24.8.18

Ponto da situação

Como o vício é grande, não resistimos a fazer uma pausa na clausura a que nos remetemos. Evidentemente, continuamos na faina porque alguém tem que pagar o regabofe e é preciso manter o olhar atento em volta, de modo a que não sejamos apanhados de surpresa. 

Durante o mês, o PSI20 teve um esbardalho engraçado e aposto que, a dada altura, muita gente se pôs a olhar para o horizonte a refletir sobre a possibilidade de não sobrar cheta para liquidar as prestações. Pois bem, com a solicitude (e falta de fiabilidade) que é apanágio desta casa proponho-me lançar alguma luz sobre o que vai suceder daqui em diante.

Esqueçam, por ora, o PSI20 e olhemos para o S&P500 que é para onde estão a olhar os que manobram esta carcaça toda. 


O índice americano regressou a máximos históricos ao fim de 8 meses, o que é um intervalo de tempo muito aceitável para rebentar tudo e continuar a subir. Mas a malta da bolsa é por natureza stressada e vive de tentar adivinhar e antecipar o futuro (a maioria, obviamente, sem sucesso nenhum). Como estão todos atolados de adrenalina e a beira de sufocarem em cortisol, não resta espaço para um pouco de dopamina, pelo que parecem selvagens cercados por leões, prontos a fugir disparados por dá cá aquela palha. O objetivo destes energúmenos é, portanto, serem os primeiros a fugir, mas é fundamental que exista mesmo um leão esfomeado, sob pena de fazerem figura de urso e terem de reentrar na savana com risco acrescido de serem papados. 


Como é que os nossos avozinhos detetavam os leões quando ainda podiam tirar a chicha do dente? Correto: estando atentos aos sinais, um erva irrequieta, um gabiru agitado, um leve aroma a caca fresca, enfim, havia variedade. Nós, que descendemos dos sobreviventes, já não temos esse desassossego de ter que lamber a relva com as truces todas cagadas, mas quem anda nesta arte bolsista ainda vive muitas vezes com o credo na boca a fugir à frente do touro.


E quais são os sinais que obrigam os mais cagões a bater em retirada? 

Um duplo topo é um bom exemplo e é um duplo topo que os mais visionários estão a ver neste momento no S&P. Se o índice descair aqui pode haver oportunidade de comprar um bom bocado mais barato, porque muitos vão começar a especular que a figura se vai impor e desatarão a fugir à frente do touro. E é isto, este palavreado todo só para dizer que o mercado está, neste momento, a balançar entre a hipótese fortemente bullish de romper máximos e a desgraça de se começar a desenhar um duplo topo que acabe com a raça do touro.

Enquanto não houver sinais de fumo branco, o nosso pequenito vai andar a lutar por convencer o pessoal de que a má imagem que deixou na semana passada não passou de um falso break, uma ervinha agitada pelo vento, uma crise de flatulência agravada pelo calor, enfim, uma debandada injustificada de cagarolas que não aguentam com umas valentes cornadas!


Vai ser interessante de ver e eu fico a fazer figas para que estejamos daqui a pouco perante um triplo topo, mas, como estou contente com a forma como a carteirinha continua a trabalhar para mim, vou para mais uma rodada de férias que começo a ficar viciado em pagode! À frente do touro é que não me apanham!

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