26.4.15

BCP

A semana que ora se inicia promete ser interessante para a banca (notem que dizemos "promete"! Vocês sabem como são as promessas em bolsa!).

Dois acontecimentos em particular podem mexer com as cotações e julgamos que pode haver margem para as levar no sentido correto.

Por um lado, temos a assembleia geral do BPI na próxima quarta-feira e, a menos que haja mexidas na oferta do CaixaBank (CB), é certo que a desblindagem dos estatutos, como impõe a oferta dos catalães, será chumbada. Será que vamos ter subida do preço da oferta para abalar as convicções dos acionistas e tramar a D. Isabel dos Santos?

Se acham que sim, comprem BPI (convém que seja antes, e nem vale a pena olharem para o gráfico)! 

Se acham que não, tomam como provável que no BPI fique tudo mais ou menos na mesma, mas pode haver dinheiro escondido no BCP.

Este está à espera do que se decide quanto à OPA (sendo que os do CB já disseram que a OPA não acaba mesmo que os estatutos não sejam desblindados! Eu só não entendo como é que eles vão aceitar serem donos de 50% do BPI e só mandarem nos 20% correspondentes aos direitos de voto!). Com a opção Novo Banco (NB) excluída, e a OPA pré-chumbada, ao BPI só restará a fusão com o BCP. E toda a gente sabe que, em época de fusões e aquisições, não é possível que a banca nacional continue como está, pelo que uma das três hipóteses vai suceder. Para a cotação do BCP a compra do NB pelo BPI era má, a OPA do CB má é (as duas, evidentemente, por um aumento da concorrência). Já a fusão é boa não só pelas sinergias que vai criar mas também por todo o bailado que implica com reflexos que são, por norma, positivos (claro que há fusões desastradas, como bem sabe quem guardou ações da PT).

Mas o BCP ainda tem mais uma argumento para convencer os que estão vendedores. A 4 de maio (não é uma 6ª, mas sim uma 2ª feira. Uhmmmmm!!!) apresenta resultados relativos ao primeiro trimestre depois do fecho e no dia seguinte de tarde há a conferência de imprensa em que é costume fazer previsões para o que resta do ano. Estando previstos lucros, não me admiraria nada que o mercado passasse boa parte da semana a especular acerca da envergadura dos mesmos! E outra especulação: haverá notícias do reembolso ao estado?

Quanto ao que nos diz o gráfico, ora vejam:


Estão ali as médias móveis a chatear um bocado (as que costumamos usar nesta casa: a verde E9, amarelo E21 e vermelho S200). Nesse aspeto, ainda não se aconselha compra, mas nada que aflija muito dado que podemos bem viver com um falso break na descida.

Colocamos duas linhas a tracejado que balizam, quanto a nós, os valores a vigiar em fecho: acima da verde reforçamos e abaixo da vermelha largamos a carga. No meio, estamos quietos a ver onde param as modas. 

Já se aperceberam de que, apesar do volume manhoso já metemos umas quantas ao saco (homem prevenido...), não só porque gostamos do comportamento na zona dos 0,083, mas também porque nos fomos apercebendo de que não faltam caçadores de pechinchas, isto é, marujos que vão comprando devagarinho, para não causarem celeuma, mas que, no final do dia, perdem a paciência e puxam um bocado mais pelos galões. E esta gente costuma saber o que está a fazer, de maneira que queremos estar junto deles!

Parabéns e mais...


Como hoje é dia de festa, cá fica um pouco de loucura em jeito de PARABÉNS A VOCÊ, ao David, ao Fernando, ao Renato, ao N€B!!


Aproveito também para agradecer o convite que me foi endereçado para fazer parte integrante deste poço inesgotável de sabedoria e muito mais que isso deixar a minha profunda satisfação por ao longo deste último ano ter acompanhado o blogue como leigo leitor e o quanto isso, simplesmente, me enriqueceu em todos os aspectos, não só no que aos mercados financeiros diz respeito mas também e sobretudo quanto ao nosso meaning of life!! Nesta senda também não quero deixar de destacar, porque o conhecimento advém sobretudo da partilha, o Pedro Alves e o Hugo Senra por serem os companheiros de análises e de luta diária nas peripécias que os dias, por vezes loucos, nos vão reservando; o Tiago Esteves e o seu Surfar a Tendência pelo seu talento e disponibilidade em muitas ocasiões e nas excelentes formações que tive o prazer de assistir; ao Grupo Bulls&Bears e a todos os seus membros pela troca de ideias que nos fortalecem cada vez mais. Obrigado, bem hajam...E continuemos na luta!!!


