28.2.15

Esquecimentos

Porque isto dos mercados também se pode tornar numa comédia,  aqui vai o último filme de comédia ao estilo Vasco Santana... lol. Desculpa a quem sofreu obviamente com estes "esquecimentos".


22.2.15

Sonae

Não deve ter escapado a ninguém o bonito que a Sonae fez na sexta-feira ao subir destemida 1,5% quando quase toda a gente na Europa andava com as calças na mão com medo de que aos gregos lhes desse para estoirar. 

Podem avançar com as mais plausíveis razões para a boa forma da SON (sobe, desde 1 de janeiro, uns muito agradáveis 25,2%), e aceitamos perfeitamente se começarem por assinalar que a recuperação económica, assente no consumo interno, com os Continentes e os centros comerciais cheios, pode estar na origem do feito. Já agora, refiram também (que nós carimbamos em baixo) uma internacionalização que tem tudo para continuar a dar razões para sorrisos, e não se acanhem de juntar à lista a gerência com o selo de garantia da família Azevedo (uns campeões quando comparados com o que se tem visto noutras bandas do panorama luso de condutores de empresas). Se disserem que a Sonae parece barata quando comparada com a concorrência (a Jerónimo Martins, que tem um negócio bem menos diversificado, vale 2,5 vezes mais) nós também não achamos que se estejam a exceder. São tudo argumentos de mérito e nada temos a apontar.

Porém, estamos em crer que a verdadeira causa da forma como a Sonae enfrentou a tremideira de sexta-feira passada tem bastante que ver com o que se vê no gráfico. Vocês podem dizer que o gráfico reflete os fundamentais que nós não dizemos que não, mas notem que o argumento dos fundamentais pode valer para outras empresas, mas como não têm um gráfico bonito como o da SON ficam-se nas covas. Portanto, o gráfico:


Bonito não é?

Sinal de compra nos 1,10€, mais coisa menos coisa, bull market na quebra dos 1,22€, volume honesto, médias móveis na ordem correta, embora gostássemos de ver a de 200 dias a apontar para cima.

Há agora toda uma zona de resistência até ao máximo do ano passado nos 1,39€ e o RSI dá sinais de sobrecompra, o que pode ser bom para quem está fora poder embarcar nesta bela viagem. É que, com a pujança com que a moça está, estamos em crer que se o PSI20 cumprir com os mínimos (a Sonae é conhecida por amplificar os movimentos do índice), a resistência é lambida num ápice e entramos em terreno virgem desde 2008. Que linguagem tão fofinha!

21.2.15

Duas sugestões

É enquanto os mercados estão fechados que nos devemos preparar para o combate limpando armas (neste caso, como a arma é o cérebro, faz-se mister descontrair e relaxar) e treinando a mira para que a pontaria para não dê raia tantas vezes (olear os neurónios para que os sacanas nos continuem a ser fiéis, apesar de estarem toda a semana a ser escravizados sem apelo). É que, como não nos temos cansado de dizer nesta casa, esta arte de negociar em bolsa, a que nos entregamos de alma e coração, exige aprendizagem contínua e um envolvimento total com o mundo que nos rodeia. Da ciência às artes, da economia ao desporto, etc., tudo é interessante e em tudo deveremos encontrar motivos para estarmos atentos e ir um pouco mais além da opinião rápida e superficial.

Dos nomeados para melhor filme nos óscares da academia (cerimónia amanhã) vimos todos exceto o Selma e o Whiplash e, francamente, não houve um que nos caísse no goto. Filmes interessantes, cinema engraçado, interpretações simpáticas, bons passatempos, mas nada de verdadeiramente inovador e que permaneça na memória para lá do tempo que vai até que vejamos o filme seguinte. 

Mas esta semana estreou um filme que fica uns furecos acima dos restantes. Falamos de Relatos Selvagens, uma produção espano-argentina, que falhou a palma de ouro em Cannes (ganhou o turco Winter Sleep, que ainda não vimos) e que aparece nomeado para o óscar de melhor filme estrangeiro. 

