15.5.17

Como um gato com um chocalho

Vou-vos ser franco: há uma semana, quando disse que vinham aí dias de muita qualidade, com a visita do papa e a vitória do benfas, estava longe de imaginar que iríamos atingir um patamar tão elevado no que aos níveis de exaltação coletiva diz respeito. A verdade é que nós, os portugueses, apanhamos de repente uma onda tão boa que andamos melhor que um gato com um chocalho e, apesar de continuarem por aí os eternos pessimistas que tudo pintam com as cores da caca, quem tem um par de olhinhos e dois dedos de testa deve estar é preocupado com a alocação que vai fazer às poupanças que tem para as por a crescer o mais que possam. 


Bem vistas as coisas, todos os acepipes a que tivemos direito no fim de semana destinaram-se a franjas mais ou menos delimitadas da sociedade: a visita do papa Francisco e as manobras em Fátima, salvo melhor opinião, convieram acima de tudo aos que meteram requerimentos à Senhora ou aqueles que andam a arquitetar a vida eterna, a vitória do benfas foi uma festa para nós, que acertamos nascer com o coração da cor correta, e o feito do Sobral exaltou os que a) acham que se cantou a Música e depois daqui mais nada, b) consideram a eurovisão a bitola mor por que se aquilata a qualidade da música universal e c) são bons a conter o riso e fingem nem reparar quando topam com um moço que faz gestos sem nexo e aparentemente a denunciar loucura!


Foi tudo muito bom e eu gostei de tudo e estou como um amigo que diz que seria mais do que justo que hoje houvesse outra tolerância de ponto para descansar do chuto!

Mas se querem que vos seja franco, o que mais me agradou acima de tudo foram os números do PIB que saíram hoje já depois da refrega. Chamem-me insensível e ovelha negra, mas uma trombada de 2,8% a mim valeu-me por todas as tainadas do fim de semana e explico porquê: é bom para todos e, nesse sentido, até aqueles que não gostam de cançonetas, os que nasceram com o coração verde ou azul (vade retro), ou, ainda pior, os que são ateus (nem o retro lhes vade), podem desfrutar da sensação boa de ser o povo eleito que está na moda e de quem se fala desde Vladivostoque até Pionguiangue (passando por cá, bem entendido)!


A vantagem da subida do PIB é que vai dar dinheiro a ganhar a quem souber o que anda a fazer neste mundo. E não vai ser preciso ver o festival da eurovisão, saltar em cima do carro feito toli por ter as hormonas alteradas graças à capilota do nosso tetra campeão, nem vai ser necessário esperar pelas bençãos sagradas da vida eterna. Nada disso, amigos! Com o PIB do jeito que se pôs e o PSI20 com o aspeto que tem, vai-vos ser suficiente ter os tarecos no sítio (se fordes moça tereis que ter no sítio aquilo que as moças devem ter no sítio para o efeito desejado) e colocar as vaquinhas da fortuna a pastar na planície fresca e verdejante que se abre à nossa frente! 

Quanto a música, evidentemente, para hoje só pode ser esta:


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