13.3.16

O ponto em que nos encontramos e o BCP

Confesso-vos que nos tempos que correm não me dá vontade de negociar mais nada que não seja banca. Banca tuga, bem entendido. Um tipo vê em todo o lado tudo a falar da banca portuguesa e de processos de rearranjo de estruturas acionistas (em vez de aumentos de capital) e pensa para com os seus botões, que diabo, este é o tipo de cena excitante em que quero andar metido. Carago se os espanhóis andam metidos, se os angolanos andam metidos, se o Marques Mendes anda lá enfiado e até o nosso presidente-papa-francisco está empenhado quem somos nós para ficarmos de fora a ver? Isso: ninguém!

De maneira que andamos lá e olhem: entramos em boa hora e já temos bebido uns cafés de graça! 

Vou-vos dizer qual me parece ser o ponto da situação.

Começo pelo PSI20 que na sexta-feira atingiu o topo do nosso canal. Se rompeu ainda é uma incógnita, mas nos próximos dias saberemos (seja como for, a verdade é que também não seria inédito um falso break). Agora tem que fazer um máximo relativo acima dos 5100 pontos em fecho, essencial para que não se dê um novo lower high que poderia ter consequências bastante sérias: não parece difícil, até porque, apesar das subidas recentes, o índice mantém-se saudavelmente longe da sobrecompra. Para cima, o primeiro verdadeiro teste vai estar na zona dos 5300-5400 pontos, curiosamente, a região do break-even anual, para baixo, na região 4850-4900. Claro que, atendendo a toda a envolvente do mercado, estou como vós e agora acredito mais no cenário bullish, mas todos sabemos que o mercado é maroto!


Olho para o S&P500 e vejo força, mas há ali uma resistência que pode colocar dificuldades na zona dos 2040:


E no DAX, idem, com resistência nos lógicos 10000 pontos. Neste caso, com um bocado de boa vontade, é possível imaginar uma cabeça e ombros invertida, figura que, em conjunto com uma quebra da zona dos 9900 pontos projetava as expetativas para a zona dos 11000 pontos, já em território de touros:


Como os mercados se mantêm em bear market, as resistências devem ser levadas muito a sério, pelo menos num primeiro embate e vai ser importante monitorizar a evolução, por exemplo, do preço do petróleo e da cotação do par euro/dólar para se perceber com que probabilidade poderemos ter uma quebra em alta.

Visto o panorama geral, vamos então ao JP Morgan e ao Goldman Sachs cá da paróquia. 

De fusões, aquisições e outras confusões nem me vou dar ao trabalho de falar porque meus meninos e meninas nada mais sei do que vocelências, mas opino sobre o que dizem os gráficos e faço-o com o beneplácito do artista da bola de cristal.

Especulamos aqui que a Blackrock (BR) tinha andado a vender a posição que tinha no BCP. Veio-se a saber depois que não vendeu a sua posição mas outra que pediu emprestada no valor de metade da posição que tinha. Enfim, detalhes que não nos fizeram perder a aposta. Contudo, há uma nuance que faz toda a diferença. Se a BR tivesse mesmo vendido a posição, tinha ido à sua vida e neste momento já estaria a fazer maus negócios noutro sítio e nenhum daqueles traders tresloucados queria saber do BCP para nada. Ao shortar, trancou a posição que tinha, isto é, sobre metade da posição deixou de ter prejuízo ou lucro, mas continuou acionista do nosso banco e melhor ainda: quem shorta, mais cedo ou mais tarde, vai ter que comprar para fechar a posição e devolver o que pediu emprestado. Ou seja, os bacanos da BR não só não venderam a posição que tinham, como se comprometeram a recomprar 1% do BCP no futuro. Claro que para quem alombou com as quedas quando os artistas estavam a despejar isso não foi grande consolo, mas quem assistiu de fora foi como se recebesse um bilhete para uma grande galopada sometime in the future! Ora bem, e o melhor é que o BCP é o rei dos shorts: na semana passada havia 5% (quase 3000 milhões de ações) de posições curtas. Duvido que a BR tenha fechado na sexta-feira: vão ser os últimos de certeza! E acho que muitos devem ter passado o fim-de-semana a fazer contas ao rácio custo/benefício de manterem a posição e eu sou dos que estou a torcer para que concluam que é melhor comprar: eu tenho um cesto delas que vendo por caridade!

Gráfico diário:


Uma chamada de atenção para o semanal onde o BCP não fecha acima da média móvel de 21 períodos desde junho de 2015: está nos 0,0448!

Vai longo o texto: amanhã falo do BPI!

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