Relatos Selvagens, que é apresentado nos cinemas como uma comédia de fazer rir até mais não, é um conjunto de seis histórias autónomas carregadas de tensão e de violência. É verdade que há histórias que são de rir (veja-se logo a primeira), mas o que estes contos brutais e irónicos têm de melhor não é a piada, mas antes a forma como nos são relatadas as circunstâncias que encaminham as personagens para situações de rotura e de confronto. Muito bem filmado e interpretado, com uma banda sonora muito agradável, diálogos bem construídos e uma imaginação que não sendo absolutamente inovadora (seria possível?) é pelo menos refrescante, o filme prende-nos ao ecrã do princípio ao fim. No final, saimos com a mente limpa, aptos para retomar a luta quotidiana e alegres por perceber que o cinema afinal ainda nos pode continuar a surpreender com boas histórias que estão para lá da biografia sensaborona (A teoria de tudo, Sniper americano, Boyhood ou O jogo da imitação) ou da dramalhada psicadélica (Birdman ou Grand Budapest hotel).

 

Confesso que quando comecei a ler "Dinheiro: A biografia não autorizada" do macroeconomista e investidor Felix Martin não estava com grandes expetativas, pois temia que pudéssemos estar perante mais um daqueles livros escritos por especialistas em economia e finanças (o autor trabalhou no Banco Mundial) para aproveitar a onda da opinião pública impressionável com a atual crise financeira, com meia dúzia de larachas e teorias mal amanhadas sobre a atuação dos bancos centrais e dos governos. Mas não. O livro relata a história da ascensão do dinheiro ao lugar central que hoje ocupa na sociedade e fá-lo de uma forma extremamente acessível, mas sem poupar nos pormenores históricos e nas decisões que foram sendo tomadas ao longo dos tempos (desde que foi inventado, ironia do momento, na Grécia antiga), e que fizeram com que, por um lado, tivéssemos evoluído no sentido de uma muito maior prosperidade, mas por outro se tivessem tornado inevitáveis os excessos que conduzem ciclicamente a crises financeiras. 

O que é o dinheiro? Como funciona? Como foi evoluindo, ao longo do tempo, a relação dinheiro/valor? De que forma as decisões dos governantes influenciaram historicamente o valor do dinheiro? E de que forma o valor do dinheiro influencia a prosperidade de uma sociedade? Haverá perguntas cujas respostas sejam mais importantes quando se trata de negociar em bolsa? Não há!

20.2.15

Ainda a dívida

Enquanto o PSI20 se entrega à consolidação do brilharete que foi a conquista do castelo situado a 5400 metros de altitude, nós cá continuamos a ver se aprendemos umas coisas que nos ajudem a virar frangos com mais habilidade. Se é que nos entendem!

Claro está que o fracasso ou sucesso do índice no curto prazo está indexado às negociações que vão ter lugar mais daqui a pouco entre a Grécia e os seus credores, pelo que o assunto "dívida" continua a ser uma inesgotável fonte de aprendizagens acerca da forma como funciona a sociedade e, por inerência, os mercados financeiros.

De berço vimos formatados para pensar que a dívida nasce de uma necessidade do pobrezinho (mutuário), que é ajudado pelo gentil ricalhaço (mutuante) que lhe empresta umas lecas a prazo em troca de uma compensação sob a forma de juros. A dívida é um favor que o mutuante faz ao mutuário, e o mínimo que se espera que este último faça é que cumpra integralmente as condições acordadas no contrato mútuo estabelecido entre ambos. Aliás, de acordo com as regras da moral cristã ocidental, mesmo após a liquidação do empréstimo por parte do mutuário continua a existir uma espécie de penhor, que se manifesta sob a forma de complexo de inferioridade deste perante o outro que o salvou numa hora de aperto. 

Acontece que desde a invenção da banca comercial, no século XVI, e em especial a partir do florescimento da indústria do dinheiro na Inglaterra pós revolução gloriosa, tornou-se claro que a dívida era um bem transacionável como qualquer outro, uma mercadoria que possuía valor intrínseco e podia ser usada para saldar outras dívidas ou, ainda melhor, constituir reservas que permitissem criar mais dívida (falamos abundantemente sobre isto aqui). Emprestar passou a ser o negócio da banca por excelência e a dívida uma das componentes da criação de riqueza.

