Com realização e argumento de Marcel Barrena, 100 metros é a uma história comovente
que trata a doença como todas as dificuldades deveriam ser tratadas na vida, ou
seja, sem pena e sem autocomiseração, e, sempre que possível, com humor. Um
filme que recomendo vivamente.
Baseado numa história verídica, 100 metros conta a história de um homem, Ramón (Dani Rovira), a
quem é diagnosticada esclerose múltipla no auge da sua vida profissional e
familiar. Com menos de 35 anos, é um homem de sucesso numa agência de
publicidade em Barcelona. Vive um casamento feliz, já tem um filho e vem outro
a caminho. Os primeiros sinais da doença são logo devastadores e Ramón deve
iniciar os tratamentos. Os médicos e os outros doentes com quem partilha os tratamentos
anunciam-lhe uma degradação lenta e irreversível, ao ponto de no espaço de um
ano ser incapaz de caminhar 100 metros. Depois de um período de depressão e de
questionamento sobre a vida, este homem decide, contra todas as expetativas,
desafiar o seu corpo. Inscreve-se numa prova de triatlo, cujo nome, “Iroman”, é
uma inspiração para ele e para o filho.
Este filme seria mais um filme sobre a luta corajosa de um
homem contra a doença se o duelo entre Ramón e o seu sogro (Karra Elejalde) não
o dotasse de uma energia e de um humor inesperados. O sogro, intragável, não
esconde a sua aversão pelo genro por considerá-lo pouco Homem e nunca perde uma
oportunidade para lho mostrar, sem dó pela doença do genro. Mas a convivência forçada
entre os dois homens revela no sogro outras doenças, tão destruidoras como a
esclerose. Ambos oriundos de mundos diferentes, a sua relação cresce e
desenvolve-se de forma inesperada.
O filme também revela o mundo desumano do trabalho em que a
doença não tem lugar e em que o homem é apenas um peão facilmente descartável
sempre que este dá mostras de fraqueza ou de incapacidade…
Interpretações brilhantes destes atores, com a participação
ainda de Alexandra Jiménez, Ricardo Pereira e Maria de Medeiros, entre outros.
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