, antes de a ter experimentado, pois argumentava que apenas tínhamos conhecimento de que se tratava de um fenómeno que ia sucedendo a gente avulsa, mas nunca nos acontecera a nós, pelo que não podia ser um dado adquirido. Claro que AS era um excelente filósofo e todos nós compreendemos que mesmo depois de tanta matança nos milhares de milénios do que vai de vida, que um dia nos suceda a nós parece de todo injusto e inacreditável, mas eu, que sou um homem de ciências, gosto mais de ir por aqui. Mas isto não é um texto sobre a morte, assunto em que gente bem mais encartada do que eu terá coisas mais deliciosas a dizer, mas sobre o futuro, temática em que, temo bem, todos sabemos o mesmo: nada!

2.2.18

O nosso estilo (parte 1)

Muita gente tem-nos perguntado por que motivo só investimos na bolsa portuguesa, que deve ser um dos mercados mais desgraçados do mundo, quando temos ao alcance de um clique tudo o que o mundo tem para oferecer no que a investimentos diz respeito. A pergunta é pertinente e tem uma resposta muito simples: porque quando investimos noutras coisas sempre nos demos pior do que estando apenas concentrados cá na paróquia!