29.6.15

Ponto da situação

Depois da terrível hecatombe de hoje vejam onde parou o PSI20 e comparem com o que dissemos aqui na sexta-feira passada.


Foi salvo pelo gongo ou o mesmo será dizer pela base do canal ajudada pela SMA200. Sim, porque com as coisas no pé em que estão, toda a ajuda é pouca para acudir aos medricas que se pelam por alijar a carga. Bem vistas as coisas, quando se trata de um fenómeno inovador como é este que estamos a viver, em que, de uma assentada, abre falência a Grécia no euro e ensaia a abertura Porto Rico no dólar, até o mais contumaz se acagaça. Afinal de contas, estamos a falar de territórios que usam as duas mais importantes moedas do mundo e se isto não causar estragos nas estradas por onde circula o dinheiro, então é porque o sistema financeiro mundial é sólido como o aço! E nós bem sabemos que não é! Fugir (para longe) é a palavra de ordem e tal como aconteceu com a história do Lehman, há 7 anos atrás, muitos vão-se pirar e só depois perguntar se há motivo para tanto. 

Entretanto, o PSI20 acabou nessa zona em que se decide o futuro no médio-longo prazo. Uma quebra aqui, mantendo-se abaixo da média móvel por 2-3 dias, implicará mudança de tendência e muito más notícias para a economia portuguesa como um todo (e não se deixem enganar pelos que defendem que o índice português não representa a economia; ao conter uma parte tão significativa da banca, tem um efeito muito direto no desempenho das empresas e, por conseguinte, na economia como um todo). Abaixo, vemos como provável um ressalto nos 5250-5320 (linha tracejada a vermelho), seguido de reteste (crucial) à média móvel:


Entretanto, fiquem com um documentário do Discovery sobre o corralito argentino que, em 2001, levou à queda do governo do presidente Fernando de la Rúa em menos de uma semana.

28.6.15

Revolução

Não é preciso ser grande conhecedor de História para saber que a esquerda sempre preferiu a via revolucionária para resolver os dilemas sociais com que os povos se vão deparando. E não há mal nenhum com essa via que será, em princípio, tão legítima quanto qualquer outra. A revolução é uma opção de natureza radical para levar a mudanças profundas numa sociedade, através de um processo que é contra-intuitivo e teve, muitas vezes e em diversos locais, que ser imposto por via da força. Mas é uma opção que surge de tempos a tempos quando o número de descontentes é tão grande que poucos têm muito a perder.

Ao optar por um Governo de esquerda (com o superlativo de radical) os gregos sabiam ao que iam. Hoje é claro que os do Syriza nunca quiseram chegar a qualquer tipo de acordo, mas antes gastaram tempo a preparar o caminho para passarem por vítimas quando as dores da revolução se fizerem sentir. E nunca há revolução indolor, da mesma maneira que nunca houve na História revoluções rápidas. O caminho que os gregos se preparam para trilhar é um caminho radical, como é o Governo que escolheram. Mas Tsipras mantém sempre o escudo protetor que lhe vai permitir impor a revolução que planeou sem os riscos de passar por causador de desgraças. Ao aprovar um referendo dá ao povo a opção de decidir, sabendo que a probabilidade de ganhar é grande, dado o pouquíssimo tempo disponível para refletir e a elevada taxa de aprovação de que beneficia. No fim, enquanto os gregos sofrerem as dores do processo revolucionário e até que a luz se acenda lá bem ao fundo do túnel, poderá sempre continuar a atribuir as culpas às instituições e ao povo que decidiu democraticamente.

Ao ver numa reportagem na TVI uma espanhola que vive em Atenas dizer que não lhe interessa continuar no euro porque o euro só lhe trouxe dívidas e nada de bom percebemos que muitos estão de facto a precisar de uma revolução, algo que mude de forma radical a forma como vivem e os leve a experimentar novas realidades. Quanto mais não seja para poderem continuar a procurar culpados para os problemas que os afligem!

26.6.15

PSI20

Segunda-feira ou rompe para cima ou vem à base. Aceitam-se apostas e o prémio é bom!



