24.10.15

Três índices, uma análise e uma notícia bombástica

Esta semana assistimos, finalmente, ao materializar em pleno do que perspetivamos aqui. Aliás, não têm sido poucas as vezes em que nos referimos, tanto neste espaço, como na nossa página no FB ao facto de a nossa posição ter virado para bullish no início de outubro e acreditarmos que teremos um final de ano e arranque de 2016 amigo de quem está do lado das compras!  

Para ilustrar em que ponto nos encontramos neste momento, deixamos o gráfico do DAX alemão falar sozinho (todas as linhas estão colocadas desde a mudança para bearish que tivemos em maio e são o quanto basta, em nossa opinião, para extrairmos a nossa quota parte no dinheiro que o mercado tem para distribuir):


Também deixamos a nossa opinião gráfica para o S&P500, que tem um alvo evidente nos 2120 pontos que, para além de resistência clara, constituem o alvo da ativação do duplo fundo nos 1870. 


Ainda não declaramos o bull market reposto e explicamos porquê: queremos ver a linha verde acima da amarela e esta acima da vermelha. Como sabem todos quantos frequentam esta casa, professamos a simplicidade acima de tudo, e no que à análise técnica diz respeito, guiamo-nos apenas por 4 bitolas: linhas de tendência, suportes, resistências e médias móveis. E não temos do que nos queixar! 

Quanto à situação portuguesa, que dizer?! Claro que continuamos tolhidos pelo bailado dos políticos e nem vale a pena perdermos tempo a larachar sobre esse assunto, de tão escalpelizado tem sido por toda a gente. A nós, bem entendido, tanto se nos dá de uma forma ou de outra e quer-nos parecer que para o PSI20 também! Impõe-se apenas uma condição: como achamos que o verdadeiro governo das nações da UE está no BCE, tudo o que nos parece fundamental é que quem vá para o poleiro não hostilize o Sr. Draghi. E se tiver dúvidas basta que puxe atrás a cassete 2 meses para verificar em que estado ficaram os gregos por terem a veleidade de se abalançarem a esse projeto. Costa, Passos, Portas, Catarina e Jerónimo, p.f., não hostilizem o BCE e tudo correrá bem! A pequena Catarina e o ansião metalúrgico tenho a certeza de que não se importavam de tentar a via revolucionária, mas como os do PS têm tudo a perder, estamos em crer que uma ofensiva em larga escala do piolho tuga contra o colosso de Frankfurt estará, em princípio, posta de parte. Assim sendo, as medidas que estão em cima da mesa resumem-se à velha opção entre um país de remediados a quem a esmola do aumento salarial satisfaz ou a criação de uma nação de liberdade em que a inteligência e a livre iniciativa permitem a qualquer um ser dono do seu próprio destino! É, portanto, para o lado que dormimos melhor!

Deixo-vos o gráfico do nosso índice:


Precisamos que a cotação se mantenha acima da linha tracejada vermelha e que, em caso algum voltemos a reentrar naquele canal descendente: isso seria sinal de que vamos efetivamente hostilizar o BCE! Trepar acima da linha vermelha (EMA200) é um primeiro sinal muito engraçado de que nos vamos juntar aos outros e dar um Natal de muita qualidade a todos quantos estão dispostos a poupar e a arriscar o cacau amealhado neste nosso índice tão fraquinho.

Em termos de títulos, estamos parcos em sugestões, mas há uma notícia que vem no suplemento de economia do Expresso de hoje que confirma a belíssima impressão com que ficamos ontem sobre a Mota Engil. Confiram porque parece-me ser uma coisa absolutamente astonishing. E nem postamos o gráfico porque podem consultá-lo dois posts abaixo. Vamos ver o que diz o mercado, porque na reação à ótima notícia sobre a subsidiária africana ficou-se nas covas e preferiu ligar aos combatentes políticos!

Agora vamos ao râguebi... e hoje há haka!

