3.1.16

Para início de conversa...

Aqueles que nos seguem já sabem que andamos neste mister de negociar em bolsa sem ilusões nem constrangimentos, o mesmo é dizer-se, estamos prontos para mudar de opinião ao ritmo a que o vento muda de direção. Não estamos aqui para investimentos de longo prazo (para isso íamos para o imobiliário, p.e.), nem para nos afeiçoarmos à mercadoria em que investimos (para isso vamos negociar arte ou bólides de coleção, p.e.). A Bolsa coloca à nossa disposição a possibilidade de mudarmos de opinião ao segundo e não devemos nunca enjeitar a oportunidade de reconhecermos o nosso próprio erro. Aliás, se não o fizermos corremos o risco de pagar a fatura com línguas de palmo! Só para usar um exemplo que muitos reconhecerão, quem não corrigiu o erro de ter comprado BCP no primeiro dia de negociação de 2015 acarreta um desfalque de 25,6%, sendo que precisará de uma subida de 34,4% só para recuperar do prejuízo. Evidentemente, é possível que o banco venha a voltar a cotar nesses valores e até a superá-los, pelo que o problema principal nem é a chatice de amolarmos por ora com uma perda (embora esse seja um problema bastante aborrecido, até porque o buraco pode crescer); o problema principal é o custo de oportunidade que o dinheiro empatado num estraga-fodas sempre acarreta. Vivemos em dois dias e é sempre má ideia estragar, nem que seja uma nesga de tempo, com material avariado! Claro que para reconhecer que erramos é preciso ter uma bitola que nos permita identificar o erro. É aqui que entra a análise técnica: quando se compra é preciso perceber por que motivo o estamos a fazer naquele momento e não noutro, e que condição nos levará a vender custe o que custar! Na prática há sempre um rácio ganho/risco que é necessário avaliar e temos que ser intransigentes no momento em que o nosso rácio deixar de ser favorável. Num bull market isto é muito fácil de fazer e não levanta problemas de maior, mas quando estamos em maré bear muitas vezes erramos ao assumir um erro que afinal era só aparente: é principalmente por causa disto que muitos profissionais lerpam à grande em bear markets: andam sempre a mudar de curto para longo e vice-versa, a torrar cacau como se fossem fabricantes de chocolate.


Dou-vos um exemplo que creio vir a talhe-de-foice. Depois desta análise do João ao Banif vimo-lo a ir uma segunda vez ao mínimo de 0,0036€ e aceitamos que poderia haver compradores interessados em comprar uma espécie de duplo fundo (my God!). Fomos a ele nos 0,0038€ (erro, porque o João tinha falado e bem na quebra dos 0,0041€), mas estipulamos que um novo toque nos 0,0036€ era a nossa deixa para entregar a pasta a outro. Não foi mais tarde do que o dia seguinte e ainda tivemos a sorte de haver uma alma bondosa que acudiu nos 0,0037€ (não lhe conhecemos a estampa, mas na Bolsa temos que ser uns pelos outros: rezo, com genuflexão, para que não tenha encaixado um prejuízo muito grande!). Da parte que nos toca, não foi agradável queimar numas horas grande parte do graveto que o patrão generoso nos passa para as mãos num mês, mas bem vistas as coisas, evitou-se o pior... Claro que podíamos ter assumido o erro e afinal não era erro nenhum e ele tinha mesmo ido por aí acima e subido em flecha e... é a isto que se chama risco e os negócios são coisas arriscadas, seja na Bolsa, seja em outra arte qualquer!

Agora leiam o que vos quero dizer sobre este início de ano (não é muito!). 

Neste momento, não estou otimista nem pessimista porque, como sempre, há diversos motivos para comprar e outros tantos para vender: daí nunca faltarem os negócios. Em geral, inclino-me para achar que estamos naquela época do ano em que é mais fácil haver subidas (reconstrução das carteiras dos fundos, entradas de investidores que gostam de fazer apostas anuais, etc.) do que descidas (é preciso não esquecer que também há quem se posicione curto). 

No PSI20, ao preço a que estamos, será de esperar por uma quebra, em fecho, e com volume, dos 5400 pontos, onde já tocou duas vezes no passado recente e disse que não. Daí para cima devemos ter 3% de subida até à EMA200 e depois é provável que o momentum próprio dos inícios de ano se encarregue de não nos dar motivos para vender. Se vier para baixo, vamos ver se reentra no canal: se o fizer, vamos aguardar por ele cá em baixo perto dos 4900 pontos. 


Um bom ano para todos, com muitos bons negócios e poucos erros para assumir!

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