25.6.15

As construtoras

As construtoras têm andado bastante bearish, mas toda a gente sabe que não há muitas máquinas de fazer dinheiro melhores do que elas: quando lhes dá para subir custa comó diabo estar de fora a ver toda a gente a ficar de bolsos cheios menos nós. Por esse motivo, é sensato mantermo-nos atentos e de dedo no gatilho quando o bendito gráfico der ordem para avançar.

Na Mota tememos bem que a ordem tenha sido dada ontem e, a menos que a comédia grega se transforme em tragédia, vão ter que assumir riscos desnecessários para a apanhar. 

O nosso alvo está no fecho do gap aos 2,75, mas não nos importamos de vender nos 2,86 onde se encontra a resistência que nos parece mais relevante. Para baixo, lamentamos muito, mas não ficamos com elas se sentirmos que fecha abaixo dos 2,29€. Parece curto, mas não podemos fazer melhor: daí o rácio ganho/risco tão favorável!


A Teixeira entra no nosso radar se quebrar em fecho o topo do canal que pusemos no gráfico. O alvo, para começar são os 0,66, mas a zona entre a SMA200 (a vermelho) e os 0,80€ vai ter efeito magnético (chamamos à atenção para o facto de os teixeiras terem pago dividendos hoje, cerca de cêntimo e meio, pelo que o gráfico que apresentamos vai ter ajuste amanhã).


23.6.15

PSI20 e + duas

Numa altura em que começam a aparecer sinais de inversão de sentimento, deixamo-vos três das nossas leituras. Fecho de ontem:

PSI20:
Longo no curto e no médio prazo acima da zona 5720-5780 que funciona como suporte.
Resistências assinaladas no gráfico.


BCP:
Longo no curto e no médio prazo acima dos 0,0843.
Resistências e suporte no topo e base do canal; outros valores assinalados no gráfico.


SON:
Longo no curto e no médio prazo acima dos 1,22.
Resistências e suporte assinalados no gráfico. 


22.6.15

Nos

Uma breve análise à cotada que menos motivos tem dado para desilusões a quem nela aposta nos últimos, longos, tempos. É que neste momento parece confirmar a quebra da resistência e activar um possível duplo fundo precisamente no valor da resistência, 6,95, que poderá projectar a cotação para os 7,45. 
Fiquem com o gráfico diário e vejam se vale a pena não a deixar fugir!


  
Ainda parece que não foi desta, mas o mercado mais parece querer dizer que sim! E quem somos nós para dizer o contrário!! Peca por antecipação e quiçá entusiasmo mas a já habitual nota musical, hoje, especialmente, é ao ritmo do momento e da perspectiva futura, como sempre o é, em bolsa!





17.6.15

Aristófanes e Tsipras (o paflagónio)


Antes de começar a opinar sobre o assunto mais falado do momento, um dado que foi tornado oficial na semana passada: na zona euro foi entre gregos que o PIB mais subiu e mais desceu no primeiro trimestre. Chipre e Grécia encabeçam e fecham o pelotão do euro. Dá muito que pensar isto sobre a eficácia dos planos do FMI e de como falham num sítio e são eficazes noutro, mas uma conclusão óbvia é a de que a situação que se vive não tem nada a ver com as pessoas em particular, mas sim com políticos, políticas, corrupção entre outros.

O jogo do medo de Tsipras começa a não dar certo entre os parceiros europeus, e então a estratégia para dar a volta à situação passa por … meter mais medo ainda. Ameaçam toda a Europa com o Apocalipse, como se, saindo do euro, este se desmoronasse. E tanto medo metem (e aí a estratégia está a funcionar) que as pessoas andam de olhos no ar e fazem contas com os dedos, a tentar adivinhar se de facto nos espera um ruir de todo o projeto europeu, como se fosse um castelo de cartas. E estes políticos extraordinários que têm mantido entretidos os europeus há já vários meses como se tem comportado a governar o seu país? A Grécia foi o único país da zona euro com crescimento negativo no primeiro trimestre. Bravo Tsipras!! Bravo Varoufakis!!! Mais palavras para quê?