16.10.15

Música para bailar ao ritmo dos politiqueiros

Segunda-feira, Costa sonha ser primeiro-ministro. A excelente atriz Catarina, que desde sempre viveu no mundo do surreal, sonha abrir uma sucursal do Syriza no lado de cá do continente de modo a expandir a franchise. Os dois, C&C, encontram-se e projetam lançar-se à obra de transformar o sonho em realidade. Jerónimo sonha permanecer eternamente no mundo do abstrato e da luta bolchevique, mas dá-se conta, de repente, que está a perder fiéis em massa para a religião mais à esquerda. Resolve tomar medidas drásticas e arranja um padre para abençoar as presidenciais, enquanto dá luz verde aos rapazolas vermelhos para que sonhem com uma nesga de realismo. O sonho de Costa cresce e transforma-se numa alucinação psicotrópica em que vinga o episódio do PEC IV, desbanca Passos e Portas e assume o poleiro, com a benção dos comunas e sem ter que passar pela maçada de ter de ganhar eleições. A clientela socialista, que tinha ficado tão fodida com os resultados eleitorais, acha que está a sonhar e apressa-se a embarcar numa espécie de voo por universos paralelos em que o impossível subitamente se torna real, só porque os de esquerda são tão saloios que não se importam nada em lhes dar tudo para se verem livres dos sacanas da direita. O sonho dos da coligação transforma-se em pesadelo quando percebem que não só a maioria absoluta se foi com os cucos, mas que podem inclusive ser mandados embora, se não arranjarem maneira de dar ao Costa um sonho melhor do que o de ser primeiro-ministro. Em pânico, concebem o plano de se porem de joelhos e dar tudo o que têm em troca de terem um governo aprovado pelo PS na AR. Na terça-feira, o sonho de Costa atinge o clímax: com Catarina e Jerónimo a acolitar e pleno de soberba já nem abre a boca para dizer seja o que for. Quer ser primeiro-ministro e ponto final. À noitinha, recebe os dois estarolas da coligação em casa e nota-lhes o ar de aflição e a predisposição para baixar as calças sem pestanejar. Todos dizem que é ele que tem a faca e o queijo na mão e percebe-se bem que aos pobres diabos da direita lhes apetece comer queijo. À hora do noticiário, Costa vê-se na contingência de ter de decidir entre dois sonhos hiperbólicos: 1) deixar P&P "governar" como fazem as marionetas e aguardar pelo momento oportuno para assumir funções; 2) governar desde já, fazendo fé nos vermelhos e aceitando como boa a hipótese de que o BCE não lhe faria a folha em poucas semanas! Intuitivamente, prefere a primeira hipótese porque sabe que basta Bruxelas querer para que os juros da dívida se encarreguem de rebentar com ele e com tudo à volta, mas compreende que os clientes, que não vêem mais longe que o dia seguinte, não se vão contentar com nabiças podendo comer bife! Estávamos neste pé, quando soa uma voz grossa e o sonho perde um bocado de cor: "não pense o PS que isto são favas contadas!", adverte Jerónimo, tomando a atitude do pai de família que põe na ordem a rapaziada sobreexcitada. P&P percebem a mensagem e logo a seguir vêm à televisão trunfar (isto na quarta-feira). C&C, que estavam charrados até não poder mais, enfrentam a ressaca e Jerónimo, talvez abençoado pela fradaria, assume as rédeas da jigajoga. Vamos bailando!


11.10.15

Mota Engil

Não estávamos nada virados para virmos aqui dar uns palpites, mas depois da bola redonda e antes de mais um jogo da bola oval lá vimos que havia novidade na Mota-Engil e resolvemos fazer umas contas para ver se a coisa tem interesse. E até nem é que a análise fundamental nos agrade por aí além, nem que estejamos investidos nesta pantomineira, mas temos no corpo este vício de tentar entender as coisas e já que nos divertimos um bocado com isto porque não fazer um serviço público descomprometido? 

Tanto quanto nos é dado perceber, a Mota (EGL) pretende fabricar 44.394.294 de novas ações, que venderá (no mercado? Preferencialmente aos acionistas?) ao preço mínimo de 2,4814 €, para financiar a retirada da bolsa de Amesterdão das 18.000.000 de ações da Mota África (MEAFR) que aí estão cotadas, pagando 6,1235 €/ação, um valor 62,3% acima do fecho de sexta-feira. 

Isto são os valores se tudo correr de acordo com o previsto, mas o número de ações a emitir pode não ser tão elevado, ou porque o preço de emissão calhe ser mais alto (dependendo, eventualmente, da reação do mercado e da cotação das ações que estão em bolsa), ou porque a Mota Engil África esteja significativamente acima dos 6,12 € e não haja vendedores para satisfazer inteiramente o comprador. 

