8.11.15

O governo e o PSI20

Quando vimos Jerónimo na TV a imitar Lenine ainda chegamos a pensar que o acordo se não fizesse, mas tudo não terá passado de wishful thinking e parece que vamos mesmo ter um governo de esquerda e Costa concretizará o sonho. Portanto, lá nos vai tocar sermos os segundos a testar a TIA (there is alternative), depois da barretada enfiada pelos gregos no verão passado ter deixado meio mundo a pensar que a TINA (there is no...) é que era boa! Pelos vistos, os do PS, ainda que contem com a ajuda do Syriza cá do sítio, vão tentar uma abordagem menos isto é para arrasar com tudo e começar de novo e prometem sensatez na forma como lidarão com o verdadeiro governo português que, como toda a gente sabe, tem sede em Berlim e Frankfurt e é liderado pela dupla Schauble/Draghi.

Do ponto de vista do PSI20 mantenho que se ignorarmos uma natural turbulência nos próximos dias, em que toda a gente vai andar a apalpar terreno, nada há de mau num governo ou outro por si só. Bem sei que há quem ache que os governos de esquerda são inimigos dos mercados, e que o aumento de despesa pública é sempre contrário à iniciativa privada e conduz inevitavelmente a mercados bear! Quem pensa assim deve olhar para o maior mercado acionista do mundo, os EUA, que estão de regresso aos máximos históricos pela mão de Obama, o despesista do healthcare de esquerda, máximos que foram atingidos pela primeira vez graças a um governo igualmente de esquerda (Clinton) no início do século. Pelo meio tivemos bear markets terríveis com as políticas de direita de Bush. Evidentemente, nós não somos americanos, nem estamos a dizer que há uma conexão parecida em Portugal porque a verdade é que não há! O que queremos dizer é que direita ou esquerda, por si só, não autorizam dicas de longo ou curto de per si.

No curto prazo, vamo-nos concentrar no comportamento dos juros da dívida pública porque é aqui que ficamos a saber se o BCE dá a Costa a benção que deu a Passos. Depois, temos de aguardar pela apresentação do orçamento de estado e aqui temo que nós, pequenos investidores, possamos vir a ter surpresas negativas: aplicação da taxa Tobin (que já está prevista para janeiro) e, quiçá, subida dos impostos sobre as mais-valias ou até fim da tributação autónoma (estou a especular, mas a verdade é que a festa vai ser tão boa que alguém tem que pagar)! 

À parte isto, é importante continuar a acompanhar o gráfico. Na semana que passou foi lá acima outra vez, mas a média móvel dos 200 dias voltou a dar para trás. Se formos até à linha tracejada a preto, vai haver cruzamento das médias móveis e teremos, provavelmente, um arranque até aos 6400 pontos (esse é o cenário que estará em cima da mesa se os juros, digo, se o BCE, não se melindrar). Se, por outro lado, quebrarmos em baixa a linha tracejada vermelha, há sério risco de um duplo topo que nos pode pôr na rota dos 5000 pontos! Com um governo mãos largas e com um orçamento que assuma um défice menor que 3% no próximo ano, só é necessário que os nossos governantes do centro da Europa acreditem na TIA e estejam dispostos a aceitar que a TINA é peta! Se assim for, não vemos porque há de um índice que continua a cotar em 1/3 dos máximos históricos continuar em bear market!

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