Se vocês tiverem dinheiro disponível para investir podem, por exemplo:
  • comprar um apartamento para alugar recebendo rendas;
  • emprestar o dinheiro a alguém que compre o apartamento e vos pague juros do empréstimo.
Do ponto de vista do mutuante, ter a hipoteca e receber juros do empréstimo é a mesma coisa que ter o apartamento alugado a inquilinos. Trata-se de um bem, de um investimento!

Assim sendo, a relação do mutuário com o mutuante é, do ponto de vista do investimento, exatamente a mesma relação que existe entre o vendedor e o comprador. Não há qualquer outra relação ou obrigação moral entre ambos e todo o processo de empréstimo é uma transação comercial entre indivíduos livres de decidir e de arriscar.

Visto desta forma, entre um investimento e outro, a maioria talvez preferisse o segundo (eu preferia). Emprestar a juros dá-nos mais flexibilidade em termos de rendimento e permite-nos outro nível de liquidez: é mais fácil transacionar/liquidar títulos de dívida e hipotecas do que bens imóveis!

Mas emprestar a juros exige que sejamos capazes de desativar a bomba nuclear do devedor, caso este queira incumprir, algo que só está ao alcance de quem tenha poder sobre o mercado. É esse o privilégio da banca (ou dos países ricos): ao dominarem o mercado podem inflacionar as dificuldades que o devedor enfrentará caso queira falhar nos termos do empréstimo, uma vez que a hipoteca por si só pode ser insuficiente para desincentivar incumprimentos, porque o mutuário pode chegar à conclusão de que a perda da propriedade é menor prejuízo do que a manutenção das condições do empréstimo. Mas ao constatar que o incumprimento pode ter consequências mais sérias, como sejam cair numa lista negra de um banco central ou incorrer em sanções, o devedor já pensará duas vezes, diluindo assim o risco da hipoteca e aumentando a margem de lucro do mutuante.

É por causa desta visão do empréstimo como negócio que tanto a Grécia como os seus credores podem, sem qualquer complexo de culpa (se é que alguma vez existiu), optar por uma solução que sirva melhor os seus interesses, estabelecendo novas condições ou optando, pura e simplemente, por romper a relação mútua.

17.2.15

OPA ao BPI

Independentemente da questão do preço e de todas as afinidades envolvidas no negócio, o que a OPA ao BPI mostra é que recomeça a ser interessante para empresas europeias voltar às compras no nosso país. Já não são só os chineses e os angolanos (que compra(va)m sem fazer grande esforço), mas também os que têm que fazer sacrifícios já acham que vale a pena avançar. O Caixabank lança a OPA ao BPI, numa altura de grande incerteza na Europa, para que seja possível a compra do NB que, por sua vez, tem 15 interessados. Dá a ideia de que o fundo de resolução ainda vai dar lucro!

Com a Grécia a ameaçar suicidar-se (não cremos que o Tsipras seja tão radical que, ao incumprimento de promessas eleitorais, vá preferir arriscar o linchamento popular se o país sair do euro), é significativo que o PSI20 esteja finalmente acima dos 5400 pontos. Mais do que as palavras dos nossos governantes, são estes factos que nos devem fazer estar mais alertas para as oportunidades que aí vêm. Nestas coisas, como na vida, não se trata de ser otimista ou pessimista, mas sim de ter informação e de saber utilizá-la!

15.2.15

E a PT

Perguntam-nos pela PT.

E a dúvida, apesar de tudo, nem é destituída de nexo, numa altura em que o PSI20 dá mostras de querer ensaiar um breakout e a Oi anda a subir à razão de 12% ao dia por conta da consolidação entre os monos das telecomunicações brasileiras. 

O gráfico só aconselha entradas acima do euro redondo, mas até lá vão mais de 30% e, nessa altura, já a gente pode estar de bolsos cheios e pronta para enfrentar com alguma confiança o embate contra a resistência. Neste momento, há também a hipótese académica de duplo fundo, com ativação no euro e projeção na próxima resistência perto dos 1,40€. Para baixo, não a deixem cair dos 61 cêntimos. E é tudo.