Mas será fundado o medo que nos tentam incutir? Será que o euro está condenado a acabar e a União Europeia a desmoronar? Será que o caso grego é um imenso Lehman Brothers? Economistas conceituados há-os a defender posições opostas. Mas parece-nos haver uma grande diferença entre as duas situações: o grande problema, com risco sistémico, da última crise foi o terem os créditos associados ao subprime, dando origem a produtos estruturados e espalhados por bancos de todo o mundo (o que é normal acontecer com créditos). Ora a dívida grega está, maioritariamente, nas mãos dos estados do euro e no BCE; o risco sistémico, para lá da poeira que vai levantar ao início, será nenhum. Os estados é que terão que assumir o incumprimento e um défice, a determinada altura, acima do esperado.

Será a posição do BCE e da Comissão Europeia assim tão dura? Vamos colocar a questão de outro modo: porque não hão de ter os guineenses ou os salvadorenhos os ordenados e o nível médio de vida dos portugueses? Ou porque não hão de ter os portugueses os salários dos alemães? Porque os países são diferentes, os seus habitantes têm formações académicas diferentes e produzem diferentemente. Daí o nível médio de vida ser diferente. Óbvio, não é?
Se nós vivemos acima das nossas possibilidades durante uns anos e contraímos uma dívida brutal, os gregos contraíram uma dívida imensamente brutal e viveram muito acima do que lhes permitia a sua economia. Dois resgates (sendo o segundo acompanhado de um haircut à dívida superior ao do resgate a Portugal, num país com 11 milhões de habitantes) e continuam na situação em que estão! Para manter o nível de vida o governo precisaria de outro resgate, seguido de um haircut, e depois outro, e depois outro....

A esplendorosa Grécia Clássica entrou em decadência no final do século V a.C. Embora algumas cidade estado ainda brilhassem no século IV a.C, a decadência foi irreversível, e muito acentuada na principal delas – Atenas. Épocas de decadência costumam dar as boas-vindas a políticos demagogos que não estão muito interessados em resolver os problemas das pessoas. Após a morte de Péricles apareceram alguns, sendo um deles Cléon.

Na Atenas em decadência vivia um (muitos na realidade) homem de génio chamado Aristófanes. Era um comediógrafo (todas as onze comédias que sobreviveram estão traduzidas em português) que no meio dos sucessivos desastres que assolavam Atenas conseguia engendrar enredos brilhantes que colocavam uma estátua a rir. O ambiente político da Atenas da época foi também motivo para escrever uma peça: Os Cavaleiros. Nela, o governante demagogo no poder na altura, Cléon (na peça chama-se o paflagónio), foi ridicularizado por tentar enganar o povo e pretender arrastá-lo ao abismo. O triste foi que, na realidade, Cléon conseguiu e Atenas afundou-se mais do que o que estava antes dele. É o destino inevitável de quem aposta em demagogos, não importa que sejam de extrema direita ou esquerda. Com Tsipras o destino da Grécia está traçado.

15.6.15

Programa para amanhã

Amanhã vigiar os 5530 no PSI20. Se lá for: reação convicta, compra; quebra em fecho, mau maria para o longo prazo (que no curto já ninguém o salva)! 

Opinião pessoal: vai regressar a especulação acerca de um acordo. Contaram no telejornal que a separação é de 2000 milhões anuais. Diabos os levem se não conseguirem encontrar esses trocos e pouparem o povo benévolo a uma experiência que pode ser bem desagradável! Lá para quarta, regressa o medo e na quinta há fumo branco! Que assim seja!


E onde pôr o dinheiro perguntam vocês? 

Vão levar a mal de certeza aquilo que eu vou dizer, mas sabem que voltei a deitar um olho à Pharol?! É o pior gráfico do PSI20, disso não há dúvida, mas já é o pior há imenso tempo (e quem não tem um gráfico feio depois da sessão de hoje?). O que é certo é que hoje a queda até foi módica relativamente aos últimos dias e quando a coisa parecia mais tesa noutros títulos neste apareceram compradores. Atribuo esse facto ao enorme gap entre o valor da Oi e a cotação deste farolim tuga: aos preços de fecho da Oi hoje, a Pharol deveria estar a cotar nos 0,47€, cerca de 30% acima do valor a que encerrou a sessão. Se isto nos deve levar a comprar à maluca? Na minha opinião deve! Até porque todos sabem onde pôr o stopzito ;))

Agora descansem e não pensem nos mercados. Afinal de contas, não se trata de dinheiro: são apenas números (e amanhã já temos outros diferentes)!

