1.8.14

Fim de festa

Antes de irmos de férias, não queríamos deixar de tentar perceber onde é que esta hecatombe pode parar. Olhando para o gráfico do PSI, ficamos com a ideia de que o ponto em que estamos é justamente um ótimo ponto para haver ressalto. Aliás, ou há ressalto aqui ou arriscamos mais 10 a 12% de queda já na próxima semana! Resta saber se o rácio ganho/risco é compensador. Vejam o gráfico, mas continuem a ler antes de tentarem apanhar espadas de samurai a cair do céu:


O problema é que já toda a gente percebeu que o BES vai ter que ser nacionalizado. Neste momento, com a cotação ao valor que está, e o banco com o buraco que se conhece (a que temos que somar o que se desconhece), creio que rapidamente vai deixar de haver dúvidas no espírito dos grandes investidores: entre perder os 20 cêntimos por ação que restam e ter que abichar com um montante pornográfico num AC, mais vale ficar vermelho de uma só vez! Para já ainda está tudo na expetativa, mas estamos em crer que vai ser só uma questão de tempo até que toda a gente se conforme com a má sorte que teve. Entretanto vamos ouvindo música, como a cançoneta que nos puseram hoje de que estão a desenhar uma solução mista. Dá vontade de os mandar a todos pó ca**lho! Para nós, arraia miúda, resta-nos a consolação de saber que os génios gestores de fundos da Blackrock, do Goldman Sachs ou os japonas do Nomura, que enfiaram graveto sem jeito neste navio naufragado, com artilharia pesada não fizeram melhor do que o maior pudengo caça nicas. Da próxima vez que esses exploradores de caça grossa tiverem vontade de experimentar um destino exótico como este cantinho à beira-mar, vãos-lhes esfregar o gráfico do BES nas ventas para que aprendam a ter tino! Para o BES, depois de toda a dor e choque, virá a gestão pública e, quiçá, a exemplo da CGD voltem os lucros! Até lá, temos muita pena, mas a incerteza vai ser tão grande e o impacto na economia tamanho que, tememos bem, vão andar ursos à solta na nossa bolsa! 

E já agora que estamos a falar de coisas tristes, olhemos para a PT. O que se passou na PT é um exemplo amplificado à extravagância do conhecido hábito de descapitalização de empresas que tanto entusiasma o empresário luso. Em 2010, a PT vendeu a sua participação na operadora móvel brasileira VIVO por uns incríveis 7500 milhões de euros, pagos pelos espanhóis da Telefónica que, como se sabe, também não tinham problema nenhum em contrair dívidas. Como o Governo da altura meteu na cabeça que não era possível a PT sair do Brasil, encarregaram esse sábio que dá pelo nome de Granadeiro e a sumidade Bava para nem perderem tempo e comprarem uma operadora qualquer que falasse com sotaque. De modo que a PT pegou em metade da massa da Telefónica e comprou por atacado e como se não houvesse amanhã 23% de uma empresa de 2ª categoria e semifalida chamada OI. OI! É isso daí! E que fez com o resto do graveto? Ora, que havia de fazer? Pagar parte da dívida? Que disparate! Investir? Que despropósito! Inovar? Estás louco?! Distribua-se pelo pessoal sob a forma de dividendos! E assim foi! Que gente porreira! Agora vejam o que aconteceu à cotação:


No final, graças ao nacional porreirismo e ao saque sem escrúpulos, a PT transformou-se na empresa do MEO, tendo trocado o filão de ouro pelos tostões furados, e desbaratado em três anos uma fortuna que nos pagava os juros da dívida pública de um ano inteiro. Entretanto, continuou a troca de favores entre os amigalhaços, no bom estilo uma mão lava a outra, até acontecer aquilo que ninguém tinha antecipado. Houve alguém que não pagou a conta e deu cabo dos amigos todos. Fim de festa para esta malta porreira. 

2 comentários:

  1. Sobre o BES, não haverá alguma possibilidade de sofrer uma OPA?

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  2. OPA ... só se for do governo angolano . sempre ficavam com o BESA

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