28.2.18

O apagão (parte 2)

Mas um dia acabaram as velas, bem, a verdade é que não acabaram apenas as nossas velas, mas todas as velas do mundo, e como já não se fabricavam velas porque a máquina que as fabricava não tinha luz para funcionar, acabamos por ter de amolar com a escuridão. Para ser franco, a história das velas até nem teve grande importância porque mesmo que o estoque não se tivesse esgotado, a verdade é que não nos iam servir para nada, a não ser talvez para atirarmos uns aos outros como se fossem petardos ou coisas assim, porque se nos acabaram os fósforos.

Aliás, não foram só os fósforos que acabaram e não se puderam fazer mais porque não veio a luz, mas onde nós verdadeiramente nos tramamos a sério foi quando demos cabo da última chispa de lume, o que, vejam bem, é uma infelicidade bastante grande porque, em primeiro lugar, ninguém no seu perfeito juízo imagina que a humanidade inteira possa ser tão passada dos carretos que se chegue ao ponto de deixar esgotar o lume, e, em segundo lugar, parece que para fazer lume não é preciso ter luz, pelo menos é o que dizem os entendidos, embora eu não acredite mesmo nada, mas a verdade é que uma coisa veio a dar na outra e, desde aí, entramos num buraco que parece não ter fundo e tem um aspeto tão negro que só nos apetece fugir. Mas para onde?

to be continued...  

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