Uma abordagem diferente, mas, se calhar, mais sensata neste caso concreto em que se pretende apostar numa empresa que tem um gráfico de fugir, é olhar para o valor fundamental da coisa. É verdade que quem quer entrar na PT (que averba 17% de queda só este ano; a Oi cai mais de 20%) deve estar à procura de emoções fortes, e não estará para aturar fulanos sensatos, convencido como está que aquelas que muito caem são as que mais hão de subir. O problema da PT é que a queda brutal que experimentou não se ficou a dever a circunstâncias conjunturais, mas sim a uma inacreditável e pura destruição de valor, como tivemos oportunidade de referir em diversas ocasiões. Adiante.

Bem vistas as coisas, todos sabemos que nada invalida que a PT possa subir e bem, movida por especulações (estão prometidas novidades da TIM para o próximo dia 20) ou o regresso de entusiamos com o sempre fabuloso potencial do mercado brasuca (a propósito, o Bovespa parece estar a arrebitar, impulsionado pelos máximos dos americanos do norte)! Aliás, é verdade que com a venda da PT Portugal, a dívida da Oi baixou consideravelmente e é possível que isso ainda não se tenha refletido nas cotações (entre o máximo de um ano e a última cotação de fecho, a Oi desceu 85%).

Vamos aos números!

À cotação atual, a Oi vale 1828 M€, o que coloca a posição da PT a valer 468 milhões ou 52 cêntimos por ação (é verdade: cinquenta e dois). O resto da cotação é, mais coisa menos coisa, esperança de reaver dinheiro da Rioforte, à razão de 9 milhões por cêntimo: neste momento, o mercado está a contar que a PT consiga reaver cerca de 180 milhões dos 897 que foram queimados na chama do espírito santo. 

Este fim-de-semana o BdP pareceu dar mais uma estocada nas esperanças de quem tem papel comercial das empresas GES (comprado ao balcão!), mas paradoxalmente deixa aberta a porta a soluções comerciais para alguns clientes... É quanto basta, dizemos nós, para o mercado especular!

Hoje, atendendo à cotação do par BRL/EUR, a subida de 1 real na cotação da Oi (15%) deverá dar 8 cêntimos (11%) na cotação da PT. Investir na Oi parece mais aliciante, mas a PT tem o picante que vem da dívida do GES. 

Tudo somado, é perfeitamente possível que, no curto prazo, haja margem para acreditar que as asneiradas do passado possam ser eclipsadas pelas especulações em torno da consolidação brasileira e das negociações para recuperar parte da dívida da Rioforte.

Se a PT é a melhor empresa para se cavalgar um possível breakout do PSI20 já é uma questão que competirá a vocelências decidir. Decidam bem!

14.2.15

Questão para o fim de semana

Esqueçam a dívida, o défice e os juros, esqueçam a Troika, a Grécia e a Ucrânia, esqueçam o fraco desempenho económico, o desemprego elevado e os erros financeiros das famílias, esqueçam a falência do BES e a destruição da PT, esqueçam o Passos, o Costa e o Cavaco, esqueçam os resultados atuais das empresas, os lucros e os prejuízos, esqueçam até o Medina Carreira e o Bagão Felix, esqueçam, enfim, tudo o que nos moeu a cabeça nestes últimos anos...

Concentrem-se apenas em responder a esta questão: perante as perspetivas de futuro, com os principais índices mundiais a marcar novos máximos, que diabo faz o PSI20 a quase 200% de subida do seu máximo histórico?


Nota: o mercado é, por natureza, ineficiente mas para a maioria de nós essa ineficiência só se vê no retrovisor; os bem sucedidos são aqueles que a vêem de frente!

12.2.15

Banca

Há quem passe a vida nos mercados a olhar para os gráficos como se a arte de fazer dinheiro na bolsa fosse uma qualquer espécie de alquimia desligada do mundo real. E também há os que vivem obcecados com as notícias e ansiosos com o armagedon que está sempre para breve. 

A nós tem-nos dado jeito fazer uma espécie de miscelânea em que estamos permanentemente atentos a toda a manobra que pode fazer mexer com a jogatana, mas nunca tirando os olhos dos gráficos, porque eles permitem-nos jogar quase ombro a ombro com os que sabem de tudo por antecipação. 

