30.11.14

S&P500

Chamem-lhe palpite, mas cheira a correção no S&P500.

 
Não é que o cheiro seja um atributo particularmente fiável na Bolsa, mas há alturas em que nada temos de melhor para poder tomar o pulso aos mercados. E é o caso do principal índice mundial que, como toda a gente sabe, tem andado a marcar máximos históricos consecutivos e subiu 14% sem parar em mês e meio. Nesses casos, mandam as regras que se siga a tendência clara e tratemos as entradas e saídas com parcimónia, nada de negócios apressados, e mexer apenas caso algo de relevante possa estar a desenhar-se.
 
O cheiro emana da mossa provocada por o índice estar a marrar há vários dias, sem conseguir furar, contra o topo de um canal ascendente que tem 3 anos e meio. Quando assim sucede, é costume crescer o número dos players convencidos de que o touro vai precisar de tomar balanço para arremeter com força suficiente, e daí que seja de considerar um recuo pelo menos no curtíssimo prazo. Deixamos os gráficos para ilustrar:



Caso venha queda, vemos como primeiro alvo a zona dos 2035-40 pontos, local onde o índice respirou um pouco na subida, podendo haver inclusive travagem provocada pela EMA21, que é seguida por muito boa gente. Mas também é possível que uma subida tão rápida do índice dê direito a uma descida mais aprofundada até para que haja um alívio da situação overbought denunciada pelo RSI (afinal de contas, há muitos investidores com mais-valias grossas que não vão querer pôr em causa logo agora que se aproximam as despesas de Natal). Se assim for, os 2000 pontos são o suporte evidente e, mais abaixo, há que olhar para a base do canal nos 1970 pontos. Seja como for, a queda é ainda uma hipótese académica (ainda que lhe atribuamos uma probabilidade significativa) e, até ver, o S&P é um índice em que a tendência de subida não podia ser mais clara! Evidentemente, a ideia de descida no índice tem que ser adiada se houver um rompimento convincente dos 2076 pontos (máximo histórico), tanto mais que nesse caso temos também uma quebra do topo do canal o que poderá projetar as cotações bem mais para cima.

Prosseguindo o espírito pedagógico fundador desta casa, e no seguimento do post anterior, explicamo-vos como funciona a negociação de índices via CFDs.

Vamos supor que dão como boa a análise que apresentamos e se dispõem a apostar na queda do S&P500. Para isso vão ter que vender contratos do índice através da vossa plataforma. Cada contrato custa em dólares o valor do índice. No fecho de sexta-feira, cada contrato valia 2067 dólares, mais ou menos um pequeno spread que constitui a comissão da corretora: se quiserem vender o índice vão encontrar comprador a um preço cerca de $1 mais baixo e se a opção for comprar é norma ter que o fazer com a mesma diferença mas mais acima. Um dólar de spread é mais do que justo para o serviço que a plataforma vos presta. No S&P500 é fácil fazer negócio com uma margem de 0,5%.

Vamos às contas. Com a cotação no valor de fecho de sexta-feira, vendiam S&P500 a $2066 cada contrato. Se comprassem 100 contratos curtos (isto é, a corretora ía ao mercado vender 100 contratos que vos emprestava), ficavam com uma exposição de 206.600 dólares sobre a qual apenas teriam que dispor de 1033 dólares (830 euros). A partir daí, cada ponto de variação do S&P500 eram 100 dólares (80 euros) que entravam ou saiam do vosso bolso, consoante o índice caísse ou descesse respetivamente. É evidente que, estando em jogo uma alavancagem tão grande, impõe-se a colocação de um stop loss e, neste caso, parece evidente que o fecho automático da posição tem que ser feito, doa a quem doer, pouco acima do máximo histórico.

Por conseguinte, para uma entrada curta assumiriam um risco máximo até aos, digamos, 2080 pontos (14 pontos de perda), sendo que num cenário em que o negócio corre bem e há queda do índice até aos 2040 pontos ganham 26 pontos. Trata-se de um rácio que não chega a ser de 2:1, o que não parece por aí além para pagar o risco. Porém, se acreditarmos que pode haver correção até aos 2000 pontos já estamos em presença de um ganho interessante de 66 pontos, o que dá um rácio de quase 5:1. E uma correção até aos 2000 pontos resulta numa descida de 3% no índice, percentagem que não parece nenhuma exorbitância. Enfim, como sempre acontece há que fazer as contas e apostar de acordo com as nossas expetativas e o nosso feeling. Ou, melhor ainda, o nosso olfacto.

Fiquem com um clássico que também fala do cheiro a que cheira algo que não conseguimos cheirar (para festejar os ganhos em Bolsa...). Cheers!

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