15.5.17

Da fé nesta geração

Escrevo enquanto oiço, como se precisasse desta energia que, adentrando os ouvidos, sobreexcita a criatividade e, em paradoxo aquieta a mente. (Quem precisa de drogas quando a beleza pura nos toca a cada novo dia, nimbando-nos de viçosa esperança na Humanidade?...)


Como professora "com 20 e 5 anos disto", insisto naquilo que todas as células me dizem e que vou espalhando por aí (e não, não é dos meus olhos!): estamos imersos numa geração pela qual se espalham, como um maná abençoado, sinais de grande comprometimento com a estética, de supremo equilíbrio, com as surpresas de cada vez mais crianças-prodígio, mais alunos geniais (quem não adora, simplesmente, atribuir notas de 20 a alunos brilhantes?), mais noção "adulta e informada" de uma realidade política, económica e social que, se deixarem, os cilindrará, mas à qual estarão atentos, não deixando que o Mal (do medo, do perecível, do degradante, do desumano, dos velhos sórdidos ódios, do ostracismo de todos os preconceitos) tome posse.

Acredito que se às pessoas dermos estética, equilíbrio, respeito pelo que tomarem como seu, responderão nessa medida: interiorizarão o respeito pelo equilíbrio e a estética que mais não são do que os outros nomes daquilo que é o bem-maior, logo a seguir à Liberdade de todos os Homens: a Paz. Esses, por diáfanos, são Seres feitos da mesma matéria das nossa fotografias de infância (Quem não a teve? Quem não foi já criança ao colo de alguém? Quem não se reconhece no afago, no bem-estar, nos olhares benévolos, na ternura ou na vontade de ver felizes aqueles que ama? Na saudade...?). Oferecer o que para nós e os nossos se deseja é a base de tudo o que há de bom. A mim, ensinaram-e que os outros são sempre filhos de alguém, que os outros são nós, rever-se no outro é, em última análise, rever-se  nos "semelhantes" em anseios, compreender as suas motivações, por mais que nos suscitem a mais pesada mágoa, percebê-los nas suas mais minudentes falhas, deslealdades, actos que, desde que os Romanos lhes deram um nome, são de privados vícios, públicas virtudes.

Acredito, sem uma nesga de desvios ou pontos de fuga que o que se dá pode não ser o que se recebe - a vida não nos deve nada, de facto -, mas que equivale a uma espécie de conta que se vai acumulando. Para um futuro qualquer. E se isto nada tem de religioso, tem, par contre, tudo de espiritual: a simples ideia de religião pressupõe rituais, mimeses, mecanizações, por oposição a sentimentos, espontaneidade e intrínseca noção do que está certo com que todos já nascem. Nisso, não há desvios, não há dúvidas, da mesma forma que não há "necessidade de telefonistas para falar com Deus", porque há certezas que vêm de dentro (se é da glândula pineal, de um qualquer guia espiritual ou das próprias células de tudo aquilo a que se convencione chamar "vida", é-me indiferente).

Isto sei: o mundo é cada vez melhor. 
Não preciso de provar o que sei. Nem foi para isso que aqui passei hoje. Apenas para mostrar que se um quase-refugiado das idades dos meus alunos (um quase-homem com 17 anos, mas, afinal, uma criança-prodígio) dá ao mundo 3 minutos do seu tempo - e ad aeternum, Graças aos media a que temos acesso! - para criar Arte pura, quem sou eu, simples mortal, para azedar o meu dia?...

Fica apenas mais este desabafo de uma mulher que, podendo ser sua avó - com mais trinta anos do que este Kristian Kostov - na sua obra vê a perfeição que só pode ter tido o toque divino. 
Temos de nos render, quando a beleza pura da criação artística - que, quase sempre é minimalista, simples, pura e despojada como um claustro - nos permite, em 5 segundos, perceber o talento! Seja pelas cordas de um violino, num salto de skate nas nossas ruas, a rasgar o ar num salto de bailado ou hip-hop, a cantar ou a fazer o que quer que seja que se relacione com CRIAÇÃO ARTÍSTICA, está aí uma geração que nos faz sentir em paz com a Humanidade! Bênçãos às mães que põem filhos destes no mundo! Que a vida lhes seja leve, da mesma forma que é uma bênção sermos elevados do solo por tanta perfeição e talento. 

Um bom resto de dia. Contemplem. &, já agora, Flutuem.  


https://www.youtube.com/watch?v=OCZjiCqEaog


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