Um dia falhou a luz e nunca mais
veio.
Claro que continuamos a ter o Sol para nos iluminar e
aquecer, (também era excessivo que agora o Sol se nos finasse!), mas a verdade
é que ninguém está preparado para viver como faziam dantes os cabeludos das
cavernas, pasmados com o brilho do Sol. Em certo sentido, foi quase como se nós
fôssemos prisioneiros de catacumbas que voltassem de repente cá para fora. Lógico
que íamos achar o fornecimento de luz pelo Sol bestial e bastante aceitável, e
tenho a certeza absoluta de que o justo seria que não tivéssemos nada a
reclamar, muito pelo contrário, tínhamos tudo a agradecer por aquele brilho
todo, mas nós não éramos abestuntas nem bandidos, de maneira de que quando a
luz, a elétrica, bem entendido, se foi e já não veio, era natural que nos
sentíssemos deslavados e traídos. E é aí que tu te dás conta da falta que o Sol
faz de noite, quando ele vai sabe-se lá para onde, e nós ficamos para cá numa
escuridão que nem vos passa pela cabeça.
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