11.10.15

Mota Engil

Não estávamos nada virados para virmos aqui dar uns palpites, mas depois da bola redonda e antes de mais um jogo da bola oval lá vimos que havia novidade na Mota-Engil e resolvemos fazer umas contas para ver se a coisa tem interesse. E até nem é que a análise fundamental nos agrade por aí além, nem que estejamos investidos nesta pantomineira, mas temos no corpo este vício de tentar entender as coisas e já que nos divertimos um bocado com isto porque não fazer um serviço público descomprometido? 

Tanto quanto nos é dado perceber, a Mota (EGL) pretende fabricar 44.394.294 de novas ações, que venderá (no mercado? Preferencialmente aos acionistas?) ao preço mínimo de 2,4814 €, para financiar a retirada da bolsa de Amesterdão das 18.000.000 de ações da Mota África (MEAFR) que aí estão cotadas, pagando 6,1235 €/ação, um valor 62,3% acima do fecho de sexta-feira. 

Isto são os valores se tudo correr de acordo com o previsto, mas o número de ações a emitir pode não ser tão elevado, ou porque o preço de emissão calhe ser mais alto (dependendo, eventualmente, da reação do mercado e da cotação das ações que estão em bolsa), ou porque a Mota Engil África esteja significativamente acima dos 6,12 € e não haja vendedores para satisfazer inteiramente o comprador. 

Portanto, no máximo, o capital da Mota passará das atuais 204.625.695 ações para um total de 249.029.989, havendo uma diluição de 21,6%, sendo que os acionistas recebem em troca mais 18% dos resultados da MEAFR. Ao contrário do que normalmente temos visto em AC, por exemplo, na banca, aqui não temos um despejar de dinheiro sobre prejuízos mas sim uma operação normalíssima (em bolsa, bem entendido) de gestão de ativos e de aproveitamento de condições do mercado. 

Diríamos que ficávamos admirados se a Mota não reagir de forma muito positiva a esta notícia. Por um lado, o negócio faz todo o sentido, atendendo àquilo que já se sabia sobre o desencanto dos Motas com o desempenho da africana, e faz todo o sentido do ponto de vista empresarial, pois faz voltar à casa mãe a totalidade de uma área geográfica do negócio que, apesar de estar numa fase má, é inegavelmente um valor de futuro. Por outro lado, será difícil que isto tenha pernas para andar se as ações no mercado estiverem na mó-de-baixo e temos ainda o picante de saber como vão atuar os curtos que estão investidos (só a Blackrock tinha no passado dia 5 mais de 3 milhões de ações emprestadas vendidas; irão fechar a posição ou vão aguentar o tranco?). Claro que melhor deverá estar a MEAFR que amanhã vai fazer certamente a alegria de quem nela entrou nas últimas semanas. Com essa valorização e a perspetiva (para já especulativa) de que as novas ações sejam atribuídas aos atuais acionistas numa altura em que já tenham desconto, atribuímos nota alta à administração da Mota (faz lembrar o engenheiro Belmiro nos tempos em que a bolsa dançava o vira ao ritmo da Sonae) e somos de parecer que é provável que as ações a 2,48 estejam realmente a desconto. Veremos!

O gráfico da EGL tinhamo-lo postado no FB na 6ª feira, mas a pedido de várias famílias colocámo-lo aqui também já com a atualização de fecho de semana (e que semana): parece que já sabiam. Bruxos!

Temos Ltd justo no valor de fecho. Dissemos que gostávamos de uma quebra dos 2,28€ mas estávamos na retranca por causa de um possível falso break. Agora com a notícia ficamos convictos de que essa possibilidade fica mais remota e damos como provável uma ida à SMA200:


A tendência de longo prazo ainda é bastante negativa e estamos em crer que continuará a ser por mais algum tempo. Notem que se o AC for avante teremos 44 milhões de novas ações a entrar no mercado a 2,48€. Contudo, no curto e até no médio prazo (a AG é só a 23 de novembro), ficamos com a ideia de que podemos ir bem mais acima. Claro que podemos estar a ver mal a coisa e um fecho negativo amanhã põe-nos em posição de ter de assumir que a análise estava errada. A quebra em baixa dos 1,93€ é de fugir! 

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