20.11.16

BCP

Falar do BCP é sempre uma alegria, porque o tráfego do blogue bate várias vezes no teto e a moral do oráculo sobe em flecha. Hoje até nem temos que inventar argumento para falar no dito, porque as notícias do dia impõem a agenda, de maneira que lá vimos nós mandar mais umas postas de pescada a ver se o mercado nos dá razão. 

Já sabem que o nosso forte não é a adivinhação e também temos pouco jeito para as artes mágicas, mas como nos falta a vergonha, vamos já dizer-vos o que nos parece que vai acontecer nos próximos dias.

Há gente preocupada com o valor pago pelos da Fosun, que foi, de facto, uma ninharia, se compararmos com a cotação histórica do BCP e com os valores de que se fala para o NB. Todavia, digo-vos já que isso agora não interessa para nada, e ainda que possa haver gente impressionável a vender por causa de os chinos entrarem na casa dos 1,10 €, ninguém com tino se vai sentir melindrado por causa disso! 

O adiamento da AG pode também causar urticária a alguns mãos leves e levar a umas vendas de gente que queria decisões para amanhã, mas também é assunto mais do que cagativo: é ponto assente a subida dos direitos para os 30% e para os de Angola também! Há quem diga que estes últimos só estão a fazer bluff com o pedido para aumentar a posição, mas eu acho que é para valer: a dos Santos vai vender no BPI e não quererá perder o pé no BCP o que lhe garante uma posição na banca europeia! Acima de tudo, era fora de órbita desistir agora que o BCP tem capital chinês

Agora o que eu acho que vai realmente mexer com as cotações! 

Neste momento, é claro que há interesse em entrar no capital do banco. Apesar de todas as dificuldades, provisões, prejuízos e imparidades, a verdade é que a brutal desvalorização em bolsa colocou a cotação num patamar em que há interessados no negócio. A entrada dos chineses ao preço a que foi ainda torna a coisa mais inebriante porque muitos vão achar que, para um banco com negócios na Polónia, em Portugal, Angola e Moçambique é capaz de ter sido pechinchona. Notem que, muitas vezes, os negócios só parecem pechincha depois de terem sido consumados por outros. Foi o caso, por exemplo, da compra do Banif pelo Santander: ninguém o queria por preço nenhum, mas depois de se saber da venda até o BCP veio dizer que foi pena não se ter feito ao piso...

Neste momento, Fosun e Sonangol têm todo o interesse em se entenderem porque, se ficarem com 30% do capital, cada uma, podem controlar o banco e, no futuro, aumentarem o capital para valores que diluirão completamente a posição dos restantes acionistas. É por isso que eu continuo a achar que, a partir do momento em que for desbloqueada a situação dos limites de voto, vamos assistir a uma luta pelo poder, com compras em bolsa, como os chineses já assumiram que poderiam fazer (vejam aqui as nossas contas, que ainda se mantêm atuais - multipliquem as cotações por 75 e dividam pelo mesmo valor o número de ações)! Só depois teremos aumentos de capital, para solucionar a escassez de capital do banco e pagar os Cocos!

Mas as compras podem começar já...

Até hoje ainda havia gente com receio de que os chineses desistissem e que o BCP ficasse numa posição absolutamente terrível (até porque o pedido da Sonangol para aumentar a posição podia afastar os da Fosun, porque há o risco de o BCE não autorizar, impedimento que será válido para todos - julgo que autorizará porque os angolanos continuarão longe de controlar a maioria do capital), mas agora somos em crer que estarão reunidas as condições para que a luta se inicie. A ser otimistas, coisa que somos mais facilmente do que pessimistas, não vemos motivos que possam impedir os angolanos (e até os chineses) de tentarem comprar já até aos 20%, porque achamos que se esperarem são capazes de comprar mais caro depois de a especulação estar toda montada!

Se bater certo, evidentemente, vai subir!

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