Uma espécie de boletim meteorológico

(O texto que se segue é do Renato que está sem acesso ao computador. Por esse motivo, publico-o eu!)

O nosso blog está de parabéns! Acaba de completar o seu primeiro aniversário. Mas mesmo para «alguém» de tão tenra idade já sabe umas coisas, como já puderam verificar. Uma delas, e todos já se aperceberam disso, é que a bolsa não é uma coisa fácil. Todo o esforço dos milhares de pessoas, profissionais ou amadores, que seguem as bolsas por todo o mundo é tentar perceber o que vai acontecer a seguir e tirar proveito disso. Há aqui algum paralelo com  a meteorologia: também eles têm por missão prever o comportamento de algo que não é completamente previsível, e por isso apresentam os seus estudos da matéria com a probabilidade de ocorrer. Quantas vezes não aconteceu, com o tempo ou metaforicamente com a bolsa, haver previsão de sol e saímos para a rua e, desprevenidos, apanhamos com a chuva em cima e maldizemos da nossa vida? Ou, haver previsão de chuva e tranquilamente nos deixamos ficar em casa, não aproveitando o sol que faz lá fora e, cheios de inveja, observamos aqueles que o apanham na cara? Muitas vezes, não é?

Mas é mesmo assim. Se a bolsa fosse algo de fácil previsão não existiria. Por falar em previsões, há muito que se fala de uma tão aguardada correção nos índices americanos, e ela nunca mais acontece. Aliás, tirando o DJIA, estão todos em máximos. Vimos, num dos artigos que tanto falam, desde há meses, na tão esperada correção, um gráfico que talvez venha trazer alguma luz sobre o que possa estar para acontecer.


O nosso gráfico mostra a evolução do SP500 e do fluxo de capitais nos mercados americanos. Os dois movimentos tendem a ser síncronos e observa-se agora um desfazamento considerável. Ou seja: o índice sobe à custa de cada vez menos dinheiro disponível para investir. Será que é desta que se pode pensar em investir nuns warrants put ou entrar curto em cfd's?

Como vai estar o tempo para a semana? O sol brilha à nossa frente. Mas serão nuvens o que vemos lá ao longe? Eu cá por mim acho que vai chover. No mínimo uns aguaceiros.


Bons negócios

Um ano a negociar em bolsa

O tempo é uma coisa marada! 

No nosso tempo de crianças um ano era uma eternidade e dentro desse intervalo estava contida tanta aprendizagem, tantas novidades e experiências inovadoras, tantos desafios superados, tanto crescimento... tanta velocidade! É a Relatividade de Einstein (é Física, como não podia deixar de ser): quanto maior for a velocidade, mais o tempo estica! O tempo é, pois, relativo: depende não apenas da nossa velocidade como um todo (Mecânica), mas também da velocidade das partículas que nos constituem (Termodinâmica).

Porquê a lição de Física? 

Porque já não somos crianças!

Porque o tempo continua a passar, mas agora muito mais depressa!

Porque todos os dias aprendemos incomparavelmente menos do que aprendíamos dantes!

Porque se não partilhamos conhecimentos não vamos ter tempo!

Porque se não procuramos entender e ficamos pelo superficial vamos falhar! E falhar! E falhar...

Porque se falhamos e não aprendemos vamos desistir!

E se desistimos não vivemos... sobrevivemos!

Porque já se passou um ano!


Para quem anda nos mercados, infelizmente, o tempo passa ainda mais depressa e temo bem que fiquemos velhos antes dos outros. 

Mas vale a pena! Curtimos à brava, vivemos por inteiro, com força, com alma e com os sentidos sempre apurados. Às vezes andamos perdidos de cagaço, mas depois há as alturas em que somos os gajos mais bonitos da festa! Oh, se somos! E é tudo passageiro e louco, apenas números!

Perdemos dinheiro como se fôssemos milionários, mas não desistimos; ganhamo-lo como se ele crescesse nas árvores e não ficamos satisfeitos. E compreendemos! Acima de tudo, compreendemos! Apesar de na maior parte das vezes só compreendermos depois de nos termos enganado. 

