Eis um assunto que me interessa bastante, até por dever profissional. E ao contrário do que pensa este artilheiro, que não deve ter tido uma boa escola, eu acho que a esmagadora maioria dos professores não podiam estar mais satisfeitos com estes resultados: finalmente, vemos o nosso esforço diário e o esforço dos nossos alunos a dar fruto e isso é, como toda a gente que trabalha sabe, das maiores recompensas que podemos ter nesta vida!
Mais do que decisões de ministros da educação ou medidas de caráter legislativo, creio que há essencialmente dois motivos que concorrem para a melhoria sustentável ao longo dos anos e para o enorme sucesso alcançado em 2015:
- Em primeiro lugar, há uma postura muito mais ativa dos pais e das famílias em relação à escola. Todos nós que estamos nas escolas sabemos como a família é essencial para o sucesso escolar e como a valorização em casa do que se está a fazer na escola é mais de metade do caminho para o sucesso. A minha filha anda no 4º ano e, com testes de avaliação ao longo desta semana, ninguém saiu de casa no fim de semana passado para lhe podermos dar apoio e para que encarasse de frente as dificuldades enquanto ainda havia tempo para as superar! E a verdade é que, de todos os pais da turma que conhecemos, não houve ninguém que tivesse feito de maneira diferente. Apesar de, por vezes, ainda aparecerem por aí uns pensadores cheios de boas intenções, lentamente temo-nos visto livres da ideia de que o sucesso educativo se alcança sem esforço ou com um trabalho mínimo, para percebermos que há alturas na vida em que a recompensa é tão boa que nem vale a pena falar no sacrifício.
- O segundo grande motivo para passarmos a ser o 2º melhor sistema educativo da OCDE, se considerarmos apenas os alunos do 10º ano, passa pelas aulas de apoio. Não é que o apoio em si mesmo permita esclarecer todas as dúvidas e eliminar as dificuldades. É outra coisa completamente diferente. A massificação das aulas de apoio criou, por um lado, um sentimento de urgência que não existia antes: todos têm apoio e todos se vão apercebendo de que é urgente aproveitar essas oportunidades porque outros as estarão a aproveitar! Por outro lado, o apoio tem eliminado aquela postura tão típica de que os resultados aparecerão sem o esforço individual de cada um. Lentamente, temos passado da velha ideia de que se os meus resultados escolares são maus, então a culpa é da escola, ou dos professores, ou das matérias ou, etc., para uma consciencialização crescente de que o esforço necessário é muitas vezes bastante maior do que julgáramos inicialmente!
Nunca percebi como se passava tanto tempo à procura na Finlândia da receita para o sucesso na escola e gastamos a nossa energia a engendrar motivos para contornarmos o óbvio. Todo o sucesso escolar exige que as crianças sejam permanentemente acompanhadas e incentivadas porque a tarefa que têm pela frente é tudo menos simples, dá muito trabalho e há sempre coisas mais agradáveis para fazer!
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