Ninguém investe tudo o que tem num exército e em armamento se não estiver na disposição de os usar e, ainda mais sério, sem se sentir tentado a usá-los! Esta é uma velha máxima, a bem dizer de sabedoria popular, que foi ignorada várias vezes ao longo da história da humanidade, sempre com consequências trágicas, a última na década de 30 do século passado quando muitos em França e Inglaterra acharam que podiam negociar com Hitler.
Agora estamos outra vez a braços com gente que aposta tudo em armar-se e é bom que não haja, de facto, ilusões! Não parece que vá ser possível por muito mais tempo ceder à Coreia do Norte, pagando-lhe o resgate da chantagem que anda a fazer com o mundo. Os coreanos têm apostado tudo em material bélico que, mais cedo ou mais tarde, se sentirão tentados a usar, pelo que é razoável admitir que podemos estar metidos num sarilho muito sério em pouquíssimo tempo! Evidentemente, ninguém está à espera que haja loucos tais que iniciem uma guerra nuclear, e poucos acreditam que a Coreia do Norte tenha condições para resistir por muito tempo ou provocar uma guerra mundial. O problema é que basta olhar para um mapa para perceber que os riscos de um acontecimento brutal que envolva a Coreia do Sul (Seul está ao alcance de artilharia do território norte coreano) ou o Japão são assustadoramente reias! E a verdade é que tudo parece estar outra vez nas mãos de gente pouco sã mentalmente e com vontade de ficar na história pelos piores motivos, gente que pode ter à disposição a capacidade de liquidar milhões de vidas sem que se perceba com que objetivo.
Por cá, na Europa, também temos uma ameaça nuclear, em sentido figurado, é certo, mas com um impacto igualmente tenebroso e permanente. Falamos das eleições francesas e de uma possível vitória de Marine Le Pen. Ouvi-la dizer que a França sairá do euro e que a UE desaparecerá em pouquíssimo tempo é de tal forma arrepiante que se torna impossível perceber como é que os franceses podem estar de tão mal com a vida que queiram abalançar-se a esse risco. Vê-la apresentar-se no Kremlin, no beija-mão a Putin, é tão contrário ao que tem sido a nossa maneira de fazer as coisas na Europa ocidental que só podemos pensar que Donald Trump afinal é fofinho. Depois do brexit e da vitória da pândega nos EUA, não nos parece que este terceiro tiraço na crença na racionalidade do ser humano, a acontecer, seja encarada com a mesma bondade e fleuma.
Se juntarmos o Kim coreano à Le Pen francesa muito nos admirávamos se não víssemos os mercados a quinar um bocado nas próximas semanas! E nem precisamos de falar na Síria ou na Turquia. A questão francesa ficará resolvida, dê por onde der, no dia 7 de maio; quanto ao outro, o desiderato não é nada claro: ou se paga para o sujeito se armar mais, ou... Não admira que o medo esteja em máximos anuais, o que, diga-se... nem sempre é mau sinal!
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