Aprendemos a ignorar o que não interessa e a focarmo-nos no essencial, garantimos que pensamos sempre pela nossa cabeça, apesar de ouvirmos os outros, assumimos as nossas decisões até ao fim, pagamos pelos erros, aprendemos e seguimos em frente. Vivemos!

Desde o início investimos essencialmente no que é nosso, na nossa pobre bolsa de valores, e justificamos muitas vezes porquê. Na bolsa tudo sobe e tudo desce e podemos ganhar com a subida e com a descida, mas há uma máxima de que não abdicamos: se complicarmos, vai correr mal!


No dia em que começamos, o PSI20 abriu nos 7342 pontos. Subiria até um máximo de 7596, para depois descer aos 4602 e em seguida recuperar até aos atuais 6038 pontos. Pelo caminho ficou o BES (logo no primeiro ano levamos com uma falência, coisa a que nunca tínhamos assistido no nosso tempo nos mercados), e assistimos à destruição da PT. O gráfico seguinte sintetiza o que se passou no PSI20 nas 247 sessões que passaram desde que abrimos portas:


Agora é tempo de olhar em frente porque um ano não é nada! Queremos continuar a partilhar a nossa visão do mercado e a usar nos nossos negócios aquilo que outros como nós estão dispostos a partilhar connosco. 

A partir de hoje, para além de mim próprio, David Ferreira, do Fernando Pereira e do Renato Ribeiro passamos a contar com o contributo do João Duarte, um jovem com formação em marketing, chegado há relativamente pouco tempo aos mercados, mas que tem feito um percurso bastante sólido em termos de desempenho bolsista, alicerçado fortemente na componente de análise técnica de gráficos, mas também numa atenção muito apurada aos factos do quotidiano que fazem mexer com as cotações.

Nos próximos dias, vamos também republicar alguns dos nossos posts pedagógicos que ficaram esquecidos na avalanche de publicações deste nosso primeiro ano de atividade.

Uma palavra de agradecimento para todos aqueles que nos acompanharam e nos visitam! É a vossa visita que nos dá a motivação para perdermos algum tempo todas as semanas com o fornecimento de material para esta casa. Esperamos ter contribuído para que ganhem dinheiro! 

Permitam-nos que realcemos o contributo dos amigos do Colégio onde leciono e que são grandes conhecedores de bolsa e de investimentos: Fernando Pereira, Nuno Marques, Rui Figueiras, Agostinho Mota, Tiago Barbosa, Miguel Oliveira, Damião Porto, António Ferraz, António Coelho e José Gonçalves. Outra menção especial para os amigos dos grupos Bulls & Bears e Bolsa - Stock Market..., de forma especial o Nuno Filipe Alves e o Nuno Cortez. Sem a vossa partilha, estávamos mais pobres!

Continuemos...

25.4.15

Parabéns NB

Apesar te ter escrito pouco, tenho orgulho de estar na génese deste projecto. Fui convidado pelo mentor para criar - mos este blogue e nem hesitei,  apesar dos parcos conhecimentos do assunto e de dois anitos que nem deram para aprender a pegar na tesoura para a poda.  No entanto, não se pode recusar partilhar ideias com alguém  como este meu amigo. A sua visão "out of the box", ajudou-me imenso a disciplinar as minhas ações nos mercados financeiros e não só.  Ajudou-me também a aceitar a derrota, o que aqui significa perder dinheiro, o que para a maioria das pessoas não é fácil e as leva à frustração e, por consequência a desistir.  Tem uma visão periférica fora do comum e uma cultura invulgar  que lhe permite ver mais longe. Como costumo dizer, ele vê na "não notícia" normalmente grandes negócios e ignora ruídos usados por "sharcks" (agora esta na moda e eu ate fui Personal Trainer de um deles durante uma década) para distrairem os desprevenidos. Assume o erro com algo necessário na aprendizagem de quem quer sobreviver nos Mercados Financeiros e mais importante de tudo!!!!! a forma de ensinar/partilhar é simples e eficaz: nunca dá, nem peixe, nem pão, (já me ofereceu vinho...e do bom) ensina-nos a pescar (permitam-me a ousadia ao que nos seguem de colocar isto no plural) e ainda por cima de forma gratuita. Quem segue o nosso blogue, não leva com postes enfadonhos nem com discussões da treta, como muito do que vejo por aí. Parabéns ao Negociar em Bolsa e em especial a este meu amigo David Ferreira. Iremos ter novidades com a entrada de um quarto elemento para acrescentar valor... (já lancei veneno, agora esta nova aquisição já não pode escapar). Venha de lá a jantarada que se pode tornar numa tertúlia bolsista e onde estão todos convidados. A última foi interessante mas o assunto referente à "galinha" ainda não anda a pôr ovos. Obrigado a todos os que nos acompanham e orgulho enorme em te ter como amigo David.