After all, it's Money for nothing...


Dias históricos

Este fim de semana li, já não vos sei dizer onde, que os chamados fundos abutre, que sempre se colocam para aproveitar as ocasiões em que o dinheiro flui com fartura num ou noutro sentido, têm estado posicionados de maneira a aproveitar um acordo de última hora na Grécia! 

Não pude deixar de pensar que esse tem sido, precisamente, o sentimento do mercado como um todo nestas últimas semanas ou mesmo meses. Toda a gente acha que o cenário de incumprimento de um país da zona euro tem consequências tão imprevisíveis que jamais os políticos deixarão que tal suceda. Depois do que se seguiu à falência do Lehman Brothers, em 2008, ninguém acredita que uma situação de falência descontrolada possa voltar a ser experimentada, quando está em causa uma instituição (neste caso, um país) cujo incumprimento leva, com toda a certeza, a uma reação em cadeia (bem sabemos que os principais credores dos gregos são o FMI, alguns países da zona euro e o FEEF, mas não deixa de ser verdade que um rombo deste tamanho tem sempre que ser compensado, e nunca há compensações sem danos colaterais).

A verdadeira tragédia grega é que começa a ser evidente que a situação está a escapar ao controlo dos políticos. Tanto do ponto de vista dos gregos, como do dos credores internacionais, um acordo comprado à base de cedências, ainda que mínimas, tem já, neste momento, fortíssimas probabilidades de ser rejeitado pelas respetivas opiniões públicas (veja-se o que se passa na Alemanha, com o vice chanceler a ter de vir ontem desmanchar as palavras apaziguadoras da chanceler na semana passada). Tanto para uns como para outros vai crescendo, pois, a tentação de experimentar o que seria, até há bem pouco tempo, inexperimentável. 

Ora é isto, justamente, que o mercado começa a incorporar. E acredito bem que haja posições bastante alavancadas, que pretendiam explorar um cenário de acordo de último minuto, cuja razão de ser começa a ser questionada. Quando e se essas posições começarem a ser desfeitas vamos pôr definitivamente os touros à prova. E ninguém me tira de mente a ideia de que estaremos muito próximos do momento da verdade!

Fiquem com o filme que a BBC produziu a propósito dos últimos dias do Lehman, enquanto aguardamos pelo documentário que hão de produzir sobre os dias históricos que estamos a viver.


12.6.15

Fim do ressalto

O ressalto a que fizemos referência aqui acabou quando se atingiram os valores que era suposto atingir-se e nem um milímetro a mais nos foi dado pelo mercado. Confiram, p.f.:

PSI20


DAX


O PSI20 está neste momento a testar a linha tracejada a preto (veremos se sustem o impacto ou se quebra). Quebrando, vamos outra vez a linha vermelha, a média móvel de 200 dias e o caso pode-se complicar significativamente se houver quebra em baixa. Para cima, o cenário está tão obstruído que diríamos que, mesmo em caso de acordo grego, só teríamos gás para um ou dois dias! Nesse caso, voltaremos a falar!

No DAX ninguém nos tira de ideia um reteste aos 10900 que, em caso de negação, pode até conduzir a uma descida (intraday?) à linha vermelha nos 10500 pontos. Para cima, talvez a reconquista da LTa do início do ano, nos 11500 pontos, possa dar argumentos aos bulls para fazerem face à ursalhada. Mas, sou-vos franco, o cenário está bom para ir ao Santo António (ou, em alternativa, entrar curto)!

São assim os ressaltos: entramos mal nos apercebemos deles e batemos em retirada ao serem atingidos os nossos alvos. Se estes forem quebrados em alta e em fecho podemos sempre entrar de novo, mas que ninguém faça confusão entre um ressalto numa tendência de queda e um movimento ascendente definido! E façam o favor à vossa carteira de tirarem as notícias da equação: acreditem que estas estão plasmadas nos gráficos por antecipação!

9.6.15

Dois gráficos

Em paralelo com o que foi publicado há momentos deixo-vos dois gráficos. A Altri e a Mota Engil, embora na Altri o momento para possível ressalto tenha surgido hoje nos 3,35! Mas fica o gráfico. Vejam, analisem o momento e decidam se vale a pena. 



