17.2.17

A nostalgia vende: La La Land

Não sendo uma fã de musicais, reconheço que há algum encanto no filme La La Land, de Damien Chazelle, também realizador de Whiplash. Para quem gosta de jazz, é o filme a ver. Para quem não gosta tanto, terá que acreditar que os cinco prémios BAFTA e as 14 nomeações para os Óscares, tornando-o no filme favorito, podem significar algo (desde que se dê crédito a tudo isto, claro).

O filme narra a história de amor em Los Angeles entre dois jovens, Mia e Sebastian, com um final feliz que, contra todas as expetativas, não é Casaram e viveram felizes para sempre, mas antes Não casaram e viveram felizes para sempre. Também serve.
Ela quer ser uma atriz e ele quer ser um pianista de jazz. Cada um consegue concretizar o seu sonho porque não desiste dele. Moral da história: nunca desistir dos nossos sonhos, eles estão sempre ao nosso alcance. É sempre um cliché que nos faz esquecer, o tempo de um filme, os sonhos perdidos.

Ele luta por um jazz mais autêntico, à moda antiga, um jazz que diz esquecido e adulterado. Ao longo de todo o filme paira uma certa nostalgia. La La Land é, de facto, uma autêntica homenagem aos clássicos, através do jazz, do cinema, com referências, por exemplo, a Singin in the Rain. Constata-se, portanto, que o “antes era melhor” tem vendido muito bem, talvez bem de mais. Não só no cinema, na televisão ou na música como também na vida. É o medo do que vem aí. 

Todavia, reconheço que o filme tem momentos de pura magia. A primeira cena abre com um engarrafamento em que cada condutor está fechado no carro, no seu mundo, a ouvir a sua música; uma multiplicidade de microcosmos e de ritmos, mas em que se consegue uma harmonia apesar do caos do trânsito. Depois, uma coreografia que, para mim, quebra esta magia, mas é um musical e é para isso que se fazem musicais. Outro momento mágico: quando Mia conta, ou melhor, canta como a tia, na sua loucura, quebrou todas as convenções.


Mérito ainda nos vaivéns constantes entre real e fantasia, passado e presente, realidade desejada e realidade imposta. A vida é mesmo uma mistura de tudo isto e temos sempre a tendência para idealizar o que teria sido a nossa vida se tivéssemos tomado outra decisão.


Fica finalmente a melodia de Justin Hurwitz, uma delícia.

Sem comentários:

Enviar um comentário