2.3.18

O apagão (parte 4)

É evidente que sem lume tivemos todos que nos habituar a comer sushi e bodegas assim, quem diria que a especialidade japona ia atingir tal preponderância na cozinha mundial, mas também surgiram novas iguarias de carne mesmo muito mal passada ou salgada e insetos e mais coisas que, à primeira vista, nos causavam uma gosma bestial, mas visto a larica apertar, passaram a marchar como se fossem petiscos de chef premiado e excessivamente caro. E para aqueles que pensam que se podiam continuar a fazer ótimos assados em fornos elétricos, que não requerem lume, tenho uma informação em primeira mão: eles não funcionam se não tiverem luz elétrica! É uma lei da física, ou assim, e é por isso que são elétricos. Daaaahhh! 

E já que estamos na cozinha, também não sei se conseguem imaginar o que é viver sem frigorífico. Bem, tenho a certeza de que não conseguem, porque a verdade é que o frigorífico é uma daquelas coisas que está lá desde sempre a fazer fresquinho, mas digo-vos que se ele calha de vos falhar, podem ter a certeza de que a vossa vida leva uma reviravolta das grandes. Sem frigorífico garanto-vos que a vitela se estraga num abrir e fechar de olhos e o leite, e os iogurtes, e assim. Claro que estou para aqui com esta lamechice toda, mas a verdade é que para nós isso agora já não interessa absolutamente nada, porque desde que se foi a luz e já não veio, nunca mais tivemos iogurtes, nem coisas do género, tipo coca-cola, bollycaos ou batatas fritas de pacote porque, não sei se sabiam, mas as máquinas que faziam coisas assim tão boas eram elétricas, as filhas da mãe, e agora já não funcionam e estão todas a enferrujar e nós daqui a pouco nem vacas temos, quanto mais leite de vaca ou iogurtes. De modo que, calculais bem, o frigorífico pode perfeitamente ser lançado janela fora ou desmontado para fazer brinquedos porque a verdade é que já nem temos o que pôr lá dentro.

To be continued...

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