23.4.15

Que dia? O nosso PSI esta a aguentar-se à grande mesmo com o DAX a malhar forte. O ataque tem sido frequente. Amanhã será um dia importante ( como todos claro). A ação do povo, vulgo BCP , fez-me saltar fora .0842 na reação matinal e não reentrei mais. Mas no fecho houve quem as quisesse rapidamente. Com a luta pela manutenção ao estilo final de epoca futebolistica, o artista voltou a fazer fecho interessante. Estou em pulgas.... Claro, não esquecer os Americanos a construírem novas torres quase gémeas, pelo menos no que toca aos seus índices.  Esperemos é que não apareça nenhum tolo de avião amanhã.  Não sei nao...

21.4.15

Ressaltos

Três exemplos de como dar a devida atenção às linhas de tendência, quando há correções, acaba por ser recompensador! 




19.4.15

EDP e BCP

Se vocês pensam que a bolsa foi inventada para que nós nos pudéssemos entreter a comprar e vender ações estão redondamente enganados. A bolsa resulta da necessidade de juntar pessoas com excesso de liquidez a empresas e projetos com necessidades de financiamento. É um projeto meritório, portanto! Apesar de tudo!

Caso vivêssemos numa era pré-banca moderna e tivéssemos a ideia de montar um qualquer negócio, mas não houvesse capital suficiente para a empreitada, restava-nos a alternativa de procurar sócios com quem fossem divididas despesas, responsabilidades e lucros futuros. Foi esta necessidade de fazer convergir aqueles que tinham ideias com os que dispunham de capital que, com o tempo, levou à invenção da empresa (sociedade anónima de responsabilidade limitada), que limitava a responsabilidade dos sócios ao capital investido, e que, por sua vez, possibilitou o desenvolvimento do mercado de capitais onde os donos do capital investiam a seu bel-prazer nos projetos que mais os seduziam, tendo a liberdade plena de mudar de opinião, comprando ou vendendo posições quando lhes aprouvesse. O financiamento bancário, sem ser sinónimo de usura, veio depois e resultou precisamente do desenvolvimento do mercado de capitais.

Sendo a bolsa o local onde as empresas cotadas se financiam, estando sujeitas a um grande número de regras de informação de modo a manter a credibilidade do mercado, nada é mais natural do que assistamos regularmente a operações que têm precisamente esse mesmo objetivo.

Na semana que passou tivemos notícia precisamente de dois casos distintos de operações de financiamento lançadas através do mercado, uma pela EDP e outra, já no final da semana, pelo BCP. Vamos falar dessas duas empresas e dizer aquilo que nos parece quanto ao futuro das respetivas cotações em bolsa.

A EDP, que é a mais endividada empresa portuguesa, emitiu 750 milhões, tendo pago um juro de 2% a 10 anos e não teve dificuldade em encontrar investidores. Da operação, nada a dizer a mais do que foi dito na imprensa.

Quanto ao comportamento em bolsa, foi com pena que tivemos que fechar a posição que tínhamos na sexta-feira, mas já explicamos que o PSI20 não nos deixou alternativa (ver aqui). Felizmente, andávamos investidos na EDP, que foi das que menos caiu, o que nos limitou as perdas, mas ao entrega-la a outros deu-nos um aperto no peito, porque a verdade é que a miúda continua com bom aspeto (malvado PSI). Ora vejam:


