18.4.16

BPI

Com os desenvolvimentos a que assistimos no BPI, estamos em crer que estão reunidas as condições para haver mais surpresas nos próximos dias ou semanas:

  • O valor oferecido pelo CB é o mínimo possível, o que, bem vistas as coisas, não constitui surpresa, uma vez que o negócio está mais que feito dado que os catalães apenas necessitam de comprar 6% do banco.
  • Subsiste a questão de procurar entender de que forma vai reagir Isabel do Santos (IS), porque também me parece evidente que uma fulana sabida como ela já revelou ser, dificilmente se deixaria apanhar de surpresa de uma forma tão saloia. 
  • A hipótese que nos parece menos provável de todas é que IS fique com a posição que tem. A posição no BPI fazia sentido enquanto pudesse controlar o banco com menos de 20%, mas deixando de ter posição de controlo e, ainda por cima, ter que lidar com uma administração completamente hostil, soa demasiado a ter o dinheiro investido num depósito a prazo, coisa que não parece ser enquadrável no feitio da angolana. 
  • A segunda opção é simplesmente vender na OPA e encaixar uma menos-valia importante, uma vez que a compra da posição no BPI se deu a valores bem superiores aos agora oferecidos (não consegui encontrar na net o preço pago pela posição, mas creio ter presente que uma tranche foi comprada acima dos 1,70€). IS encaixaria quase 300 milhões de euros, menos 50 milhões do que se tivesse vendido há um ano.
  • A terceira opção de IS é dar o braço a torcer, engolir em seco e voltar ao acordo que estava negociado com o CB e que previa, tanto quanto diz o Pedro Santos Guerreiro, o pagamento de um valor superior ao agora oferecido. Pelos vistos, os do CB continuam recetivos a voltar à mesa negocial porque preferem uma solução que reduza a posição em Angola, até porque não esperam vida fácil depois de afrontarem de forma tão flagrante os angolanos (note-se que com a OPA deixa de ser necessário vender a posição no BFA porque a posição se dilui). Seria um autêntico golpe de teatro, e era necessário que houvesse uma operação de maquilhagem muito engenhosa para que todos salvassem a face, mas nestas coisas não há nada como o poder maquilhador de uns bons milhões de euros.
Estas são as alternativas pouco imaginativas e é provável até que nenhuma delas se venha a concretizar, dada a pouquíssima informação em que estão assentes estas nossas larachas. 

Contudo, arriscamos avançar com uma hipótese um pouco mais arrojada e bastante especulativa:
  • O CB refere que a oferta é de compra, mas também aceita vender ao preço que propõe. Aliás, são assim as boas práticas dos negócios: pôr-se ao contrário é um direito que assiste ao vendedor! E se IS anunciasse que comprava a posição do CB pelo preço oferecido? Precisa de quase 700 milhões e dinheiro é coisa que parece não abundar para os lados de Angola, mas que a coisa lhe deve estar a passar pela cabeça em câmara lenta como um excelente elixir para aplacar a cólera disso não creio que haja dúvidas. Claro que para além do problema do preço teria que enfrentar a hostilidade do BCE, que prefere claramente capitais europeus, mas ninguém poderia dizer que não estaria a jogar dentro das regras do jogo! Para os angolanos seria uma jogada incrível e passariam a controlar de uma assentada uma quota importante do mercado português e angolano.

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