Boa noite. Bom feriado. But keep your eyes wide open! Non stop! 
Boas decisões!

 


E lá fomos testar a EMA200...

Se este mercado ainda está disponível para dar uma chance ao bull market, então hoje pode ter sido um bom dia para uma inversão de curto prazo!

O PSI20 fez um martelinho quando cheirou a SMA200 (costuma ser improvável uma quebra ao primeiro assalto e desta vez, também, a regra confirmou-se). Um nível com vários toques por volta dos 5550, a sobrevenda do índice e um certo pânico que se instalou, pelo menos, em alguns títulos, tornaram, pois, a reviravolta diária inevitável:


Uma subidinha agora já não será de descartar e deve ser levada em linha de conta por parte dos que estão menos doridos do campo de batalha. O problema é que o rácio ganho/risco genericamente não é lá grande coisa, uma vez que a queda deixou ali alguns valores com que vai ser necessário contar. Desde logo, tenham em atenção que o ressalto pode ficar-se pelos 5720, suporte que agora passou a resistência ou, com um pouco mais de gás, poderá ir aos 5800, EMA9 de curto prazo! Daí para cima, vai-nos obrigar a um outro post. Para baixo, é fácil: olhem para a média móvel e pirem-se se o artolas a quebrar em fecho (se assim for, será de esperar uma vinda pelo menos à linha tracejada vermelha).

A propósito de análise com médias móveis, vejam o que fez o IBEX:


O DAX, esse, fez em 2 dias o que prognosticamos aqui e também ressaltou como era de lei. Se isto fosse uma ciência exata, estaríamos a falar num spike até aos 11300/350. Mas não é, e nada obriga os vendedores a terem calma e os compradores a abrirem os cordões a bolsa, pelo que a descida pode seguir em marcha forçada como até aqui. Para baixo, a quebra dos 10800 coloca-o na rota da SMA200 (o facto de ainda lá não ter chegado pode ser motivo mais do que suficiente para um possível ressalto do DAX ser menos provável do que o de outros índices).


7.6.15

Jay Jay Johanson

Jay Jay Johanson fez parte da banda sonora dos meus dias de estudante universitário, estando incluído num lote restrito em que figuravam nomes como Tindersticks, dEUS, Morphine, Belle and Sebastian ou os Radiohead.

Depois de ter falhado por uma nesga o Primavera Sound, era inaceitável, portanto, não estar presente no concerto que o sueco vai dar logo à noite no Theatro Circo, em Braga. 

So tell the girls... do album de estreia Whiskey é um tema ao mesmo tempo tristonho e pleno de autoconfiança, que nos transmite uma sensação de bem-estar e de força como só conseguem criar aquelas músicas que ficam connosco para sempre.


Mais tarde, Johanson virou para uma corrente mais elétrica e dançável e, apesar de estar um pouco mais afastado da minha onda, o ritmo mantinha uma leveza que impedia a sua música de ser cansativa. Durante os 10 anos em que mantive um programa de autor numa rádio local foi, por isso, presença assídua no alinhamento.

6.6.15

Silly season

Com o mercado já em plena silly season a nós tem-nos parecido melhor estar a ver da bancada, que é como quem diz da praia, que era o sítio onde estaríamos se não andássemos debaixo de água com o serviço que o patrão achou que nós tínhamos arcaboiço para aguentar. 

Todos sabem que maio é mês para começar a gozar os proveitos da primeira metade do ano e estoirar dinheiro (fora da bolsa, bem entendido). Começarmos a tratar de nós, se é que me entendem, que é para isso que a gente compra e vende porcarias nos mercados que não têm outra serventia. Nos últimos anos, pelo menos, não houve exceção à regra de vender em inícios de maio e voltar ao affair apenas em setembro, por altura da vindima. Sinceramente, não vemos por que há de este ano ser diferente! Há um tempo para ganhar dinheiro na bolsa e há um tempo para o gastar. E é bom não confundir os tempos, para não termos chatices desnecessárias e não andarmos a bater com a cabeça pelas paredes quando podíamos estar descansados a desfrutar o pilim.

