De entre os BRICs talvez fosse o Brasil o mais dependente de expetativas futuras. No tempo da presidência de Lula da Silva a alta do preço dos metais e, de forma muito especial, a descoberta de enormes reservas de petróleo inundaram o país de liquidez injetada por investidores deslumbrados com as promessas de ganhos que supostamente não encontrariam em mais lado nenhum do mundo.
Excitados com a teoria do peak oil, a salivar ante os ganhos brutais que os países do Médio Oriente ou até a Venezuela de Chavez tiveram quando o barril chegou aos 150 dólares e ávidos por investir as enormíssimas reservas de capital que tinham sorrupiado ao Zé Manel, não faltaram artolas a canalizar recursos absurdos para a empreitada de extrair crude de jazidas que se encontram a mais de 5000 metros debaixo do oceano. A peta de que o petróleo iria esgotar lá para 2040, que enfiavam na cabeça das criancinhas desde o jardim de infância, entranhou-se de tal forma na grande massa cinzenta global que até uma empresa de 5ª categoria como é a GALP, vinda de um país endividado até ao tutano, se avalançou aos leilões dos poços brasileiros.
Mas o petróleo não vai acabar. E nem é preciso, nem faz qualquer sentido, ir buscar petróleo a reservas que estão lá no fundo do mar, da mesma forma que é absurdo capturar um asteróide para lhe sacar os metais! E nem sequer estou a falar do shell oil que é fruto de uma tecnologia recente. Estou mesmo a falar do crude normal que existe em reservas no subsolo.
O Mar Negro (Black Sea) tem uma área 5 vezes maior do que Portugal e uma profundidade média que ronda os 1200 metros (dados da Wikipédia). Mas não passa de um pequeno charco na grande área do planeta. Está a norte da Arábia Saudita que, como sabem, flutua precisamente sobre um mar de crude.
O Mar Negro tem 547000 quilómetros cúbicos de água. Por dia consomem-se em todo o mundo uma média de 90 milhões de barris de crude, sendo que cada barril contém 159 litros de matéria-prima.
Se a água do Mar Negro fosse crude para quanto tempo teríamos reservas?
Sigam-me nesta conta e dividam o volume total de água pelo consumo diário. Não se esqueçam de reduzir tudo à mesma unidade! Provavelmente deu um valor muito grande. Dividam por 365 para obter o resultado em anos! Está feito?!
Se não falharam nada, obtiveram 104726 anos!
Aí está, amigos, se toda a água do Mar Negro fosse crude, teríamos reservas para mais de 100000 anos, mantendo intacto o consumo diário atual.
As conclusões ficam por vossa conta!