A paciência é uma virtude das grandes em tudo na vida e nesta arte de manobrar nos mercados chega ao ponto de ser uma exigência. Passou quase um mês desde que falamos do PSI20 e, mais coisa menos coisa, permanece tudo na mesma e nós mantemo-nos convictos de que é necessário que se quebre em fecho e com volume a zona entre os 5300 e os 5350 para justificar uma entrada. Até que isso aconteça toda a ida a jogo revela falta de paciência e só se justifica numa lógica de toca e foge que terá sempre um rácio ganho/risco diminuto. Isto sem prejuízo de terem existido de há um mês a esta parte boas oportunidades, mas eu diria que a quebra da resistência de que falamos tem potencial para tornar ridícula a canseira que se tem a apanhar essas tais oportunidades.
Se forem ver em textos anteriores (por exemplo, aqui), já se fala desta zona onde o nosso índice se encontra há imenso tempo e, para nós, esta resistência dos 5300 é o valor a partir do qual poderemos ver um aumento do volume com a entrada de investidores de longo prazo, sendo que, daqui para cima, estou em crer, o medo de vender vai começar a sobrepor-se ao medo de comprar e poderemos partir rumo ao bull market! Já dissemos isto algures... e não foi uma só vez!
Do ponto de vista tático, preferia que o PSI20 marinasse mais algum tempo nesta zona e até fizesse uma aproximação à lta que colocamos no gráfico. O ideal era aguentar até ao final de agosto porque há uma tradicional época de rutura de resistências no términos da silly season, de maneira que uma forma de assegurarmos um final de ano interessante seria um foguete mal o povo regressa de férias, depois de umas semanas a acumular carvão!
Por outro lado, há um teste à nossa paciência que eu temo que possa ocorrer nos próximos dias. Como todos sabem, o DAX está um bocado em maus lençóis, castigado pelo euro forte face ao dólar, facto que tem arrastado o CAC e colocou também o IBEX numa situação menos risonha. No caso do DAX não será de descartar no imediato uma ida aos 12000 pontos, pese embora os recordes sucessivos dos índices americanos. Neste contexto, julgo que ninguém acredita que o PSI20 possa quebrar a sua poderosa resistência e abrir as portas ao bull market. Mas é precisamente isso que eu "temo" que possa suceder: a clássica situação em que ninguém está a ver o nosso índice a subir porque os outros estão a ficar debaixo de água e ele quebra mesmo e nós hesitamos! Oiçam, na quebra em alta de resistência não pode haver dúvidas nem hesitações (não sei porquê, lembrei-me da frase de Stendhal no seu maravilhoso livro "O vermelho e o negro": os que hesitam são atropelados pela retaguarda)! Mas não se esqueçam: a quebra tem que ser em fecho e, de preferência, com volume crescente (haverá ganho suficiente para todos mesmo se derem um ou dois dias a ver se confirma)!
Para não dizerem que nós só olhamos para os gráficos e ignoramos o que é verdadeiramente fundamental, duas notas adicionais em empresas que me interessam particularmente:
- O BCP apresenta resultados na quinta-feira. O Caixa BI prevê um lucro de 75 milhões de euros o que, sem entrar em mais pormenores, talvez autorize um leigo a imaginar lucros anuais de 150 M€. Se assim for, com um valor em bolsa de 3800 M€ temos um PER de 25, o que já não é tão barato quanto isso. Mas o que mais pesa na avaliação diária das empresas em bolsa não é o PER, mas sim a possibilidade de este diminuir graças ao aumento dos lucros e da rentabilidade. Com a economia a crescer e com a situação do banco bem mais estabilizada, não é difícil imaginar o mercado a especular que os resultados poderão melhorar bastante mais no futuro. Notem que estes lucros que agora estão a ser previstos foram denunciados em primeira mão em fevereiro pela análise técnica e permitiram à ação subir desde então 80%! Com estes lucros e a cotação de fevereiro o PER do BCP seria à volta de 10, o que o tornaria bastante barato, mas se estivermos à espera que nos dêem essa informação para entrarmos, bem podemos esperar sentados que nunca faremos negócio nenhum de jeito;
- A Sonae Indústria faz o seu reverse stock split na sexta-feira, o que significa que a partir do dia 31 de julho passa a ser uma empresa mais facilmente negociável e capaz de atrair outros interesses. Os resultados serão apresentados apenas no início de setembro, mas se se confirmarem os números do primeiro trimestre (e esse é um grande "se"), digo-vos já que a empresa vai dobrar de valor até ao final do ano! Claro está que haverá quem saiba tudo sobre a empresa muito antes de nós todos, pelo que vai ser necessário olhar muito bem para o gráfico em busca de sinais de fumo! Cá estaremos com o gráfico ajustado para fazer essa leitura!
Para vos ajudar a pensar melhor nestas coisas todas fiquem com dois exemplos da boa música que se ouviu no Milhões de Festa, o festival de verão cá da minha paróquia:
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