Acham que a caminhada dos últimos dias em direção a máximos históricos no S&P500 seria possível se estivéssemos na eminência de notícias catastróficas? Não seria! Mas para nós, que vemos de fora, havia potencial, quer na Grécia quer na Ucrânia, para que o caldo entornasse feio e era importante que, estando conscientes e informados desse facto, pudéssemos estar preparados para acelerar ou travar com a rapidez necessária para fazer o dinheiro de que estamos carentes ou tirar o time de campo antes que cheirasse a queimado. 

Agora que a Grécia vai chegar a acordo (já gastou os cartuchos todos e não tem outro remédio), e a coisa se pode compor na Ucrânia (resta saber se houve cedências da Rússia que permitam eliminar as sanções) podemos voltar ao business as usual.

No PSI20 continuamos na mesma. Estamos em crer, porém, que um acordo com a Grécia e um fim das sanções à Rússia serão o tónico que falta para nos colocar acima da famosa resistência mil vezes assinalada (5350-5400 pontos). 

Vou-vos falar da banca, porque da última vez que o fiz estava pessimista até dizer chega e isto na bolsa vira como o vento.

O BCP é a ação de que mais gente gosta no PSI20 e até parece que a maior parte do pessoal que investe tem sempre milhões para enfiar nos mercados de cada vez que vai às compras. É que, sejamos francos, se vocês tiverem, digamos, 1 M€ para comprar ações não há outros títulos na nossa bolsita que possam acomodar o impacto da vossa entrada ou saída sem darem a impressão de que o fim do mundo vem a caminho. Mas se a vossa carteira for mais modesta, não vemos por que motivo se há de insistir apenas no BCP, que ainda não sobe este ano, quando ao lado há títulos que já subiram mais de 20% (e o próprio índice acumula uns muito agradáveis 9 e tal p.p.)!

Mas o BCP desanuviou nos últimos dias e pode estar a ficar com um aspeto que já abre o apetite. Nós vêmo-lo com ganas para ir aos 7,3-7,5 cêntimos. Hoje deixou para trás a resistência que marcamos nos 0,066€ e quebrou a EMA21 (a que, diga-se, o BCP não é especialmente fiel), com um volume que, não sendo espantoso, também não se estranha atendendo à fase pouco avançada da recuperação. Uma quebra dos 0,075 levará com grande probabilidade ao topo do canal nos 8,5 cêntimos (onde diríamos que está a fronteira bull/bear).


Para baixo, parece que nem vos precisamos de dizer nada, porque toda a gente compreenderá que uma quebra do mínimo relativo (0,0615) é mais do que motivo para passarmos a bola a outro mais afoito. Seja como for, o rácio ganho/risco parece estar dentro da zona de conforto e é possível que tenhamos motivos para sorrir ainda mais com a entrada do dinheiro fresco do BCE a partir de março.

No BPI é mais horizontal. O sinal de compra foi dado na quebra dos 90 cêntimos. Primeira resistência atingida hoje. Quebra vai à zona dos 1,07 (máximo anual). Quebra e arriscamos os 1,23-1,33. É muito ganho potencial para um stop colocado, à tabela, no 0,818. Tem pouco que se lhe diga!


Do Banif não falamos até estarmos convencidos de que se trata de um negócio e não de uma raspadinha!

11.2.15

O caso ucraniano

Ver a dupla Merkel/Hollande fazer uma visita a mestre Putin pode parecer a muita gente uma oportunidade de ouro que está a ser dada à paz na Ucrânia, mas a nós parece-nos mais que se está a atirar achas para a fogueira.


Do ponto de vista russo, é evidente que a visita da dupla de ouro acaba por soar a um come to papa, numa altura em que se começam a ouvir com insistência queixumes acerca dos prejuízos que a guerra económica em curso nos está a infligir.