Para enquadrar a presente situação pomos um gráfico do PSI20 (ou 18) e outro do DAX. Eles falam sozinhos.


Bear market de médio prazo claríssimo e, como tal, é deixá-lo pousar. Entrar com tudo, só acima dos 6400 pontos. Parece muito, mas são só 8% (a contar de hoje) e é o que precisamos para garantir que a ganância volta a estar por cima do medo! Até lá abstenham-se de pôr dinheiro e deixar ficar e restrinjam as jogadas a um módico que vos forneça a dose diária recomendada de adrenalina e nada mais do que isso. Chamarmo-nos burros de manhã, à tarde e a meio da noite, para além de não ser bom para a tripa, também não contribui para o correto funcionamento da hipófise. Não queiram!

No DAX a zona entre os 10800-10900 tem mel e não vai ser fácil evitar deslizar até lá. Daí para baixo é um sarilho dos antigos e podemos, com toda a tranquilidade, eliminar os ganhos do ano. Bull market outra vez, sinceramente, precisávamos de uma subida acima dos 12000 pontos, ainda que preferisse o PSI depois dos 6400. 


Do mundo real, destaque para a falência dos gregos. Se fizeram bem, ainda está por perceber, mas há já duas conclusões que podemos retirar sem corrermos grandes riscos de engano. A primeira é que o Renato tem razão quando aqui afirma que os do Syriza nada têm para oferecer numa negociação a não ser conversa fiada, e ninguém lhes tira de ideia preferir uma falência à austeridade. Se a escolha bater certo, mudamos de paradigma social e, quiçá pela primeira vez na história da humanidade, vamos ter países caloteiros a escaparem a anos de miséria. Obra do €, por certo. A segunda é que o Tsipras e os amigos se não são hábeis a negociar, são-no pelo menos a jogar. A jogada de adiar o pagamento ao FMI é mesmo boa e vai testando a tolerância dos mercados às pinguinhas, como convém a quem anda a bulir com onça armado de vara curta. Para já, houve necessidade de a Fitch vir assegurar que não se trata de incumprimento, por certo por ainda ter clientes distraídos e com grampo preso em terras helénicas, afirmação que não caiu bem nos mercados, que estavam a contar com um rallyzito de buy on the news, depois de semanas na expetativa do cumpre/incumpre. Se ainda não incumpriu, vamos ter que descer mais um pouco, com medo que incumpra. Se já incumpriu, podemos aliviar porque o passado não conta para a jogatina.

Mas o assunto para que devem verdadeiramente olhar nem é a situação grega, cujo desfecho está mais ou menos traçado e passará fundamentalmente por se saber se os gregos escafedem ou saem por cima! O assunto que mais mexeu com os mercados esta semana foi a inflação na zona euro, tópico a que já tínhamos feito referência aqui. Reparem como o euro ignorou completamente os gregos: subiu, e bem, por causa dos números da inflação na primeira metade da semana e desceu na sexta-feira quando os dados do desemprego americanos mostraram que pode haver subida de juros pagos em dólares ainda no decorrer deste ano. E se o euro continuar a ignorar a Grécia, não estaremos nós a sobrevalorizar esse assunto? 

Pensem nisso e aproveitem para ouvir a banda que mais teria gostado de ouvir no Primavera Sound. Musicalmente, sou um produto dos anos 80 e 90, é isso que eu sou!

4.6.15

O gato e o rato (plano A do Syriza)

Joga-se nas altas esferas europeias o tradicional jogo do gato e do rato, onde pontuam vários gatos e ratos mais ou menos familiares. Os nomes dos dois ratos principais são bem conhecidos: Tsipras e Varoufakis. Mas se na Natureza é normal que os gatos acabem por sair vencedores (é a lei da Vida), a cultura popular acabou por inverter esta lógica (o caso do Tom and Jerry é bem esclarecedor), o que é bem caraterístico da natureza humana.



Neste jogo perigoso, a que todos vamos assistindo ao longe, com fortes potenciais implicações para todos nós, os ratos, como nos desenhos animados, estão claramente a dominar. Pessoalmente não acredito que haja mais de uma fação no Syriza ou que o governo grego tenha andado a ziguezaguear (mudança de Varoufakis como líder das negociações) desde que foram eleitos. Tendo em conta os acontecimentos destes últimos dias, e o que vem sendo dito, começo a acreditar que o Syriza vem seguindo um plano rigidamente traçado há muito, sem se desviar um milímetro dele.


