É um hábito de que faço ponto de honra nunca estar presente nestes momentos em que os mercados viram casino. Desta vez, a euforia que se viveu antes do dia D e que antecipamos aqui tornaram a tarefa bastante mais fácil: o possível ganho com a vitória do bremain tornou-se fortemente desfavorável face ao risco de vitória do brexit.
Nem curto nem longo no dia das decisões, não significa que não se embarque na loucura quando tudo estiver consumado.
Mas nós, nem isso!
À posteriori fica-se sempre ressabiado, porque, olhando para trás, é evidente que hoje havia negócios que podiam e deviam ter sido feitos. Vejam o gráfico do BCP, com um canal cuja base era um ponto de entrada evidente.
Numa ação líquida muita gente vai valorizar aquele canal e tentar antecipar que depois do toque na base, mais cedo ou mais tarde tocará no topo! Evidentemente, toda a posição terá que ser desfeita na quebra em baixa: são as regras do jogo que, não tem, portanto, grande ciência. Quem aproveitou logo no início está de parabéns, mas a entrada no fecho já se faz a quase 15% do ponto de stop loss, pelo que o risco pode não compensar!
Nestes dias, o pânico de uns é sempre a oportunidade de outros, e há movimentos que acabam por marcar os gráficos de uma forma que perdurará no tempo. Vejam, por exemplo, a vela feita pela EDP Renováveis:
Brutal!
A nossa aversão a entradas no mercado nestes dias de grande stress tem razões fundadas na experiência. É ótimo sair vencedor aqui, mas jamais nos devemos esquecer de como é grande o risco nestes momentos.
Muitos têm comparado o que se passa agora ao que experimentamos aquando da falência do Lehman Brothers. Nessa altura, o verdadeiro pânico viveu-se no dia 6 de outubro de 2008, a seguir ao fim-de-semana em que, temendo o estrangulamento de todo o sistema financeiro americano, o presidente Bush assinou o decreto presidencial que autorizava o bailout de 700 mil milhões de dólares. Nesse dia, o PSI20 caiu 9%, num ano em que as quedas já iam em 40% (cotávamos na casa dos 7000 pontos) e até ao mínimo do ano, 20 dias mais tarde, ainda desceríamos 15%!
Claro que as situações não se podem comparar, nem a história se repete, mas jamais nos devemos esquecer de que a maior parte dos que vendem estão a contar comprar mais barato e quando tantos estão a vender, então...
Bom fim-de-semana!