30.7.14

O dia em que tudo se decide

Correto o comportamento do PSI19 no dia de hoje. O regresso à caixa laranja não admira num índice que tem uma das principais ações (o BES) em coma profundo e outra a esvaziar como um balão (a JMT). Vamos ter que vigiar os 6100 pontos que são a base do retângulo. Apesar de ainda esperar um bom ponto de entrada nesse valor (se bem se recordam, estava a contar que o atingíssemos na primeira semana de agosto), diria que o destino do índice vai estar nas mãos destas duas ações. 

Sobre o BES, especulativamente falando, estará mais ou menos tudo dito. Resta-nos saber, pois, a verdade dos números que vai ser possível divulgar neste momento, coisa que teremos oportunidade de conhecer mais logo. Evidentemente, nota-se que há muita gente com a esperança de que os números divulgados venham a ser melhores que o antecipado e o AC a realizar não entre no domínio do estrambólico. Creio que isso só será possível se o Vítor Bento for prudente e não divulgar a verdade toda já. É que há mil e um indícios que nos levam a crer que a procissão ainda nem saiu do adro e o estoiro no BES vai ser qualquer coisa de verdadeiramente histórico. Oxalá estejamos errados, mas a debandada dos Espíritos Santos, o cancelamento da AG, as fugas de informação a conta gotas para o Expresso, a tomada de controlo pelo Governo angolano do BESA e, acima de tudo, a dimensão das empresas em questão e a importância que elas tiveram no país levam-nos a crer que isto vai dar muito que falar e fazer correr muito sangue (para já está a fazer correr sangue azul; esperemos que não chegue ao benfiquista)! Lembram-se como começou o caso BPN? Era coisa pouca, um problema em que compensava bastante evitar o risco sistémico, mas quando a fatura final chegou, ninguém gostou dos números. Só espero que o berbicacho seja apenas descascado pelos acionistas e isto não azede para o lado dos contribuintes, mas muito francamente parece-me que a coisa vai mesmo sobrar para todos nós. E deixem-me que vos diga outra coisa que me está a assustar nesta história toda: o BP não se cansa de dizer que não faltam privados para entrar no BES e assumir um AC! Cá para mim que disto nada percebo, esses privados estavam a pensar entrar no BES de antigamente, no BES do GES que já não existe; quando perceberem que vão ter que enfiar largos milhões num banco falido que tudo o que tem para oferecer é balcões a retalho vão começar a pensar que é melhor investir em empresas como o Twitter ou coisa que o valha. A não ser que o preço seja de uva mijona!

A JMT é a típica empresa que estava caríssima porque andava a descontar um crescimento verdadeiramente exponencial dos lucros. É verdade que a operação na Polónia estava a correr lindamente, mas, que diabo, a Jerónimo não passa de uma mercearia grande! Não faz iphones, nem bugigangas caras que as pessoas se pelem por comprar. Aliás, não faz nada: compra tudo feito e vende mais caro! E, por isso, seria inevitável aparecer concorrência para chatear e travar o crescimento. Agora, a JMT vai ter que esperar até que a Colômbia comece a justificar as expetativas que plantou no cérebro de tudo quanto é empreendedor luso. Até lá, com um PER (price to earnings ratio) a rondar os 20, e uma dívida em crescimento, parece uma empresa cara! Hoje entrou numa zona de suporte forte entre os 10,10 e os 10,80€ e fez mínimo do ano. Há um canal descendente que também tem a base nesta zona (vejam o gráfico abaixo, atualizado com o fecho de ontem). Embora a empresa esteja em claro bear market (o que acaba por a ajudar a escorregar), pode ser um excelente ponto de entrada, mas se a virem a quebrar convictamente a base do suporte, é de fugir!


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