Última parte
E, então, falhou tudo e nós
ficamos incomunicáveis e foi como se nos tivéssemos teletransportado para uma
outra galáxia ou, sei lá, uma coisa assim estranha lá longe num país habitado
por vegetais que caminhavam aleatoriamente, tristes como a noite e sem poderem
estabelecer uma comunicação por mais rapeta que fosse, pois eram vegetais e não
tinham boca nem olhos, quer dizer, nós tínhamos boca e olhos, a luz falhou mas
não nos levaram partes do corpo, era o que mais faltava, mas a verdade é que
melhor seria se nos tivessem levado a boca (os olhos não que faziam falta para ver
as teclas) e deixado cá os telemóveis com baterias infinitas (por que diabo não
inventaram baterias infinitas enquanto havia livros é algo que não consigo
conceber!) para a gente continuar a enviar sms
uns aos outros. Pela parte que me toca, bem que gostava de fazer alguma coisa
para poder inverter a situação e pus-me a magicar, magicar e acabei por me
lembrar de que podia restabelecer a comunicabilidade se fizesse sinais de fumo
como faziam os índios há muito tempo atrás num filme que vi na televisão, mas
só depois me dei conta de que para fazer fumo é preciso ter fogo, coisa que
infelizmente se nos foi desde que falhou a luz e já não veio.
E foi então, já em desespero de
causa, que me lembrei de que podia pegar num lápis (que, felizmente, não é
elétrico) e escrever. E escrevi este texto.
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