E a realidade é que o czar Vladimir continua a ter tudo para poder levar a bom porto a guerra fria contra o ocidente que, para já, vai travando apenas no leste da Ucrânia (neste momento, parece claro que está mais perto de nos vergar do que em maio passado):
  • O poderio militar russo é absolutamente avassalador (a ideia do Obama de armar os ucranianos para dar luta aos pró-russos deve chegar para nos pôr de cabelos em pé, pois legitimará a intervenção russa na defesa dos russófonos em território inimigo e levará, inevitavelmente, a um agudizar do conflito com consequências imprevisíveis);
  • Na frente interna, por muito má que possa ser a situação económica russa, jamais Putin enfrentará pressões por parte da população como as que existem na Europa ocidental (veja-se a tremenda pressão a que nos está a sujeitar a crise grega);
  • O povo russo é por natureza condescendente para com os políticos, paciente quando as coisas não correm bem (a vodca ajuda) e patriota a um nível doentio (nada disto sucede na Europa ocidental).
Curiosamente, contudo, não é a força dos russos que mais desnivela em todo este jogo de xadrez planetário, mas antes a falta de legitimidade do ocidente. 

O problema ucraniano resulta do falhanço completo de uma nação que, desde que nasceu, em 1991, foi sabotada pelos russos e saqueada por oligarcas e governantes corruptos que não souberam aproveitar o colapso da URSS para construir um estado sólido de que ninguém se sentisse excluído. Os pró-russos do leste, que se já se haviam sentido traídos quando viram as suas casas mudar de país durante o colapso soviético, não tiveram pois qualquer motivo para se tornarem mais ucranianos em todo este tempo e não admira, por isso, que agora sejam a ponta da lança de Putin na reconquista de território e influência.

Acontece que o ocidente que agora luta supostamente para manter o que resta da integridade territorial ucraniana e contra a reconquista russa é o mesmo que se manteve em silêncio perante a sabotagem de vinte anos que levou ao aumento dos que se convenceram de que ficaram mal servidos com o negócio de 1991. E hoje em dia a percentagem de pró-russos no leste da Ucrânia é tão avassaladora que, pelos padrões ocidentais, podemos estar perante uma situação em que se torne legítimo falar em decisão soberana e democrática do povo a opção pela secessão e a junção à federação russa. E esse é o argumento fatal do Kremlin contra o qual esbarramos nós: os russos não estão a invadir nem a fomentar revoltas, antes a prestar uma ajuda (quase humanitária) aos que reconheceram que foram enganados e pretendem regressar às fronteiras pré-perestroika.

Portanto, sem qualquer espécie de legitimidade que nos possa camuflar as nossas reais intenções de impedir um crescimento da influência de Moscovo, e com a guerra económica a fazer ricochete, começa a ser evidente que estamos metidos num sarilho que dificilmente se poderá resolver de uma forma razoável. E quando o ex-secretário geral da NATO vem admitir que os bálticos (membros da NATO) podem ser o próximo alvo russo começa-se a perceber que esta brincadeira pode ter consequências assustadoras. Ou Putin está mesmo louco, ou os nossos andam a pôr-se tão a jeito que o homem está a dar em megalómano!

6.2.15

A bomba nuclear dos caloteiros

Ninguém minimamente conhecedor das regras de funcionamento do mundo acredita que seja possível renegociar os termos acordados num empréstimo por inércia de bom-senso, por peso na consciência do credor ou porque o devedor se humilha até ao chão, fazendo profissão de fé no progresso das negociações. Quando muito, dessas formas, acabaremos num ato de caridade que mais não fará do que complicar a posição futura do devedor perante o credor.

Se excluirmos a violência, o devedor tem ao seu dispor apenas uma ferramenta verdadeiramente válida se quiser forçar o credor a uma renegociação das condições de um empréstimo. A arma do devedor está na boca e custa apenas a canseira de pronunciar duas palavras: "não pago". 

Na sua tremenda simplicidade o "não pago" encerra a potência de uma bomba nuclear e, tal como uma arma de destruição massiva, o seu poder está mais no efeito dissuasor do que na sua própria utilização. É que, uma vez largada, a bomba produz efeitos difíceis de antecipar e que só por milagre (ou graças a uma extrema fraqueza do agredido) não acabarão por atingir o agressor.


