Não sendo uma fã de musicais, reconheço que há algum encanto
no filme La La Land, de Damien
Chazelle, também realizador de Whiplash.
Para quem gosta de jazz, é o filme a ver. Para quem não gosta tanto, terá que acreditar
que os cinco prémios BAFTA e as 14 nomeações para os Óscares, tornando-o no filme
favorito, podem significar algo (desde que se dê crédito a tudo isto, claro).
O filme narra a história de amor em Los Angeles entre dois
jovens, Mia e Sebastian, com um final feliz que, contra todas as expetativas,
não é Casaram e viveram felizes para
sempre, mas antes Não casaram e viveram
felizes para sempre. Também serve.
Ela quer ser uma atriz e ele quer ser um
pianista de jazz. Cada um consegue concretizar o seu sonho porque não desiste
dele. Moral da história: nunca desistir dos nossos sonhos, eles estão sempre ao
nosso alcance. É sempre um cliché que nos faz esquecer, o tempo de um filme, os sonhos perdidos.
Ele luta por um jazz mais autêntico, à moda antiga, um jazz
que diz esquecido e adulterado. Ao longo de todo o filme paira uma certa nostalgia. La La Land é, de facto, uma
autêntica homenagem aos clássicos, através do jazz, do cinema, com referências, por exemplo, a Singin in the Rain. Constata-se, portanto, que o “antes
era melhor” tem vendido muito bem, talvez bem de mais. Não só no cinema, na
televisão ou na música como também na vida. É o medo do que vem aí.
Todavia, reconheço que o filme tem momentos de pura magia. A primeira cena abre com um
engarrafamento em que cada condutor está fechado no carro, no seu mundo, a ouvir a sua música;
uma multiplicidade de microcosmos e de ritmos, mas em que se consegue uma
harmonia apesar do caos do trânsito. Depois, uma coreografia que, para
mim, quebra esta magia, mas é um musical e é para isso que se fazem musicais. Outro
momento mágico: quando Mia conta, ou melhor, canta como a tia, na sua loucura, quebrou
todas as convenções.
Mérito ainda nos vaivéns constantes entre real e fantasia,
passado e presente, realidade desejada e realidade imposta. A vida é mesmo uma
mistura de tudo isto e temos sempre a tendência para idealizar o que teria sido
a nossa vida se tivéssemos tomado outra decisão.
Fica finalmente a melodia de Justin Hurwitz, uma delícia.
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