19.7.17

Matterhorn

Eu cá não sou alpinista, e é pouco provável que me aguente mais do que 3 segundos em cima de uns esquis, mas sou um grande apreciador da obra do pai Universo e da mãe Natureza, de maneira que poder por os olhos no Monte Branco a partir da base em Chamonix e do Matterhorn desde Zermatt, e fazê-lo no mesmo dia, foi acepipe de que ainda me não recompus e continuo com o neurónio aos saltos. Sugestão: acrescentem um jantar dessa iguaria da gastronomia suíça que é a raclete de queijo e podeis ter a certeza de que, no final, até o fígado vos bate palmas!





No início do séc. XIX, Zermatt não passava de uma aldeia encravada nos Alpes, cujos habitantes viviam exclusivamente daquilo que retiravam da terra, e que era visitada de longe a longe por cientistas que ficavam alojados na única casa de hóspedes que existia: a do médico da aldeia que dispunha de 3 camas. Por essa altura, começava a crescer o entusiasmo pelo alpinismo, isto é, pela escalada aos picos mais elevados dos Alpes. O Monte Branco, o mais elevado cume europeu, tinha sido conquistado em 1786 e o Jungfrau em 1811, muito antes de as atenções dos turistas aventureiros se virarem para os cumes em volta de Zermatt, já na segunda metade de 1800. No final, restou um pico que era considerado inacessível e que, por sinal, era o mais belo de todos: o Matterhorn.


O Matterhorn é a mais famosa montanha dos Alpes e Zermatt é a única cidade de onde o conseguimos ver claramente. O seu cume foi atingido, pela primeira vez, no dia 14 de julho de 1865, tendo a expedição ficado marcada pela tragédia: dos 7 aventureiros que o conquistaram, 4 morreram num acidente na descida. De Zermatt, onde não se pode chegar de carro, há imensas trilhas que dão para percorrer a pé as montanhas em volta e o que mais impressiona, para além do ambiente que nos remete para os tempos da nossa infância em que seguíamos as aventuras da Heidi e do Pedro, é a capacidade hipnotizadora da montanha. É impossível desviar os olhos do Matterhorn e temo-vos a dizer que as fotografias não fazem justiça ao que se sente quando lá estamos. Nem por sombras! Uma experiência que vale quanto custa é a subida até Gornegrat no comboio de cremalheira que trepa até aos 3400 m de altitude. Dali tem-se uma vista que fica vários furos acima do que somos capazes de puramente imaginar!








Há qualquer coisa de profundamente sagrado, quase místico, nestes lugares especiais, que, pese embora o turismo massivo a que, evidentemente, começam a estar sujeitos, mantêm a pureza natural e selvagem de onde todos nós viemos e para onde havemos de voltar. A mim é mais do que satisfatório pensar que viverei para morrer fazendo parte de toda esta beleza e que sou feito dos mesmo ingredientes de que isto é feito. É privilégio excessivo! Felt mountain!

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