Idealmente, a utilização da bomba nuclear por parte do devedor deve ser uma hipótese, mas apenas na cabeça do credor, de maneira a que este se sinta forçado a escolher entre o mal menor de uma renegociação ou o desastre da perda total. A tarefa do devedor consiste, portanto, em tornar credível essa hipótese, fortalecendo a sua posição negocial à custa da incerteza do prestamista.


A credibilidade do "não pago" reside no rácio ganho/risco para o devedor que a sua utilização implica. O devedor que não paga fica com o dinheiro que, em condições normais, teria que entregar ao credor, podendo usar esses fundos para suprir as suas necessidades. Em contrapartida, ao não pagar, incorre em perda de credibilidade e dificilmente encontrará novos financiadores se as voltas da vida o obrigarem a voltar a socorrer-se de terceiros. 

No mundo dos indivíduos, tirando considerações de caráter moral, o devedor e o credor encontram-se, pois, perante um problema com duas consequências opostas cuja soma lhes dirá se a bomba nuclear é plausível ou não. 

No mundo dos estados, para além de um sem-número de variáveis que é necessário levar em linha de conta (participações cruzadas, necessidades de financiamento, recursos naturais do território, etc.), há duas complicações acrescidas com que é necessário contar:
  • por um lado, apesar de poder reter os fundos que teria que entregar ao credor, o devedor pode facilmente achar-se numa situação em que deixa de conseguir satisfazer as suas necessidades. É que o dinheiro não mata fome a não ser que possa ser trocado por mercadoria e dificilmente um estado que decida não cumprir acordos internacionais poderá escapar a sanções;
  • mas o estado credor também enfrenta um risco acrescido. É que a falha por parte do devedor leva ao incumprimento de obrigações para com os seus próprios cidadãos, criando tensões sociais e económicas difíceis de antecipar e que podem ter um impacto muito duradouro.

Seja como for, há alguns fatores que concorrem para dar força à ameaça do devedor:
  • se a sua intenção de renegociar provir da avareza e não do desespero encontra-se desde logo numa posição de partida de muito maior conforto, porque pode fazer crer ao credor que tem fundos suficientes para suster o impacto imediato do "não pago";
  • se dispuser de aliados poderosos ou se conseguir colocar-se numa posição em que se torna útil a concorrentes do credor pode criar a sensação de que irá contornar as dificuldades criadas pela desconfiança que gerará ou pelas sanções que lhe forem impostas;
  • no caso dos estados, é muito importante para a força destabilizadora de um eventual "não pago" o facto de a população do devedor ser manipulável pela propaganda e aceitar de ânimo leve os sacrifícios que decorram do braço-de-ferro a que os governantes se entregam;
  • se o credor estiver dependente do devedor no fornecimento de um qualquer bem de necessidade inadiável ou se houver por parte de quem deve uma qualquer questão mal resolvida (um gato preso com o rabo de fora). 
Quando vimos os do Syriza ganharem as eleições na Grécia, com todas aquelas promessas de negociação intransigente com os credores, chegamos a pensar que iríamos enfrentar uma situação de ameaça velada do uso do "não pago", o que, vindo de um partido que se diz radical assumiria desde logo contornos que lhe davam à partida uma certa força. Os radicais são, por definição, intransigentes com as suas convicções e pouco dados a razoabilidades. É certo que não topamos nos gregos nenhum dos fatores que poderiam dar força a uma bomba nuclear mental (têm ensaiado uma colagem mal amanhada à Rússia, mas a coisa tem sido pouco credível), mas viamo-los tão afoitos que achamos que era mesmo a isso que vinham.

Ora o que vimos até agora não mete medo a ninguém e aquilo a que temos assistido nestas semanas de novo governo grego não passa de uma pedinchisse barata e infantil (um conto de crianças, como disse o nosso PM). Ninguém verdadeiramente está a ligar peva aqueles dois desengravatados que vieram da Grécia de mão estendida (neste momento, está a meter muito mais medo a Ucrânia) e, se nada de mais forte conseguirem fazer, não vai tardar muito até que os gregos se apercebam que vão mesmo ter que começar a fazer pela vida. A imagem do Juncker a levar pela mão o Tsipras (provavelmente para lhe dar um puxão de orelhas nos bastidores) é bem clara acerca da atitude da Europa para com estes pretendentes a caloteiros sem bomba nuclear.