Toda esta conversa com que o Tsipras e o Varoufakis têm vindo a entreter os outros líderes europeus é (como diz a maravilhosa expressão brasileira) “conversa para boi dormir”. Eles nunca quiseram, nem querem, um acordo com os termos que os europeus lhes querem impor. É mais do que evidente (e eu espero que os líderes europeus estejam a perceber isso) que toda a retórica com que nos têm brindado faz parte de uma estratégia bem montada: por um lado, dizendo que um acordo está sempre prestes para ser alcançado, ficam na fotografia como aqueles que sempre quiseram um acordo e se esforçaram por ele, ao contrário dos outros; por outro lado, a um nível mais subtil, é uma manobra para dar a entender ao povo grego que os seus governantes estão mais que habilitados para ludibriar os outros. E têm conseguido os seus intentos, já que a popularidade do Syriza não diminui na Grécia, nem a Nova Democracia aumenta a sua.


O Syriza tem um único trunfo, no entanto, na eficácia do qual acreditam piamente. Podem ter acreditado ao início que talvez não precisassem de o jogar, mas chegados a este este ponto, e o que se tem lido e ouvido nos últimos dois dias pode ser disso indiciador, parecem dispostos a jogá-lo. O trunfo é o (eventual) tumulto que um incumprimento grego pode causar nos mercados financeiros, com eventuais repercussões na integridade do euro e até da união europeia. O medo é o elemento chave no jogo. Vai ganhar o jogo que for mais capaz de dominar o medo, quem os “tiver mais no sítio”. Neste momento o jogo corre mais a favor da Europa, e parece claro, por isso, que o Syriza vai tentar um incumprimento (que pode ser já na amanhã). Jogado o trunfo é esperar para ver. Se o tumulto for grande (o que não acredito) esperam eles que os europeus estendam a mão para se salvarem todos, mas na realidade ganham os ratos a partida. Se não houver tumulto o jogo acabará rapidamente por xeque-mate.


É mais do que evidente que a Grécia nunca mais pagará a monstruosa dívida que tem. O Syriza quer, no entanto, que os gregos mantenham o nível de vida que experimentaram desde que aderiram ao euro, o que exige, agora, que alguém comparticipe o seu orçamento anual. Vamos a ver quem ganha e o que daí se segue.

3.6.15

A indisciplina de Maio


Escrevia já anteriormente à minha última publicação sobre o mercado Português que o melhor era estar quietinho. Tudo o que pareça uma boa oportunidade esbarrava na indefinição do nosso Psi20. Escrevia ainda o Maio não tinha começado! Pena que nem sempre levamos a sério aquilo que escrevemos. E eu que o diga! A disciplina para quem anda nestas andanças manda dizer que na incerteza é cair fora. Começamos a primeira semana de Maio nos 6100 e terminamos, semana após semana, no mesmo valor. Completa lateralização. Completa dúvida! Para quem a negociou nem a disciplina lhe acudiu. Nem tão pouco havia!! Era lançar os dados. Saía par ou ímpar! Por conseguinte, nada bonito, nada razoável!!
Entravamos na última semana e a malta cá da casa já antevia, definitivamente, bom tempo para estender a toalha à beira mar! A semana fechava com o índice a desvalorizar 4,5%! Ainda há quem diga que estando de papo para o ar não se ganha dinheiro! Bem, até pode nem ser bem assim, mas pelo menos não se perde e quem nos acompanha já se deve ter apercebido que preservamos muito o capital para as boas ondas e essas, até este momento em que escrevo, só junto à costa!! Pois assim sendo, esperemos pelos Gregos! Esperemos por essa boa onda!
Se a espera for curtinha e voltarmos a ter a nossa praia de volta, sempre se pode, pelo anoitecer dentro, manter o papo para o ar em pleno Parque da Cidade, em plena Primavera a apreciar o Antony! Entenda-se o apreciar!!! 
Quem sabe não nos vejamos por lá. A curtir milhões!