7.4.15

De regresso ao trabalho

Chamem-me cagarola (ou estraga-fodas, ainda que não vá dar necessariamente no mesmo), mas a verdade é que ando sem vontade nenhuma de pôr dinheiro neste mercado. Talvez precise de ver o PSI20 dentro da caixa laranja para me convencer de que ainda há grampo que pode vir para o lado de cá em tempo útil, porque com 27% de subida no que vai de ano e a aproximação de datas tão importantes (decisões na Grécia, eleições no Reino Unido, etc.) ninguém me tira a ideia de que precisávamos de consolidar antes de nos abalançarmos a mais subidas. 


O meu problema, e de todos aqueles que pensam como eu, é que nós estamos a viver tempos excecionais por causa do extravagante manancial de dinheiro fresco que o BCE anda a colocar no mercado. Tempos como estes são um desatino pegado porque só se tivermos poderes mágicos é que conseguimos adivinhar por que porta é que o dinheiro vai entrar para nos colocarmos de maneira o podermos surfar a enxurrada.

Veja-se, por exemplo, o que se passou hoje com a Galp. O Diário Económico (DE) já disse que a picada foi por causa da subida do preço do petróleo, e há quem aponte a análise da CaixaBI como a causa do feito, mas a mim ninguém me tira a convicção de que com a debandada da banca e os camiões de cacau sempre a atestar os cofres restaram poucas alternativas a quem está encarregado de alocar o pastel para dar conta do recado. Vai daí, e porque o gráfico também disse que sim, apostou-se nos refinados. O DE diz que vai aos 11,40 e nós até nem discordamos, embora a coisa não deixe de ser uma carta de jogar. 


A notícia de que o Ulrich queria comprar o NB ao preço da uva mijona e que o BdP já lhe disse que não, teria à partida duas leituras:
  • Há boas propostas pelo NB e:
    • não vai ser necessário os outros bancos cobrirem perdas estatais;
    • se o ex-banco salgado vale muito, então os outros muito valem.
  • Com o BPI fora da corrida, perfilam-se como vencedores os chineses que são por demais conhecidos por não facilitarem quando está em jogo investir à grande. Ora eu nunca vi que a entrada de chineses numa determinada área de negócio tenha sido positiva para quem já tem a tenda montada. Se é para concorrer, diabo, que ninguém queira a concorrência dos de olhos em bico. São foda!
Claro que a primeira leitura levaria as cotações para cima, ao passo que um aumento da concorrência é, evidentemente, motivo para quedas. No final, o mercado decidiu-se pela segunda opção e eu não acho que tenha feito mal.

No BCP a zona dos 0,089 é de compra (suporte e SMA200), até porque se quebra não precisamos que nos assobiem para largar a carga. Entrando, expomo-nos à hipótese de que o mercado reconsidere a leitura de hoje e venha, feito catavento, dizer que o aumento de concorrência é mais do que argumento para retomar a ideia de fusão com o BPI, levando à correspondente correção.


Mas, sou-vos franco, onde eu tenho pena de não estar investido é na Portucel. A papeleira malcheirosa tem um daqueles gráficos que cheira tanto a dinheiro que é impossível não se ficar pedrado por atascar a carteira com tão interessante produto. Confiram:


Agora há ali um topo de canal que pode emperrar o movimento, mas a notícia de que o dividendo deste ano corresponde a uma rendibilidade de 10% vai continuar a atrair compradores porque toda a gente sabe que esse tipo de juros não existe em mais lado nenhum. Bem sei que há a correção das cotações no dia de ex-dividendo, mas ninguém está aqui a falar em esperar para embolsar os dividendos, mas apenas em apanhar o movimento antes dele se esgotar (no ano passado, esta mesma trampolineira subiu 15% nos 15 dias que antecederam os dividendos e depois arriou coisa de 27% no 4 meses que se seguiram). 

Não se esqueçam, também, que este diabo já leva 40 e tal por cento de subida este ano, o que significa que já há muito boa gente suficientemente satisfeita para começar a pensar em partir para outra. Parecendo que não, é um azar muito grande um indivíduo ser o último a entrar numa caca em que toda a gente andava a ganhar dinheiro. Mas é o tipo de azares que acontece a muito boa gente quando se põe a olhar para gráficos que têm o aspeto do da Portucel. Uma chamada de atenção adicional para esta notícia que pode vir a ter desenvolvimentos bastante desagradáveis.

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