14.2.18

BCP

Hoje reentramos no BCP à espera que os resultados e o aparente bom funcionamento da Lta o levasse a máximos do ano. Enquanto assistimos à despedida do FCP da LC vamos escrever sobre o assunto que nos diz respeito (acabamos o texto, com o Porto a queimar o penta, o que pode ser irónico - e agora vamos publicar antes que aumente).


Vamos limpar já a parte de análise técnica para que percebam o raciocínio desse ponto de vista:


Quanto aos resultados, que é a parte mais difícil para nós porque não somos, nem de longe, especialistas o que nos salta à vista é o seguinte:
  • O lucro de 186,4 M€ foi superior ao esperado por algumas casas de investimento de que tive notícia e que apontavam para valores em torno dos 167-177 M€!
  • Ao nível da redução de crédito malparado parece-me ter sido conseguido em 2 anos o que estava previsto para 3.
  • Há uma redução das provisões para imparidades que foram feitas em 2017, relativamente a 2016, de 673,2 M€ para 924,8 M€. Esta redução das provisões ajudou obviamente o resultado líquido (tal como tinha levado a prejuízos brutais quando estavam a aumentar). Como é que o banco reduz as provisões em 673,2 M€ e o lucro só aumenta 165,5 M€ (23,9 M€ em 2016)?
  • A resposta pode ser encontrada, creio, em ganhos extraordinários de 96 M€ com a venda da Visa em 2016, numa redução da atividade internacional em 2017 (particularmente em África), no pagamento de imposto no ano passado contra o recebimento em 2016 (uma diferença de 427 M€ para pior em 2017) e... numa subida de 174,2 M€ dos custos operacionais!!! À primeira vista, esta última rubrica não parece boa (aliás, foi anunciado um plano de reestruturação que possa aumentar os níveis de eficiência), mas é verdade que em 2016 os custos operacionais tiveram um impacto não recorrente positivo, pelo que esta subida nos custos deveria ser antes uma redução dos lucros de 2016!
  • Contas feitas, por alto, e sem efeitos extraordinários, de acordo com quadro do minuto 42 e 30'' da apresentação que podem rever aqui (preferi ver o filme do que ler um livro que não percebo), a margem financeira+comissões aumentou 184 M€, os custos operacionais diminuíram 11,5 M€ e o resultado operacional subiu de 1034,8 M€ para 1243,3 M€ (um aumento de 208,5 M€). Houve uma diferença nos impostos a pagar entre 2016 e 2017 de 427 M€, sendo o valor de 2017 igual a -132,7 M€. Teríamos, assim, um resultado líquido de 1111,2 M€ em 2017 (a que é necessário subtrair as tais provisões de 924,8 para obter os 186,4 M€ anunciados). 
  • À volta de 1100 M€ parece ser, portanto, o potencial de lucro máximo do BCP, neste momento, partindo do princípio de que o negócio corre sobre rodas e não são necessárias provisões!
  • Na nossa opinião, a dúvida está, acima de tudo, nas provisões. Houve uma diminuição de 673,2 M€ em 2017! De quanto diminuirão em 2018, a partir dos 924 deste ano? Se os NPL diminuíram 1800 M€ em 2017, para 6800 M€ de quanto diminuirão (se é que) em 2018? Estas são as questões que estarão na mente dos investidores porque, mais do que o crescimento do negócio, continua a ser o nível de provisões a ditar se o BCP está neste momento caro ou barato.
  • A valer 4600 M€, o BCP está caro para os resultados que apresentou (PER=25), mas ninguém está a pagar resultados de 2017 e sim expetativas futuras. Caso a recuperação económica nacional e europeia se mantenha e o nível de NPL se reduza, permitindo constituir cada vez menores provisões (aliás os rácios do banco são bastante conservadores), parece haver margem para valorizar.
  • Habitualmente, os bancos que têm uma operação mais ou menos estável, costumam ter PER à volta de 10-12. Estaremos a exagerar ao imaginar que poderá reduzir as provisões para a casa dos 500 M€ em 2018, com lucros a rondar os 600 M€? Pode ser ambicioso, mas não excluo que o mercado se entregue a essa especulação! Nesse caso, teríamos um PER=10 se a cotação estivesse nos 0,40€!

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