Na semana
em que se celebra o Dia da Liberdade (“25 de abril”), o desafio foi lançado: pintar um
mural no interior do Estabelecimento Prisional de Viana do Castelo.
Entrar naquele espaço, "fechado, recortado, vigiado em todos os seus pontos, onde os indivíduos estão inseridos num lugar físico onde os menores movimentos são controlados, onde todos os acontecimentos são registados” (Foucault, 1977), é uma excepção ao principio da liberdade.
Colocar
lado a lado, a “Liberdade” vs Liberdade e Criatividade num espaço condicionado como este EP, foi para mim uma forma original e inédita
de "gritar: Liberdade”. Por outro lado, com a privação da liberdade, os reclusos não perdem o direito de reflectir e aprender, com o intuito de poderem ter acesso à arte.
Ao contrário do que acontece no exterior destes muros, a abordagem passa por transformar uma parede alta, vazia, que não fala(completamente muda), numa janela aberta e não fechada, que apenas e só será contemplada, sentida e interpretada pelos reclusos.
Ao contrário do que acontece no exterior destes muros, a abordagem passa por transformar uma parede alta, vazia, que não fala(completamente muda), numa janela aberta e não fechada, que apenas e só será contemplada, sentida e interpretada pelos reclusos.
A
ideia é trazer para dentro deste EP a “liberdade” de
pensamento, “liberdade” de expressão e “liberdade” criativa; uma forma de igualdade de direitos entre os homens.
O "25 de abril" não foi apenas uma
libertação politica da ditadura, foi também uma libertação da vida, das
energias positivas das pessoas e do próprio amor que também deixou de ser,
também ele, uma palavra proibida.
É um
olhar de abril, uma proclamação das ideias e valores
da liberdade no imaginário destas pessoas (reclusos), que possam ter um
pensamento critico e sair desta “ilusão” colectiva que estão a viver.
Para além de todas as conotações
politico e culturais que possam estar explicitas neste mural, o grande destaque
está nesta analogia em trazer para o presente, parte da iconografia popular
(“cravo”) e fazer lembrar às pessoas que aqui estão e às novas gerações a
importância da “revolução dos cravos”.
As mãos aqui representadas surgem
como uma manifestação corporal do estado interior do ser humano; elas revelam
um quadro completo das pessoas, das suas tendências, dos seus defeitos, dos
seus meios de lutar na vida e o seu futuro imediato.
Elas traduzem/arrastam a voz da
liberdade, liberdade de voar num horizonte qualquer (aqui representado pelas
gaivotas).
Sem comentários:
Enviar um comentário