9.11.14

A OPA sobre a PT

A OPA acabada de lançar pela Isabel dos Santos sobre a PT é, acima de tudo, uma oferta por uma fatia de 25,6% da Oi mais os 900 milhões que estão enterrados na Rioforte.

A preços de fecho de sexta-feira a posição da PT na Oi vale cerca de 830 milhões de euros, pelo que a oferta da empresária angolana de 1,21 mil milhões assume à partida uma perda de 520 milhões com a dívida da Rioforte ou se quisermos um prémio de 380 milhões, visto que é certo que o dinheiro entregue aos espíritos santos deve ficar para sempre na companhia dos anjos no paraíso celeste.

A jogada da dos Santos é exemplar (ficamos para já sem saber se chutou para canto os azevedos da Sonae), pois dá a Angola a primazia em termos de comunicações em língua portuguesa. De uma assentada conquista o mercado português e entra no Brasil, criando o tal operador global de que falava o Zeinal Bava. E tudo isso a preço de saldo (para já)! Os mercados como partida de xadrez. É por isso que nós gostamos tanto disto!

A Oi fica aparentemente mais tolhida de movimentos, já que a venda da PT Portugal deixa de ser trigo limpo farinha de amparo, mas estamos em crer que a valorização da PT deve ser suficiente para que o stress não se note. Já os da Altice, que estavam filados na compra da operação portuguesa lixaram-se com efe porque o negócio, pelo menos de momento, deixou de ter razão de ser, já que a administração portuguesa ganhou um trunfo para justificar o veto junto dos brasileiros.

E a nós, o que nos pode tocar?

Começamos por dizer, para início de conversa tão séria, que nós aqui no NeB não possuímos, neste momento, qualquer posição nem na PT nem na Oi (embora gostássemos de estar do lado certo), como de resto é apanágio da casa quando fazemos qualquer análise específica. 

Aparentemente, isto é apenas o tiro de partida e não nos parece que demore muito a que mais gente endinheirada perceba que a negociata se faz em três continentes, o que não sendo inédito é de certeza raro. E tudo o que é raro é caro! Temos portanto negócio capaz de abrir o apetite ao mais enfastiado (e endividado) dos tradicionais concorrentes, a começar, quiçá, pela TIM. 

Acresce um facto que pode levar as cotações para bem acima do preço oferecido pela D. Isabel. A PT tem sido nos últimos temos zona de caça de ursos e, da última vez que verificamos, a posição curta na ação não era despicienda. Ora, com a oferta em curso a cotação passou a estar mais ou menos escorada nos 1,35€, o que retira interesse curto no título pois é pouco provável que haja valorizações expressivas para quem se encontra vendido. Está na hora de os curtos, que têm ganhos elevados, fecharem posições e partirem para outras paragens onde as quedas sejam mais eminentes, pelo que pode haver short squeeze

Estaremos a ver mal ou amanhã é dia de compras?

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