Até agora, efetivamente, andamos a sobrestimar os gregos!

3.2.15

Galp

Mal o mercado abriu houve um senhor simpático que nos vendeu Galp no mínimo do dia. Parece que não, mas há muita gente boa nos mercados e às vezes somos nós que aliviamos a carga que o nosso próximo carrega! Temos que ser assim, uns pelos outros, porque num mercado bull há dinheiro que chegue para todos e até sobra! É certo que o PSI ainda navega em águas turbulentas, mas só os distraídos ainda estão com dúvidas de que isto vai bombar e não vai ser nada pouco. Ámen!

Com a troca que fizemos, enhorabuena, de BCP comprado ontem por BPI (que deu sinais de correr mais depressa) a que há que somar o incrível salto da Mota (finalmente!), já podemos enfardar marisco no Ramiro sem correr o risco de ficarmos mal dispostos!

Falemos da Galp.

Preocupa-nos o facto de o target do duplo fundo se ter atingido hoje, mas com o petróleo em modo short squeeze não descartamos a hipótese de irmos ao topo do canal fechar o gap nos 10,43€. Uma vez que o movimento está um bocado esticado (tal como no petróleo) não será de admirar uma vinda à base do canal nos 9,65€ (ou até aos 9,50 onde se encontra a EMA9), esperemos que depois de ir lá acima. Dê por onde der a verdadeira fronteira bear/bull na Galp está na zona entre os 11,30€ e os 11,80€, pelo que ainda temos pano para mangas até chegarmos ao momento de todas as decisões! Confiram, por favor.

2.2.15

Jerónimo Martins

Não sei se concordam comigo, mas não consigo deixar de pensar que a Jerónimo Martins fechou justo na fronteira bull/bear


Nos próximos dias pode quebrar a SMA200 e ao mesmo tempo romper para cima de um canal que não rompe há quase dois anos. Uma vez por cima, há um íman instalado no fecho do gap na zona dos 11,60-80. Para o médio prazo, só uma quebra consistente dos 13 euros abre os horizontes. 

Estava apenas na dúvida de saber se a JMT poderá ficar bullish sem que o PSI20 se amande para cima dos 5400, mas desde que soube que os gregos estão numa de fazer cedências na questão do haircut fico esclarecido: vamos subir! 

Agora é a velha questão de saber se este será o cavalito mais fresco para ir à luta. Uma coisa é certa: boa saúde aparenta ter!

Adenda: depois da boa reação de hoje à aproximação da SMA200 por parte do S&P500, fica para já posta de parte a "descida americana" que colocamos como hipótese ontem. Amanhã é outro dia!

1.2.15

Descida americana?

Fecho de semana no S&P500 fora do canal ascendente pela primeira vez desde outubro. Foi por pouco, mas não nos escapou o facto de ter ficado com ar tristonho. O segundo falhanço na aproximação a máximos, que só não foi pior porque o máximo relativo acabou em terreno neutro, está a fazer mossa. 

O curioso é que as notícias da frente económica têm sido boas, com o crescimento a revelar-se consistente e o desemprego em valores de sonho para os padrões europeus. Mas os mercados são como aqueles bacanos que, apesar de terem tudo de que precisam no presente, vivem infelizes e em sobressalto com medo permanente do futuro. Por isso, já se estão a encarregar de construir um cenário de subida das taxas de juro que vai fazer o seu caminho, levando-nos para o próximo ciclo económico (não se admirem, se o índice cair na sexta-feira se a taxa de desemprego sair abaixo dos 5,6% previstos: nestes valores de quase pleno emprego quanto mais descer, maior a probabilidade de a Fed subir os juros).

Na próxima semana, vamos estar atentos a uma aproximação à SMA200 (linha vermelha), já que uma quebra em baixa, com volume forte, pode espoletar um acelerar da descida. Para cima, só ficamos otimistas se o virmos quebrar os 2064 pontos porque eliminaríamos o cenário de máximos relativos sucessivamente mais baixos.