Dirão que nos precipitamos duas vezes: compra antes da quebra do máximo histórico e venda antes da quebra da linha de tendência ascendente (notem que a empresa teve a EMA21 a segurá-la, o que só reforça a ideia de que, até ver, a correção está mais do que na normalidade). Não podíamos estar mais de acordo! Aliás, os anteriores recuos da EDP à Lta resultaram em ganhos de cerca de 10% nos dias seguintes, pelo que não haverá falta de quem acredite que o mesmo se repetirá já a seguir. Sabíamos tudo isto na sexta-feira, mas a estratégia está montada no sentido de obedecer em primeiro lugar ao movimento do índice e só depois ao de títulos em particular (é muito difícil que uma ação aguente suportes se o índice os quebrar consistentemente) e não há nada mais catastrófico do que termos uma estratégia que funciona e não a implementarmos por uma questão de improviso. De resto, vendemos com margem suficiente para que ainda possamos reentrar se o mercado nos piscar o olho e, se isso acontecer, a EDP está, com certeza, na nossa mira!

Falemos do BCP que também veio pedir que o mercado cumpra a sua função financiadora. Neste caso, a empresa pretende pagar aos obrigacionistas não com notas do BCE mas com novos títulos que vai criar a partir do nada, isto é, vai pôr a trabalhar a máquina de fazer notas que todas as empresas cotadas ganham o direito de usar por terem entrado no mercado de capitais. Sim, trata-se de um aumento de capital, pequeno é certo (428 milhões), sendo que, em vez de entrar dinheiro, evita-se a sua saída!

Do ponto de vista da empresa o negócio faz todo o sentido e vem, mais uma vez, demonstrar como parece ajuizada a gestão do Nuno Amado. Elimina-se passivo sem corrosão de ativo, torna-se o banco mais sólido, poupam-se juros e aumenta-se a capacidade de proceder a empréstimos o que pode vir a ter um impacto nos resultados futuros. De caminho, pode ser que surja disponibilidade para liquidar o empréstimo estatal!

Para os acionistas há uma diluição de quase 10% nos dividendos futuros, o que, numa leitura direta retiraria o mesmo valor à cotação da ação. Claro está que a leitura não pode ser feita dessa forma porque a diluição pode ser compensada por resultados positivos e dividendos mais rapidamente. Para além disso, com a queda de 13% nas cotações esta semana, o fator diluição pode estar mais do que compensado.

Olhando para os obrigacionistas (não me dei ao trabalho de ir ver que taxa de juro estão a auferir e qual a maturidade do investimento - deixei essa tarefa para vós), a troca só fará sentido se tiverem a perceção de que as ações podem valer mais do que 8 cêntimos mais os juros que receberiam. E que melhor tónico haverá para essa perceção que o facto de elas já estarem bem acima desse valor quando forem chamados a tomar uma decisão? 

Somado tudo, depois da queda da semana, espoletada, provavelmente, por vendas de gente que já estava a par da operação parece-nos que o efeito negativo que pudesse advir estará mais do que assumido. Mesmo o receio que pode ser causado pela entrada no mercado de mais essa pipa de 5300 milhões de novas ações tenderá rapidamente a ser relevado, porque a operação só será aprovada a 11 de maio e as novas ações serão admitidas, evidentemente, depois disso!

Portanto, estamos em crer que o efeito nas cotações de mais este anúncio de AC esbate-se passando os primeiros minutos de negociação de amanhã. É possível que possa haver alguma turbulência inicial, mas à hora a que entram ao serviço os manda-chuvas que mexem com o mercado, a notícia já será velha e já todos estarão virados para o comportamento geral dos mercados por essa Europa fora. Para o BCP o que passará a contar será a apresentação de resultados do dia 4 de maio (estão prometidos lucros! De quanto?), pelo que até podemos ter um movimento bastante positivo!

O que nos preocupa um bocado é o gráfico que ficou em pantanas depois do malho:


Aceitamos que haja quem veja um suporte na zona dos 8 cêntimos, mas não lhe conseguimos dar uma importância de maior (se amanhã reagir imediatamente para cima, passamos a marcar uma linha horizontal nesse valor). À falta de melhor pusemos lá as retrações de Fibonacci e elas dão-nos valores de compra nos 0,0789 e nos 0,0748 (valor que pode ser atingido se houver quem ache que os 10% de diluição são para retirar puros à cotação de fecho de sexta-feira). Duvidamos que lá vá, a não ser que os mercados continuem em modo bearish. Para cima, talvez a SMA200 nos 0,0877 possa agora travar a recuperação, mas também não será por aí que vai haver espiga, se o mercado aceitar como boa a notícia do AC: quando a quebra é repentina e o povo se arrepende a subida também é feita sem problemas (notem que também não acreditamos que voltemos já para valores acima dos 9 cêntimos: é que muita gente ficou escarmenta é se a apanha a esses valores vai ser difícil convencê-los a não vender)!

