19.1.16

BCP

Sei que há muitos frequentadores desta casa que são proprietários de ações do BCP e que estarão a pensar no que fazer perante esta sucessão de episódios de terror com que o banco nos brinda a cada passo. Evidentemente, não há muito que se possa dizer do ponto de vista fundamental, nem nos parece que isso seja importante neste momento. Olhando para o volume altíssimo negociado na sessão não me surpreenderia que tenha havido desfazer de uma posição qualificada e olhando para as declarações dos últimos dias sou mesmo em dizer que é provável que a Blackrock tenha deitado a toalha ao tapete e ande a abandonar o barco. Aliás, até sou moço para dizer (mas não apostar) que a queda de hoje anda de mão dada com esta notícia (alguns fundos têm que fazer alocações geográficas, pelo que é possível que um desbanque não seja um abandono completo).

Trabalhemos esta hipótese!

A Blackrock, da última vez que comunicou ao mercado, detinha 2,22% do capital do BCP, ou seja, cerca de 1200 milhões de ações. Se, por hipótese académica, hoje largou 400 milhões, reduziu a posição em 1/3 e terá que comunicar ao mercado, pelo que logo saberemos! Resta saber se vai alijar a carga completamente ou se está apenas interessada em reduzir a posição. Olhando para a brutalidade da descarga, diríamos que não está muito preocupada em dar uma sacudidela grande nas cotações, pelo que é de admitir que estará com pressa. Continuando nesta alegre especulação, não custa digerir que vai continuar a descarregar em grande: por norma, estes movimentos de institucionais fazem-se numa base de maior organização em negócios fora da bolsa, mas com a gosma com que estes trampolineiros andam, damos de barato que queiram fazer da nação valente um exemplo para o mundo (contas feitas, se forem mesmo eles, vão abichar uma menos-valia de cento e tal milhões na jogada com o Millenium, uma autêntica pechincha por comparação com a bojarda que apanharam no NB). Estou a imaginá-los de dedo em riste: "se é para confiscar, que mais ninguém neste mundo e arredores tenha a triste ideia desses atrevidos dos tugas que se puseram a enrab... (perdão!) tirar aos ricos; tirem aos contribuintes que eles são mais, são néscios e não se queixam; onde é que vocês tinham a cabeça, seus grandessíssimos desconhecedores dos meandros e das regras de funcionamento dos mercados financeiros globais? Quilhar a malta da pesada para poupar uns empregos e nos impostos dos remediados? Que carago de ideia foi essa? Ah!"

Agora falando a sério: é de aproveitar este dilúvio e deitar a mão a uma tranche para nós?

Diria que depois do flop da venda do NB e de termos pago à grande para vender o Banif, a valorização dos bancos portugueses deve, logicamente, ser revista em baixa e não admira que esse ajuste seja feito, mas o BCP ao preço de fecho de hoje vale menos de 2000 milhões de euros e eu, que não sou contabilista, sinto-me inclinado a achar que o maior banco português valer isso é, pelo menos, tentador (contas de gajo que vai ao supermercado e é responsável pelas guloseimas)! Claro que a 1000 milhões fica melhor... and so on!

Resumindo, sou rapaz para dar uma dentada, mas garanto que vou ponderar muito bem as odes de apanhar parte dos tabefes da fúria dos indignados da pesada! Entradas agora são para gente afoita ou para aqueles que compram para ficar para os netos e eu não me enquadro em nenhum desses perfis, pelo que temo fazer asneira!

Tecnicamente, o BCP está todo partido, e só em 2012 é que conseguimos encontrar valores que possamos usar para fazer as vezes de suporte (são tão antigos que já devem ser suportes podres). Seja como for, no semanal não há registo de fechos abaixo de 0,0320€ e o mínimo histórico está na zona dos 0,0270€ (estes valores praticamente fazem do BCP uma penny stock com todas as consequências que daí advêm). Não há muito mais a dizer a não ser talvez referir que com 28% de queda nos 19 dias que tem este ano deve estar a preparar-se para estabelecer um novo tipo de recorde! E ressaltos, há?

Não conseguimos fazer melhor que pôr este gráfico semanal. 


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