3.12.17

Bitcoins

Anda toda a gente varada com a cena do bitcoin e (como agora se costuma dizer) não se fala em outra coisa. A verdade é que o caso não é para menos, não estivéssemos todos a presenciar ao vivo e a cores o desenrolar daquele que está a ser, muito provavelmente, o mais rentável negócio de toda a história da Humanidade. Eu diria, sem medo que errar, que nenhuma das 80 mil milhões de almas como a nossa que já passaram por este planeta alguma vez teve oportunidade de lucrar da maneira que nós tivemos! Só de pensar no caso é de um tipo dar em doido e quem ficou de fora e se puser a matutar no assunto como deve ser, com todos os matadores, como faziam, por exemplo, os filósofos gregos, só pode concluir que, depois disto nada mais vale a pena.

O negócio dos bitcoins faz de uma fisgada no euromilhões uma esmola a pedinte incompetente e torna esta mijoca de andar na bolsa portuguesa (assunto mor deste blogue) uma cagada sem ponta por onde se lhe pegue. Esta macacada dos bitcoins tem sido como se um mano se metesse agora numa nave alienígena e fosse dar uma volta pela galáxia, é uma coisa de uma envergadura tal que nem com os neurónios aumentados de uma fator x lá lhe conseguimos chegar, é galático na verdadeira acepção da palavra, tipo, foi o Big Bang e depois os bitcoins. Tudo o resto foi uma completa perda de tempo. 

Para quem não está por dentro da parada (demasiado futebol na cabeça?), o caso conta-se em poucas palavras. Há 7 anos, por esta altura, compravam-se 50 bitcoins por qualquer coisa como 1 euro e hoje vendiam-nos por 11000/cada! Chega-vos? Multiplicavam a vossa fortuna por mais de 500000 vezes! Com calma a coisa engole-se melhor!

Agora anda 99,99999% do mundo, que ficou de fora cheio de medo, feito barata tonta aos gritos de que estamos em presença de uma bolha e mais num sei das quantas e a coisa já há algum tempo que mete bancos centrais e todos os artistas que fazem coins sem bit estão a ver para onde cai o pau porque não está fácil de entender! 

A questão que se coloca é esta: de repente há uma porção de gente que ficou podre de rica por causa disto e, indubitavelmente, o bitcoin e as restantes dezenas de moedas virtuais que entretanto surgiram estão a fazer crescer a riqueza mundial a um ritmo absolutamente desenfreado, sendo que muitos acham que não há correspondência entre este crescimento da massa monetária disponível e a quantidade de bens que efetivamente existe, pelo que estamos em presença de uma bolha que terá que rebentar mais dia menos dia. Por absurdo, pensem assim: vamos que a estes gajos que ficaram com a conta bancária a estourar por todas as costuras, que estão com um speed diabólico, que andam com as hormonas a pontos de se envolverem numa reação de fusão nuclear, imaginem que esta gente entrega os bitcois e desata a comprar mercadoria: há que chegue para todos ou os preços subirão em flecha? O que compra quem vende bitcoins que comprou em 2011 ou até os que compraram em janeiro? Há consistência aqui? Como é que um animal racional, mas pouco, como nós somos gere uma coisa psicadélica como esta é? Como é que o mundo inteiro fica depois de ter passado pela Mãe e Pai de todos os negócios? Pelo negócio que estabelece uma nova escala que deixa todos os outros negócios com vontade de voltar para o buraco infeto de onde nunca deveriam ter saído? Que coisa mais excitante estes tempos hiperbólicos que estamos a viver. Finalmente, ao fim de milhares de gerações, o ser humano faz uma cena verdadeiramente breathtaking! Palmas! 

De facto, todos os sinais de bolha estão presentes:
  • o bitcoin tem vindo a valorizar a um ritmo crescente (só este ano já leva 1400% de subida);
  • nas últimas semanas, o crescimento tem sido imparável;
  • toda a gente está aflita para entrar no carrossel e julgo que já estaremos no ponto em que até os engraxadores de sapatos (se ainda os houvesse) falam de bitcoins (Kennedy, pai de JFK, vendeu tudo dias antes do crash de 1929, depois de o engraxador que lhe limpou os sapatos lhe ter perguntado que ações devid comprar);
  • Nada no funcionamento do bitcoin mudou de substancial e a moeda ainda tem uma aplicação residual, pelo que parece estar a haver a célebre cena da euforia irracional à maneira do famoso crash holandês das tulipas.
Pode ser que rebente já e deixe um rasto de destruição engraçado, mas também pode suceder que vá por aí acima até sabe-se lá onde e quando rebentar não fique pedra sobre pedra e voltemos para as catacumbas: o big crunch (que poético!).

Porém, verdade seja dita, agora que entramos na era da robótica e da internet das coisas, palpita-me que estamos no dealbar de uma fase de riqueza a uma escala sem precedentes. Bem sei que muitos dirão que isto foi dito na década de 90 do século passado, por muita gente que achava que a economia tinha mudado por causa da internet e nada seria como dantes (o célebre this time is different), gente essa que levou com um crash medonho no ano 2000! Todavia, é bom lembrar que todos os que sobreviveram a esse crash e acreditaram que desta vez é mesmo diferente, todos esses estão neste momento ricos porque a riqueza que a internet trouxe foi efetivamente inacreditável. Juntem a isso a robótica e, a menos que os Kim Pim Pum deste mundo ou os sovinas açambarcadores nos façam a folha, teremos perante nós um futuro tão rico que será difícil de imaginar! Isto, bem entendido, sem prejuízo de existirem crashes, más decisões e falências.

Quanto ao bitcoin, quem não aproveitou pode sempre continuar a aprender para que, da próxima vez, esteja mais atento e consiga detetar o furo! Porque, agora que tomamos o gosto aos negócios googolplex, não mais iremos parar! Venha o próximo!

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