Portanto, no máximo, o capital da Mota passará das atuais 204.625.695 ações para um total de 249.029.989, havendo uma diluição de 21,6%, sendo que os acionistas recebem em troca mais 18% dos resultados da MEAFR. Ao contrário do que normalmente temos visto em AC, por exemplo, na banca, aqui não temos um despejar de dinheiro sobre prejuízos mas sim uma operação normalíssima (em bolsa, bem entendido) de gestão de ativos e de aproveitamento de condições do mercado. 

Diríamos que ficávamos admirados se a Mota não reagir de forma muito positiva a esta notícia. Por um lado, o negócio faz todo o sentido, atendendo àquilo que já se sabia sobre o desencanto dos Motas com o desempenho da africana, e faz todo o sentido do ponto de vista empresarial, pois faz voltar à casa mãe a totalidade de uma área geográfica do negócio que, apesar de estar numa fase má, é inegavelmente um valor de futuro. Por outro lado, será difícil que isto tenha pernas para andar se as ações no mercado estiverem na mó-de-baixo e temos ainda o picante de saber como vão atuar os curtos que estão investidos (só a Blackrock tinha no passado dia 5 mais de 3 milhões de ações emprestadas vendidas; irão fechar a posição ou vão aguentar o tranco?). Claro que melhor deverá estar a MEAFR que amanhã vai fazer certamente a alegria de quem nela entrou nas últimas semanas. Com essa valorização e a perspetiva (para já especulativa) de que as novas ações sejam atribuídas aos atuais acionistas numa altura em que já tenham desconto, atribuímos nota alta à administração da Mota (faz lembrar o engenheiro Belmiro nos tempos em que a bolsa dançava o vira ao ritmo da Sonae) e somos de parecer que é provável que as ações a 2,48 estejam realmente a desconto. Veremos!

O gráfico da EGL tinhamo-lo postado no FB na 6ª feira, mas a pedido de várias famílias colocámo-lo aqui também já com a atualização de fecho de semana (e que semana): parece que já sabiam. Bruxos!

Temos Ltd justo no valor de fecho. Dissemos que gostávamos de uma quebra dos 2,28€ mas estávamos na retranca por causa de um possível falso break. Agora com a notícia ficamos convictos de que essa possibilidade fica mais remota e damos como provável uma ida à SMA200:


A tendência de longo prazo ainda é bastante negativa e estamos em crer que continuará a ser por mais algum tempo. Notem que se o AC for avante teremos 44 milhões de novas ações a entrar no mercado a 2,48€. Contudo, no curto e até no médio prazo (a AG é só a 23 de novembro), ficamos com a ideia de que podemos ir bem mais acima. Claro que podemos estar a ver mal a coisa e um fecho negativo amanhã põe-nos em posição de ter de assumir que a análise estava errada. A quebra em baixa dos 1,93€ é de fugir! 

7.10.15

Ugly ducks

Não! Não vou escrever sobre o BCP!

Começo por dizer, assim só para impor o devido respeito, que as cotadas mencionadas neste post há um ano atrás valiam para lá do dobro do que valem hoje. Uma delas valia o quádruplo! Se tivermos em conta que o índice neste momento não vale mais nem menos do que o que orçava nessa altura então acentua-se o tal respeito e a necessária, mais do que a habitual, prudência.


Chegamos-lhe a traçar o destino, pouco simpático, caso quebrasse em baixa os 1,93 mas o que é certo é que a tipa lá se aguentou, redopiou e recuperou o norte. Após quatro dias de tentativas eis que a Mota Engil consegue superar o valor quebrado e nós, que damos sempre razão ao mercado, tenha ele as razões que tiver, mudamos a nossa perspectiva negativa para positiva caso quebre, em fecho, a zona dos 2,15 e consequentemente quebre a linha de tendência descendente, de já longo prazo. A ajudar ao sentimento positivo estará, certamente, o cruzamento das médias móveis em alta (vejam, no gráfico abaixo, o disparo que levou a cotação quando tal sucedeu por meados de Junho). Para cima, vemos como resistência os 2,48 mas não descartamos, para as mãos menos trémulas, uma ida à sma200 (tracejado a preto). Para baixo, médias móveis (9 dias a azul, 21 dias a vermelho). Se as quebrar, sempre em fecho, é mandá-la lixar outro.