Bons negócios para todos!

16.4.15

12.4.15

Índices

Os principais índices europeus estão todos em máximos históricos e, portanto, poucos motivos haverá para vender. Claro que nos próximos tempos vai estar tudo a olhar para a decisão que os gregos vão tomar relativamente à alhada em que estão enfiados. Ou seguem para bingo ou atalham para desmanche. Decidam como decidirem gosto, mas ainda bem que eu não sou grego! Como se a coisa não estivesse já suficientemente má para os do Syriza, agora até já nem os mercados lhes ligam peva e seguem alegremente em festa enquanto eles se contorcem a fazer de conta que podem evitar estender a mãozinha e baixar o joelhinho! A ideia com que se fica é que os mercados vão contando que nenhum governante grego será suficientemente radical para arriscar o próprio pescoço quando o povo perceber que depois de uma bancarrota descontrolada nada mais há a não ser ajuda humanitária. E que mesmo que se decida pelo pior, apesar dos solavancos, a situação vai ser perfeitamente controlável (exceto para os gregos, evidentemente).

Nos gráficos europeus, a não ser para day traders (o que não é a nossa onda) nada há a extrair a não ser um claro deixar rolar. 

Nos americanos aproximamo-nos de um terceiro ataque a máximos. Surpreender-nos-ia que não quebrássemos desta feita, até porque há muita hesitação saudável e estamos longe de sobrecompra. No S&P pode dar direito a 50 pontos de subida até ao topo do canal. Verifiquem:


E oiçam música:

Três gráficos

Hoje não tenho tempo para muito, de maneira que vou deixar os gráficos praticamente falarem sozinhos.

Na Galp a quebra em fecho dos 12 coloca pressão imediata na zona entre os 12,90 e os 13,15. Não cremos que seja para já, uma vez que o movimento vai esticado e não falta quem não tire de ideia vê-la a fechar o gap deixado nos 10,90 (claro que o dinheiro fresco em que os bancos estão atolados tem uma palavra muito importante a dizer nas correntes condições do mercado, pelo que tudo aquilo que dissermos deve ser lido sem esquecer que vivemos tempos excecionais). A nós não precisavam de nos fazer sinal se a víssemos a pousar nos 11, mas a tal quebra dos 12 também não nos deixa indiferentes. Aos valores atuais não nos interessa!


A Jerónimo foi a vencedora do concurso de beleza de sexta-feira e quiçá graças à revisão em alta do BPI fechou em máximo do dia. Agora, aproximou-se de uma zona que nos parece bastante complicada e que culmina na estupenda zona de resistência de 30 cêntimos acima dos 12,90. Não cremos que quebre já; no ano passado nunca conseguiu (claro que no ano passado já andava tudo desconfiado do BES e este ano está tudo animado com o BCE: faz diferença, não?). Se a virmos na lta é uma boa compra, e se quebrar os 13 com força, diabo, vamo-nos a ela. A estes valores, preferimos que outros façam o trabalho!


A Mota não passou a resistência e deu para trás. É das poucas que não está (nem esteve este ano) sobrecomprada e talvez por isso não nos dê vontade nenhuma de a comprar (é incongruente mas ninguém disse que a bolsa era uma atividade lógica). Acima dos 3,66 talvez dê uma boa compra (se apresentar bons resultados, quebra-os de um gás só). Daí para baixo arrenega!


11.4.15

PSI20

Ora vejam como ficou o PSI20 depois desta semana e digam-me lá se vale a pena ou não vir cá picar o cartão se queremos tratar de encher os bolsos de papel colorido.


O artolas vai com tanto gás que, em 4 dias, lambeu o retângulo laranja e vimo-nos à rasca para lhe deitar a mão. Agradeçam ao super Mário que o mérito é todo dele. É certo que quase metade da subida semanal do PSI ficou-se a dever à trepadela furiosa da Galp, mas não nos podemos esquecer que desde o Nikkei no Japão aos americanos, passando pelos principais índices europeus tudo está a dar dinheiro a ganhar e não é nada pouco. Efeitos que um QE sempre tem e que podem vir a ser reforçados numa altura em que já há quem ande a falar de um plano chinês. Seria, para dizer pouco, bombástico.

