19.3.17

Notas da semana

Quando não há quase nada a dizer para acrescentar ao que já dissemos, o melhor mesmo é deixar a música tocar e bailar e hoje manda a lei da vida que se recorde Chuck Berry:



A semana foi de estalo (e agora sabemos que nem a fífia do benfas estragou o estado de graça), ainda que até quarta-feira a coisa estivesse tem-te não caias para avinagrar. Aliás, fiquei bastante surpreendido com os saldos que resolveram fazer, principalmente na Sonae, e a dada altura vi-me à rasca para me convencer de que era imperioso meter ao saco mais uns lotes antes da apresentação dos resultados, sendo que sou em crer que ficou confirmado que se trata de uma empresa barata (rácio entre o preço e os lucros - PER = 8)! 

Nós às vezes somos levados a pensar que o mercado é uma espécie de entidade superpoderosa que tudo sabe sobre o presente e o futuro, mas o mercado não é nada disso. Na realidade não passa de um bando de maricas, medricas e cricas prontinhos a ajoelhar, em confronto permanente com uma seita de brutos, gananciosos e açambarcadores e vice-versa, de maneira que o que se passa no mercado é sempre regulado por este tipo de gente e nós no meio a fazer como eles! No curto prazo, é sempre tudo ao monte, na mais pura das loucuras, a tentar adivinhar de que lado sopra o vento! Na maior parte das vezes, quando a coisa cai, inventamos notícias que lemos para justificar (esta semana foram as eleições na Holanda, ou a cena no Montepio, mas também a subida das taxas de juro pela Fed que levou algumas agências noticiosas a divulgar a taxa implícita da dívida pública portuguesa pelo benchmark de 2027, com taxa de 4,3%), mas na realidade são apenas os piças a ter um espasmo e do mesmo modo quando sobe em flecha achamos que a coisa está pronta para bombar sem parança, quando se trata afinal de guinada dos gulosos comilões. Tão simples quanto isto! 

Claro que todos sabemos que investir na bolsa é uma coisa totalmente diferente deste tipo de patuscada. O que a gente procura é dividendos, um rendimento crescente a pingar todos os anos! No caso da Sonae este ano vão ser 4 cêntimos, o que equivale a uma taxa de rendimento acima dos 4%, com a empresa a entregar aos acionistas pouco mais de metade dos lucros. É bom! Mas o mercado, na realidade, está é interessado em saber se estes dividendos podem subir no futuro! Se, no próximo ano, puder pagar 5 cêntimos e depois 6, etc., é natural que as ações se tornem cada vez mais apetecíveis e o seu preço suba e é isto que faz com que a ganância funcione! 

Vejam a Corticeira que acabou a semana em máximos históricos. Está barata? A valer 1350 M€ e com um lucro real de 72,4 M€, apresenta um PER = 18,6, o que já não é baixo no contexto do PSI20, mas a empresa está em estado de graça e é bem provável que continue a subir.

Entre as nossas empresas favoritas está há já algum tempo, como sabem, a Sonae Indústria, e na terça-feira vamos finalmente saber se há motivos para mantermos a forte posição que temos, quando forem apresentados os resultados relativos a 2016. A nossa ideia é que a empresa vai finalmente apresentar lucros decentes, depois de anos de destruição de valor, sendo que, a valer 91 M€ não vai ser difícil ter um PER muito baixo se os resultados forem positivos (atenção também à dívida que ascendia a pouco mais de 200 M€ no final de setembro). Se a empresa se mostrar confiante para o futuro, então julgamos que há motivos para acreditar que esta é bem capaz de fazer as delícias dos gananciosos! 

O PSI20 continua no estado merdento em que se encontra há imenso tempo, mas há três motivos para manter a fé:
  • O bom momento da Sonae, do BCP e da EDP a que esperamos poder juntar a JMT;
  • O facto de ter recuperado rapidamente da quebra dos 4600 pontos, situação que, a manter-se, poderia colocar o índice a caminho dos 4450;
  • A subida do volume nas últimas sessões, de forma especial na sexta-feira, facto que teremos que confirmar nos próximos dias e pode configurar um regresso de investidores com maior cabedal.

Atenção ainda para o facto de poderem ver, nos próximos dias, uma subida grande nas taxas de juro da dívida a 10 anos para a casa dos 4,3%, em virtude da atualização do valor de referência em mais agências noticiosas. Trata-se de uma situação que vem relatada no Expresso e acontece com as obrigações de todos os países e que justifica que a maior parte dos analistas prefira olhar para o spread com a dívida alemã, que não deverá sofrer alteração. No entanto, creio que essa subida, que esta semana terá sido associada ao Montepio, pode continuar a assustar muita gente e criar stress no PSI20.

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