O outro meio valor perdido a que me referi tem na sua empresa um serviço chamado Banifast! Rápido a perder dinheiro, uma conclusão também ela rápida, para quem por exemplo foi ao AC. No entanto, se a chamo até aqui, é porque também pode dar. E de uma forma rápida. E muito. Vejam o gráfico que se segue e abstraiam-se dos fundamentais. Se todo o mercado, não só o nosso, na última semana tem vindo a carburar porque raio o Banif não ganhará também com isso? Se quebra os 0,0041, e só se quebrar, eu vejo os 0,0051 como destino. Se a mão for fraca e se se derem por satisfeitos com o pilim amealhado podem despachar na possível projecção de um fundo em V, nos 0,0048! A acontecer, vai tudo aparecer. Volume, cruzamento das médias móveis e melhor ainda, dinheiro nos bolsos! Se não acontecer, sem problema. Também não se meteram nelas.


A PHarol, a tal dos 3/4 de riqueza para o tecto num ano é o pato feio que se segue. O tiro de partida (e desculpem-nos mas vão surgindo tantas oportunidades que nos é difícil estar atentos a todas elas e sobretudo partilhar quando surgem) foi cá dado, entre as quatro paredes, na segunda-feira pelo principal dinamizador desta casa. Relembro as palavras do Fernando, aqui escritas, pela altura do primeiro aniversário do NeB e que agora faço questão de sublinhar e na íntegra subscrever. Os meus amigos certamente não me levarão a mal por este reparo a quem tanto nos tem ajudado a evoluir e seguramente que o posso fazer por todos os que nos acompanham e aos que prestaram atenção, por ex. e sem recuar muito, à leitura prévia das subidas do BCP, das alterações no BPI e seu impacto no mercado. Bem, está dito, e quando se merece nunca fica mal nem peca por desnecessário! Um bem haja ao David por nos enriquecer todos os dias. 

Siga para a análise. 

Entre o início de semana e hoje, a ex-PT subiu qualquer coisa como 35% mas pode não ficar por aqui e mais uma vez o gráfico fala por si só. Se amanhã seguir a valorizar vemos os 0,405 como primeiro obstáculo mas se os quebrar a sma200 parece destino sem grandes curvas. Se a coisa amanhã não der para trás ganha suporte na zona dos 0,35-0,36. Fiquem com o boneco e tirem as vossas conclusões.


Prudência e tudo mais mas caramba, o prémio em todas elas é de belo valor. Além do mais já estamos mais do que  acostumados à dicotomia risk/reward. Em jeito final um reparo ao índice que hoje foi testar a sma200 e retraiu como seria expectável e dizer que parece mais ou menos evidente que as cotadas beneficiam quando o índice sobe, e até aí tudo certo, mas também não é menos verdade que pode acontecer uma mudança de títulos na carteira no sentido de aliviar cotadas com indicadores já esticados e privilegiar outras mais frescas para galgar terreno. Se o PSI20 consolidar pela zona dos 5400/5500 parece-nos de todo razoável essa tal troca de títulos ou também podemos fazer a leitura inversa. A troca de títulos levar a manter o equilíbrio e criar a consolidação no índice.

Tudo isto e tudo mais, no one knows. Veremos!

PSI20

A festa está boa e nem me apetece dizer nada não vá a caldo entornar. Vou arriscar, ainda que o gráfico do PSI20 fale sozinho:


Percebe-se a retração de hoje no final da sessão se virmos que foi bater de frente com a famosa SMA200 (linha vermelha), mas ao ver tanta gente de fora a falar em correção iminente fico com a ideia de que qualquer correção (que mais cedo ou mais tarde será inevitável) vai ser estancada pela avalanche compradora daqueles que não tiveram tempo de entrar dada a rapidez do movimento. 

A mim, contudo, parece-me mais ou menos claro que não podemos ir muito mais para cima enquanto que as médias móveis de mais curto prazo não se aproximarem da linha vermelha. E a verdade é que elas ainda estão lá longe. Se este bull market for para valer diria que era saudável termos aqui 15 dias a marinar entre a média móvel dos 200 dias e os 5320, para dar tempo a que ocorra algo semelhante ao que se passou no início de março passado (ver gráfico). Quando virem que a linha verde (EMA9) salta para cima da linha vermelha, metam a carne toda no assador que vai sair uma coisa esperta até ao final do ano. Nesse caso, ficarei tão otimista que aposto num rebentar dos 6400 pontos no arranque de 2016. O ponto de entrada natural, se pousar lá, é portanto na zona dos 5320 e se o virem por essa zona petisquem que não se vão arrepender.