25.3.18

Indecisão

A semana que passou foi um autêntico nojo para os longos e nós andamos 4 dias a levar porrada tresloucada por causa da Sonae Indústria e ainda não nos recompusemos e já nos andamos a preparar para apanhar mais. Há algum aspeto positivo que se possa retirar da paspalhada que é perder-se dinheiro para além do tradicional que se foda, está perdido e está, agora vou masé encher o bucho de marisco regado a champanhe fino? Tirando essa injeção de ácido úrico, a boa verdade é que não há e fica-se com uma gosma infernal por não termos à mão uma máquina do tempo que nos reenvie para o domingo passado! Não é coisa que nos tire o sono, nem nada que se pareça, porque já toda a gente sabe que é apenas dinheiro, não é um enfarte nem um AVC ou uma coisa parecida, e o dinheiro vai e há de tornar a vir, mas um gajo tem sempre esta mania de que é possível andar nesta arte sem passar pelo biscate de queimar os dedos e quando os queima não gosta. Como é natural!

Mas eu acho que vocês, que também devem ter as vossas próprias dores de alma, não vieram aqui para ler os meus lamentos, ainda que seja sempre um bom tónico haver um blogue onde se vai e se fica a saber que até o blogueiro apanhou no pêlo pela medida grande e está à toa para descortinar de onde vem a próxima carga do varapau. Neste momento, este que daqui vos fala está um bocado como Buscapé: si correr o bicho pega e si ficar o bicho come! Dito de uma forma que toda a gente entenda: larga a carga e o bicho sobe ou fica com ela e o bicho desce! Tramado não é?!


O problema é que pela parte que me toca não me foram dados os genes para aguentar como Warren Buffett, nem sequer para perder porque fico naquela de que depois sobe e toda a construção teórica que está por detrás desta maneira de operar parte do princípio de que estamos sempre a tempo de comprar, mas é fácil tornar-se tarde de mais para vender! Depois de anos a observar a opereta, já temos lastro suficiente para saber que os grandes biscates começam como pequenas chatices, em alturas em que poucos acreditam que a coisa azede. 

Neste momento, curiosamente, até já há uma dose significativa de pessimismo no ar, com o início do ciclo de subidas de taxas de juro nos EU, com a guerra comercial (lógica) iniciada por Trump, com os movimentos muito feios nos mercados na semana passada (que levaram ao preenchimento dos três critérios da teoria de Dow de um selloff) e até cá na paróquia parece que há quem se tenha apercebido de que pode vir aí uma crise que dê hipóteses ao PSD nas legislativas de 2019 (teoria da conspiração? Olhem que não! As crises mudam tudo e todas começam na bolsa de Nova Iorque).

O que esperar da próxima semana?

Não vale a pena olhar para mais nada a não ser para o S&P500, onde o momento é, parece-me, de grandes decisões. Na segunda-feira, se cai, fecha abaixo do mínimo anterior e abaixo da média móvel de 200 dias pela primeira vez em quase 2 anos, o que se junta à confirmação da quebra do canal ascendente que se deu na sexta-feira. A avaliar pelo movimento fortíssimo de queda principalmente nas duas últimas sessões, há muita gente convencida de que o selloff da teoria de Dow é para efetivar e se isso acontecer, podemos mesmo vir a mergulhar em território de bear market com uma queda desde máximos superior a 20% indo aterrar na nossa linha amarela. Não é pessimismo nem futurismo, ismos acerca dos quais pouco percebemos, mas apenas um cenário que temos que ter em cima da mesa se não queremos ser mandados borda fora como acaba por acontecer com a maioria.

Há, por outro lado, a hipótese de, estando o mercado sobrevendido, poder encontrar suporte na SMA200 e estabelecer um esboço de duplo fundo. Um movimento interessante na segunda-feira seria uma descida intradiária até à zona dos 2530 pontos, mínimo relativo anterior, onde se encontra a projeção daquele mini duplo topo, com ressalto subsequente, vindo fechar positivo. Se isso acontecesse, poderíamos ter uma inversão de tendência no curto prazo, mas ainda estaríamos longe de estar a salvo de males maiores.



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