15.2.15

E a PT

Perguntam-nos pela PT.

E a dúvida, apesar de tudo, nem é destituída de nexo, numa altura em que o PSI20 dá mostras de querer ensaiar um breakout e a Oi anda a subir à razão de 12% ao dia por conta da consolidação entre os monos das telecomunicações brasileiras. 

O gráfico só aconselha entradas acima do euro redondo, mas até lá vão mais de 30% e, nessa altura, já a gente pode estar de bolsos cheios e pronta para enfrentar com alguma confiança o embate contra a resistência. Neste momento, há também a hipótese académica de duplo fundo, com ativação no euro e projeção na próxima resistência perto dos 1,40€. Para baixo, não a deixem cair dos 61 cêntimos. E é tudo.


Uma abordagem diferente, mas, se calhar, mais sensata neste caso concreto em que se pretende apostar numa empresa que tem um gráfico de fugir, é olhar para o valor fundamental da coisa. É verdade que quem quer entrar na PT (que averba 17% de queda só este ano; a Oi cai mais de 20%) deve estar à procura de emoções fortes, e não estará para aturar fulanos sensatos, convencido como está que aquelas que muito caem são as que mais hão de subir. O problema da PT é que a queda brutal que experimentou não se ficou a dever a circunstâncias conjunturais, mas sim a uma inacreditável e pura destruição de valor, como tivemos oportunidade de referir em diversas ocasiões. Adiante.

Bem vistas as coisas, todos sabemos que nada invalida que a PT possa subir e bem, movida por especulações (estão prometidas novidades da TIM para o próximo dia 20) ou o regresso de entusiamos com o sempre fabuloso potencial do mercado brasuca (a propósito, o Bovespa parece estar a arrebitar, impulsionado pelos máximos dos americanos do norte)! Aliás, é verdade que com a venda da PT Portugal, a dívida da Oi baixou consideravelmente e é possível que isso ainda não se tenha refletido nas cotações (entre o máximo de um ano e a última cotação de fecho, a Oi desceu 85%).

Vamos aos números!

À cotação atual, a Oi vale 1828 M€, o que coloca a posição da PT a valer 468 milhões ou 52 cêntimos por ação (é verdade: cinquenta e dois). O resto da cotação é, mais coisa menos coisa, esperança de reaver dinheiro da Rioforte, à razão de 9 milhões por cêntimo: neste momento, o mercado está a contar que a PT consiga reaver cerca de 180 milhões dos 897 que foram queimados na chama do espírito santo. 

Este fim-de-semana o BdP pareceu dar mais uma estocada nas esperanças de quem tem papel comercial das empresas GES (comprado ao balcão!), mas paradoxalmente deixa aberta a porta a soluções comerciais para alguns clientes... É quanto basta, dizemos nós, para o mercado especular!

Hoje, atendendo à cotação do par BRL/EUR, a subida de 1 real na cotação da Oi (15%) deverá dar 8 cêntimos (11%) na cotação da PT. Investir na Oi parece mais aliciante, mas a PT tem o picante que vem da dívida do GES. 

Tudo somado, é perfeitamente possível que, no curto prazo, haja margem para acreditar que as asneiradas do passado possam ser eclipsadas pelas especulações em torno da consolidação brasileira e das negociações para recuperar parte da dívida da Rioforte.

Se a PT é a melhor empresa para se cavalgar um possível breakout do PSI20 já é uma questão que competirá a vocelências decidir. Decidam bem!

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