Quanto ao PSI20 mandam a regras do bom-senso que descanse aqui, mas nós francamente vemos tanta gente que foi apanhada de surpresa pela subida decidida desta semana que não excluímos uma ida direta aos 6560 pontos (nos 61,8% da retração de fibo). Achamos que uma quebra desse valor marca o verdadeiro início de um bull market de longo prazo no índice português, pelo que não vemos como provável uma quebra ao primeiro embate. Pontos de apoio em caso de correção é ver o gráfico que está lá tudo!

Seja como for, celebremos o bull! Já estava com saudades!


7.4.15

De regresso ao trabalho

Chamem-me cagarola (ou estraga-fodas, ainda que não vá dar necessariamente no mesmo), mas a verdade é que ando sem vontade nenhuma de pôr dinheiro neste mercado. Talvez precise de ver o PSI20 dentro da caixa laranja para me convencer de que ainda há grampo que pode vir para o lado de cá em tempo útil, porque com 27% de subida no que vai de ano e a aproximação de datas tão importantes (decisões na Grécia, eleições no Reino Unido, etc.) ninguém me tira a ideia de que precisávamos de consolidar antes de nos abalançarmos a mais subidas. 


O meu problema, e de todos aqueles que pensam como eu, é que nós estamos a viver tempos excecionais por causa do extravagante manancial de dinheiro fresco que o BCE anda a colocar no mercado. Tempos como estes são um desatino pegado porque só se tivermos poderes mágicos é que conseguimos adivinhar por que porta é que o dinheiro vai entrar para nos colocarmos de maneira o podermos surfar a enxurrada.

Veja-se, por exemplo, o que se passou hoje com a Galp. O Diário Económico (DE) já disse que a picada foi por causa da subida do preço do petróleo, e há quem aponte a análise da CaixaBI como a causa do feito, mas a mim ninguém me tira a convicção de que com a debandada da banca e os camiões de cacau sempre a atestar os cofres restaram poucas alternativas a quem está encarregado de alocar o pastel para dar conta do recado. Vai daí, e porque o gráfico também disse que sim, apostou-se nos refinados. O DE diz que vai aos 11,40 e nós até nem discordamos, embora a coisa não deixe de ser uma carta de jogar. 


A notícia de que o Ulrich queria comprar o NB ao preço da uva mijona e que o BdP já lhe disse que não, teria à partida duas leituras:
  • Há boas propostas pelo NB e:
    • não vai ser necessário os outros bancos cobrirem perdas estatais;
    • se o ex-banco salgado vale muito, então os outros muito valem.
  • Com o BPI fora da corrida, perfilam-se como vencedores os chineses que são por demais conhecidos por não facilitarem quando está em jogo investir à grande. Ora eu nunca vi que a entrada de chineses numa determinada área de negócio tenha sido positiva para quem já tem a tenda montada. Se é para concorrer, diabo, que ninguém queira a concorrência dos de olhos em bico. São foda!
Claro que a primeira leitura levaria as cotações para cima, ao passo que um aumento da concorrência é, evidentemente, motivo para quedas. No final, o mercado decidiu-se pela segunda opção e eu não acho que tenha feito mal.

No BCP a zona dos 0,089 é de compra (suporte e SMA200), até porque se quebra não precisamos que nos assobiem para largar a carga. Entrando, expomo-nos à hipótese de que o mercado reconsidere a leitura de hoje e venha, feito catavento, dizer que o aumento de concorrência é mais do que argumento para retomar a ideia de fusão com o BPI, levando à correspondente correção.


Mas, sou-vos franco, onde eu tenho pena de não estar investido é na Portucel. A papeleira malcheirosa tem um daqueles gráficos que cheira tanto a dinheiro que é impossível não se ficar pedrado por atascar a carteira com tão interessante produto. Confiram:


Agora há ali um topo de canal que pode emperrar o movimento, mas a notícia de que o dividendo deste ano corresponde a uma rendibilidade de 10% vai continuar a atrair compradores porque toda a gente sabe que esse tipo de juros não existe em mais lado nenhum. Bem sei que há a correção das cotações no dia de ex-dividendo, mas ninguém está aqui a falar em esperar para embolsar os dividendos, mas apenas em apanhar o movimento antes dele se esgotar (no ano passado, esta mesma trampolineira subiu 15% nos 15 dias que antecederam os dividendos e depois arriou coisa de 27% no 4 meses que se seguiram). 

