15.6.15

Dias históricos

Este fim de semana li, já não vos sei dizer onde, que os chamados fundos abutre, que sempre se colocam para aproveitar as ocasiões em que o dinheiro flui com fartura num ou noutro sentido, têm estado posicionados de maneira a aproveitar um acordo de última hora na Grécia! 

Não pude deixar de pensar que esse tem sido, precisamente, o sentimento do mercado como um todo nestas últimas semanas ou mesmo meses. Toda a gente acha que o cenário de incumprimento de um país da zona euro tem consequências tão imprevisíveis que jamais os políticos deixarão que tal suceda. Depois do que se seguiu à falência do Lehman Brothers, em 2008, ninguém acredita que uma situação de falência descontrolada possa voltar a ser experimentada, quando está em causa uma instituição (neste caso, um país) cujo incumprimento leva, com toda a certeza, a uma reação em cadeia (bem sabemos que os principais credores dos gregos são o FMI, alguns países da zona euro e o FEEF, mas não deixa de ser verdade que um rombo deste tamanho tem sempre que ser compensado, e nunca há compensações sem danos colaterais).

A verdadeira tragédia grega é que começa a ser evidente que a situação está a escapar ao controlo dos políticos. Tanto do ponto de vista dos gregos, como do dos credores internacionais, um acordo comprado à base de cedências, ainda que mínimas, tem já, neste momento, fortíssimas probabilidades de ser rejeitado pelas respetivas opiniões públicas (veja-se o que se passa na Alemanha, com o vice chanceler a ter de vir ontem desmanchar as palavras apaziguadoras da chanceler na semana passada). Tanto para uns como para outros vai crescendo, pois, a tentação de experimentar o que seria, até há bem pouco tempo, inexperimentável. 

Ora é isto, justamente, que o mercado começa a incorporar. E acredito bem que haja posições bastante alavancadas, que pretendiam explorar um cenário de acordo de último minuto, cuja razão de ser começa a ser questionada. Quando e se essas posições começarem a ser desfeitas vamos pôr definitivamente os touros à prova. E ninguém me tira de mente a ideia de que estaremos muito próximos do momento da verdade!

Fiquem com o filme que a BBC produziu a propósito dos últimos dias do Lehman, enquanto aguardamos pelo documentário que hão de produzir sobre os dias históricos que estamos a viver.


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