Ficou tudo varado com a subida entusiasmante da Pharol esta semana e o caso não é para menos, se pensarmos no que 73% de ganho semanal fariam pela nossa felicidade. Foi um feito épico, mas ainda fica melhor se contabilizarmos a epopeia desde o início do ano, como muito bem fez o Jornal de Negócios.
Como causas para tamanha remontada há quem aponte o amenizar do cenário de falência da Oi, o aumento do número de clientes da Oi no Brasil ou a entrada de fundos de investimento no capital da empresa brasileira e da portuguesa.
A nossa leitura, contudo, é um pouco diferente (ainda que tudo esteja ligado) e tem que ver com um desfasamento entre a cotação da Oi e a cotação da Pharol (que já aconteceu outras vezes).
- A Oi vale em bolsa, neste momento, 910 M€, o que valoriza a posição de 27,5% da Pharol em 250 M€.
- Da última vez que falou ao mercado, a Pharol disse que contava receber 9,56% do dinheiro que emprestou à Rioforte, o que corresponde a 85,75 M€.
- O dinheiro em caixa na empresa é de 29,4 M€, a que se somam 30,865 milhões de ações próprias, hoje avaliadas em 13,46 M€.
- Tudo somado, a empresa valerá 378,46 M€, o que, dividido pelas 896.512.500 ações dá uma cotação de 0,422 €!
Dito isto, meus amigos, a Pharol limitou-se a corrigir um desfasamento grande que existia na sua cotação, relativamente aquilo que é o valor anunciado do seu património!
Por que motivo demorou tanto tempo a fazer essa correção?
São as tais ineficiências do mercado que, muitas vezes, se mantêm por muito tempo e que, de repente, são corrigidas bruscamente em processos que são espoletados, normalmente, por ocorrências de natureza técnica. E é aqui que a análise dos gráficos pode ser particularmente interessante. Como bem disse o João, há duas semanas, a quebra dos 25,6 cêntimos seria um sinal de força muito grande, mas eu acrescento agora que esse sinal levaria muitos a fazer as contas que apresentei acima e a constatar que a probabilidade de corrigir de uma vez um desfasamento tão gritante seria muito elevada!
Incrivelmente, a nossa mente anda perdida em tantas coisas que confesso que, só agora que publico isto, fui fazer as contas que apresento e, por isso, vendi Pharol demasiado cedo e não aproveitei a corridinha por inteiro. Confundiu-me o facto de a cotação da Oi ter ficado praticamente estagnada durante a semana. Se tivesse feito as contas mais cedo, teria sido uma semana estupenda, creio que inclusive para os amigos que nos dão o gosto de frequentarem esta nossa humilde casa! Helás!
Em relação ao futuro, creio que é muito difícil avaliar o que se vai passar, porque é perfeitamente natural que o mercado, que muitas vezes é irracional, passe de um cenário em que a Pharol estava desvalorizada para uma situação de sobrevalorização! Contudo, parece-me que, neste momento, qualquer entrada é perfeitamente especulativa, própria de jogadores de casino e não de quem manobra na bolsa, porque, a menos que a Oi valorize, a cotação da Pharol já está ajustada! Claro está que, atendendo ao fortíssimo volume de negociação dos últimos dias, estamos em crer que assistimos a reforço de posição por parte de fundos que saberão mais do que qualquer um de nós sobre o andamento de negociações nos bastidores e esse facto pode dar conforto a quem é menos capaz de controlar a ganância. Contudo, jamais nos devemos esquecer de que muitos fundos colocam pão na mesa aproveitando-se precisamente dessa maneira de pensar de quem é menos rotinado.
Quanto ao gráfico, vejo uma zona de resistência adiante, mas que se estende até aos 60 cêntimos. O cenário de sobrecompra é absolutamente assustador e é preciso não esquecer que se trata de uma empresa que se encontra numa situação dificílima em que notícias negativas podem sair de um momento para o outro com efeitos catastróficos nas cotações. Mas também podem sair notícias muito boas e os fundos que estão a entrar, na maior parte das vezes, sabem o que estão a fazer - não é por acaso que, no dia em que foi anunciada a falência da Oi, com a Pharol abaixo dos 10 cêntimos, houve fundos a entrarem com posições fortes!
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