Não é exagero dizer-se que os
contratos de futuros e as opções são tão antigas quanto o comércio, mas com o
passar do tempo e, de forma especial, a partir do momento em que se deu o
surgimento do capitalismo, o número de players
no mercado foi subido de forma exponencial. A dada altura, cada um dos amigos
tinha imensos amigos com quem jogar e uma data de possibilidades ao seu dispor
para melhor rentabilizar o comércio que faziam. Chegou o tempo em que mesmo
gente que não tinha nada que ver com o negócio do milho ou das pipocas começou
a ter interesse em participar da jogatana com o intuito de lucrar com a
valorização das opções. Foi aí que todos esses amigos tiveram uma ajuda
preciosa de um amigo grande e supostamente endinheirado: a banca!
Percebendo que havia procura por
produtos derivados de negócios reais, a banca logo tratou de criar oferta que
satisfizesse os interessados. Os WARRANTS são exemplos de instrumentos
financeiros que fazem as vezes de contratos de opções, ao proporcionar aos
investidores a participação na compra e venda de uma dado bem sem que haja a
entrega física da mercadoria em causa.
O amigo Delmiro é um grande
negociante de milho, mas ao contrário dos amigos Antonino, Bartolomeu e
Casimiro o seu interesse sobre grãos e espigas não passa da broa com que
acompanha a sardinha assada. O amigo Delmiro negoceia contratos em que o milho
é o subjacente, utilizando warrants que o banco com que trabalha lhe coloca ao
dispor.
Eis como funciona.
Vamos supor que o alqueire de
milho negoceia, neste momento, a 1000 dólares. O banco emissor cria do nada um warrant call (isto é um warrant para
quem quer ficar longo, apostando na subida do preço) sobre o milho com preço de exercício de 800 dólares,
para daqui por 3 meses (data da maturidade), com uma paridade de 100:1. Isto
significa que quem tiver 100 warrants pode comprar daqui por 3 meses 1 alqueire
de milho por 800 dólares. Assim sendo, cada warrant vai custar hoje a
diferença, 200 dólares, a dividir pela paridade, o que dá 2 dólares. Por esse
preço, o amigo Delmiro adquire o direito de, daqui por 3 meses, comprar 1/100 de
um alqueire de milho por 800 dólares. Claro que, como se trata de um produto
puramente financeiro, o amigo Delmiro jamais terá que comprar o milho, nem isso
lhe interessa. O seu único interesse é a valorização do warrant que adquiriu, valorização essa que vai estar intimamente
ligada à valorização do preço do ativo subjacente, neste caso o milho.
Suponhamos que passado um mês o preço do
alqueire subiu nos mercados para 1200 dólares. Há, portanto, uma valorização de
20% no ativo subjacente. Façamos contas ao lucro teórico do amigo Delmiro. Cada
100 dos seus warrants dão-lhe a
possibilidade de comprar um alqueire por 800 dólares, o que, a preços atuais de
mercado se traduz num lucro de 400 dólares. Logo cada um dos seus warrants vale teoricamente 4 dólares (paridade 100:1),
tendo valorizado 100%. Claro que na prática há outros fatores que afetam o
valor do warrant. Por
exemplo, temos o fator tempo: quanto mais tempo faltar até à maturidade mais tempo
existe para que o warrant ainda possa oscilar. Os warrants do amigo Delmiro ainda têm dois meses até à maturidade e qualquer expetativa do mercado de que o preço do milho possa evoluir numa dada direção refletir-se-á na sua cotação de forma imediata. Na maturidade, o valor do warrant é justamente o valor teórico.
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