Não se esqueçam, também, que este diabo já leva 40 e tal por cento de subida este ano, o que significa que já há muito boa gente suficientemente satisfeita para começar a pensar em partir para outra. Parecendo que não, é um azar muito grande um indivíduo ser o último a entrar numa caca em que toda a gente andava a ganhar dinheiro. Mas é o tipo de azares que acontece a muito boa gente quando se põe a olhar para gráficos que têm o aspeto do da Portucel. Uma chamada de atenção adicional para esta notícia que pode vir a ter desenvolvimentos bastante desagradáveis.

1.4.15

Comentário pascal

Vale a pena postar quando não se tem nada de relevante a dizer? Vale a pena chatear os nossos amigos com conversa fiada sobre bolsa quando a bolsa está em modo de consolidação e, a menos que sejamos ases do day trade, pouco sumo poderá se extraído do mercado por comparação com o que ele deu nas últimas semanas? É de senso andarmos, feitos lorpas, no entra e sai do mercado quando aqueles que entraram em janeiro estão a distribuir para descansar? Não é e nem precisávamos de estar na semana que antecede a ressurreição para darmos a nós próprios uns dias fora a gozar o cacau que o mercado, generoso, teve a sensatez de reservar para nós!

Mas o mercado, todos sabem, não dorme e é preciso mantê-lo permanentemente debaixo de olho não vá o estafermo fugir e deixar-nos feitos mamões a chuchar no dedo. Fugir aqui significa simplesmente que deixamos o tolo subir tanto que só entramos quando aqueles que realmente mexem com as cotações já estão de saída. É que, sabem, há muito boa gente que acha que esta jogatana é sobre comprar barato e vender caro e farta-se de perder dinheiro e massa cinzenta a tentar fazer esse trapezismo. E nunca conseguem, porque o barato pode sempre ficar mais barato e o caro também não tem limite, de maneira que vem o dia em que deitam a fugir e mais ninguém os vê! Isto da bolsa é antes uma questão de apanharmos uma tendência e embarcarmos nela tão cedo quanto possível. Por isso, convém ir seguindo a marosca nem que seja de longe e não perder de vista os benditos gráficos, que nos dão super poderes para manobrar contra as forças do universo. 

Portanto, nada de forçar a barra quando a tendência de curto prazo não está definida (esqueçam o longo prazo, porque como bem dizia Keynes nesse estaremos todos mortos).

No PSI20, os percursos 5350-5750 e 5800-6100 eram de tendência de subida de curto prazo e havia que pôr toda a carne no assador (como sói dizer-se), sob pena de perdermos movimentos que nos deixariam a salivar e prontos para entrar quando o mercado estivesse muito menos atraente.

O intervalo 6100-6450 está tão cheio de obstáculos que é preciso cartima para ganharmos dinheiro a negociá-lo. E olhem que os tempos não estão para grandes euforias: esta cena da Grécia está a ser levada nas boas, porque ninguém acredita que o Tsipras os tenha no sítio para começar a pagar os salários em dracmas, mas, sem querer ser dramático, não vemos assim como tão implausível que num destes fins de semana venha de lá a notícia de que os gregos optaram por deixar os credores à espera: com o BCE em plena atividade, a inflação baixíssima e as bolsas com ganhos generosos pode perfeitamente começar a ganhar forma a ideia de que abrir o precedente do lado da rutura é menos custoso do que fazê-lo do lado da conciliação.

Uma quebra dos 6470, se possível numa terceira marrada, e não nos precisam de dizer mais nada para voltarmos a pôr todo o nosso ouro a trabalhar nas ações (vejam o gráfico em postes anteriores porque, mais coisa menos coisa, a validade é a mesma). 

Até lá, há casos pontuais em que pode valer a pena apostar em títulos específicos como são aqueles que pagam altos dividendos e têm por esta altura uma atratividade especial. Mais uma vez, para tirar partido desses movimentos é necessário entrar cedo, porque, como todos sabem, no dia do ex-dividendo as cotações ajustam e o movimento tende a esgotar!

Boa Páscoa para todos!