13.10.16

O prémio Nobel da literatura

Por muito que goste do Bob Dylan e aceite de barato que a sua poesia/lyrics possa ser encantadora, não consigo deixar de pensar que este prémio se enquadra mais na categoria das Operações de Charme do que no de um reconhecimento literário! O vetusto comité sueco (que tem a tremenda canseira de fazer a distribuição dos galhardetes todos os anos) quis dar uma de práfrentex e arregimentar para a causa toda a formidável legião de fãs da música bem feita e interventiva. Apesar de nunca ter lido um livro dele, sou dos que acham mal esta novidade de abrirmos a herança do velho Alfredo da dinamite aos letristas. E isto não tem nada que ver com não gostar da música porque até gosto e meto uma para o demonstrar. Vai esta:


O meu problema é que, quando penso em literatura, lembro-me de Tolstoi, Dostoiévski, Cervantes, Philip Roth, Vargas Llosa, Garcia Marquez, etc. Todo um outro andamento, portanto! E eu até nem me tenho por muito esquisito. Afinal de contas, não desgostei da premiada do ano passado, a russa Svetlana A., tão criticada entre os puristas pelo seu estilo jornalístico. Faço até questão de vos recomendar a leitura de O fim do homem soviético, livro que transborda de nostalgia e desilusão (sobre um tempo que muitos de nós recordamos de termos acompanhado de longe na adolescência), e tem o extra de ser um excelente instrumento didático para compreender as recentes tensões entre a Rússia e o Ocidente e a postura de Putin na cena internacional.


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