5.9.16

CERN (parte 2)

O mínimo que se pode dizer das instalações do CERN é que se trata de uma coisa em grande e que ninguém se pôs com merdas a poupar nas despesas! Só para a construção da jóia da coroa, o LHC, foi necessário reunir 6,5 mil milhões de paus, e o orçamento anual da empreitada ultrapassa os 1100 milhões, 14 dos quais são enviados de cá, da nossa terrinha. E tudo isso para quê, perguntam vocês? Ora, para fazer coisas como a Web, sem a qual estava fora de questão frequentarem este estupendo blogue:


Segundo nos contaram, Portugal, que é membro da organização desde 1985, até é dos países que tem um balanço positivo porque as vendas que faz ficam acima dos custos anuais. E nós somos testemunhas. Para que conste, amigos, não conseguimos trazer umas camisetas made in Portugal todas larocas da loja de souvenirs porque o diabo dos trapos tinham tanta saída que não fomos a tempo de deitar a mão a nenhuma!


Se são dos que não ficam impressionados com o poderio económico da t-shirt, talvez gostem de saber que os contentores de hélio líquido, superfluído à temperatura de 2 K a que tem de ser mantido, também são produzidos em Portugal. Não sei se sabem, mas a temperaturas tão baixas um fluído atravessa paredes, pelo que mantê-lo dentro do reservatório já não é só um problema de válvulas e torneiras, tornando-se, outrossim, num feito tecnológico que está ao alcance de poucos. Aqui fica uma imagem dos mesmos a servir de comprovativo:


Depois do jato lá no centro da cidade, a principal atração pega turista de Genebra é The globe of science and innovation dentro do qual está patente uma exposição bastante aceitável chamada O Universo das partículas (deve ser o nosso!). Arquitetonicamente o edifício não merece reparos e a localização não podia ser melhor: fica entre a portaria do complexo e as instalações da experiência Atlas, uma das 4 principais experiências (6 no total) que decorrem no LHC.




O CERN é território à parte, com uma fronteira própria onde quem não tem cartão não entra. À saída há um artista que vos vai ver a bagageira, como fazia antigamente a guarda fiscal em Valença do Minho, não vá dar-se o caso de serdes contrabandistas de aceleradores de partículas. A terra é atravessada pela fronteira franco-suíça, sendo que do lado francês ficam as montanhas do Jura, famosas pelo termo Jurássico, cunhado em honra dos artefactos que os dinossauros por lá deixaram. Entre o manancial de experiências com que somos presenteados a cada minuto, há apenas uma de âmbito puramente esotérico. Refiro-me à tripe que é colocar uma mão de um lado e outra do outro do marco que assinala a divisão entre o que é dos gendarmes e o que pertence à guarda suíça: em dois países ao mesmo tempo; que cena mais marada!




Uma vez passados os trâmites, damos entrada e, ato contínuo, passamos a fazer parte dos 6000 que todos os dias dão ao cabedal em prol da ciência, da paz no mundo, da igualdade entre os sexos e, já agora, do conhecimento da matéria até ao nível do bosão de Higgs! Não contem com luxos desnecessários, mas não tenham dúvidas de que, uma vez ao serviço, terão todas as condições para que a aventura fique convosco até que os vossos átomos deixem de se interessar por vós.



Sem comentários:

Enviar um comentário